Construmóbil  desperta o Vale para economia colaborativa

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Construmóbil desperta o Vale para economia colaborativa

Tema da feira deste ano, conceito ganha adeptos entre empresas e profissionais

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Construmóbil  desperta o Vale para economia colaborativa
Vale do Taquari

A feira da Construção Civil, Mobiliário e Decoração do Vale do Taquari traz para a região o debate de como a colaboração está mudando as relações de consumo. Tendência nos grandes centros urbanos e tecnológicos, a economia compartilhada será o tema da 8ª Construmóbil, que ocorre entre os dias 26 de setembro e 1º de outubro.

Presidente da feira deste ano, Marcos Mallman afirma que o tema é desafiador por se tratar de um conceito recente e ainda em construção. Segundo ele, a intenção é instigar as empresas a repensarem seus modelos de negócio e com isso evoluir ao lado de seus clientes.

“É um modelo que está mudando. Grandes corporações cresceram e outras desapareceram graças a essa tendência”, afirma. Para o publicitário e integrante da comissão organizadora da Construmóbil, Márcio Alessio, o avanço da economia compartilhada está diretamente ligado ao crescimento das redes sociais.

De acordo com Alessio, as plataformas digitais aproximaram as pessoas, permitindo algumas situações comerciais baseadas em trocas e eliminando a figura do intermediário. Segundo ele, os principais exemplos são os aplicativos como o Uber e o AirBnb.

“Partem do conceito de que as pessoas não precisam adquirir o produto, e sim usufruir dele”, explica. No caso do AirBnb, é possível oferecer a própria casa para hospedagens por tempos pré-determinados.

O sistema é vantajoso para o proprietário, que recebe dinheiro durante um período em que a propriedade está ociosa. O cliente tem acesso a uma hospedagem mais acessível e a empresa garante o pagamento, lucra com a intermediação do negócio e assegura que a casa será devolvida nas mesmas condições em que foi alugada.

Espaço de trabalho compartilhado

O conceito de economia colaborativa foi determinante para a abertura da Oficina 670 Coworking. Localizado no Genes Shopping, em Lajeado, o local funciona como um escritório compartilhado, onde profissionais podem alugar o espaço para trabalhar, trocar ideias e fortalecer as redes de contatos.

A ideia foi criada pelo arquiteto Marcos Nesello e o advogado Tiago Neselo. Tio e sobrinho, os dois perceberam uma demanda reprimida por esse tipo de ambiente na região. “Existiam grupos de profissionais que dividiam residências comerciais, mas barravam em quem tomaria conta do imóvel”, afirma Marcos.

Segundo ele, o conceito do coworking é oferecer o espaço compartilhado para usar na hora que o profissional quiser, e pagando apenas pelo tempo de uso. O espaço fica montado permanentemente e a manutenção fica por conta dos proprietários, assim como os custos com luz, água, IPTU, condomínio e demais encargos.

“Tudo isso está concentrado em um valor-hora tabelado”, afirma. Ao todo, a empresa oferece 30 mesas de trabalho, duas salas de reunião, um auditório, além de cozinha e áreas de convivência comuns.

Além da comodidade e economia da proposta, Marcos salienta o beneficio da convivência entre os diferentes profissionais. “Nosso objetivo é conseguir impulsionar esse contato entre as pessoas e promovemos eventos para integrar nossos coworkers”, ressalta Tiago.

Uma vez por mês a empresa realiza uma sessão com vídeos de palestras do TED e depois promove um debate sobre o tema da película. “A ideia é que esse networking aconteça efetivamente. O custo-benefício do relacionamento e financeiro é muito mais atrativo do que no trabalho isolado.”

Sócio de um estúdio de design, Vagner Zarpellon, 32, transferiu a sede da empresa para o Estúdio 670 logo que o Cowoking foi aberto, em abril de 2016. “Foi uma coincidência, pois o proprietário da sala que alugávamos vendeu o imóvel e tivemos que nos mudar.”

Ao avaliar os custos e os benefícios da iniciativa, Zarpellon percebeu as vantagens do espaço compartilhado. “Além da vantagem em custos, aqui temos publicitários, programadores, advogados e outros profissionais ligados a nossa área e que acabamos nos relacionando.”

Mais do que contatos profissionais, Zarpellon ainda fez novas amizades com os quais compartilha atividades fora do ambiente de trabalho.

Profissional de mídias sociais, André de Azevedo, 20, foi para o estúdio acompanhado dos colegas de empresa. Para ele, a rede de relacionamentos é o principal benefício da proposta. “O espaço de coworking é muito novo, assim como são as redes sociais, e esse contato com os profissionais gera novas ideias e até clientes para nossas empresas.”

Iniciativas locais

Outro exemplo em que a economia compartilhada ocorre na prática é o Arte na Praça. Criado em 2014, o evento reúne músicos, artesãos, pintores, fotógrafos, atores e poetas em um espaço de convivência comum em praças de Lajeado.

A intenção do evento, que tem como cenário principal a Praça João Zart Sobrinho, é promover cultura, lazer, sustentabilidade e a interação entre as pessoas. O espaço é livre para exposição e comercialização de produtos artesanais, antiguidades e brechós, sem a necessidade de inscrição ou burocracia.

Coordenador do Arte na Praça, André Luiz Schossler afirma que o evento visa ocupar o espaço público permitindo a troca de ideias e conhecimento e ao mesmo tempo incentivar o consumo sustentável.

“É nesse espaço rico em elementos da natureza, compartilhado entre os expositores e o público, que ocorre toda essa troca”, afirma. Segundo ele, foi a colaboração entre pessoas que criou o Arte na Praça e o conceito está fortemente presente no evento.

De acordo com Marcos Mallmann, a economia compartilhada faz parte das origens da região, principalmente na área rural. “Antigamente uma família produzia milho, a outra carne, e elas se trocavam para suprir as necessidades uma da outra.”

Outro exemplo são as empresas que se juntam em redes associativas. Dono de uma loja de material de construção, Mallmann integra ações de troca de informações, compras coletivas e treinamentos compartilhados com outras firmas da rede AgaEletro.

“Ao invés de cada uma fazer um contrato individual, contratamos juntos e dividimos os custos”, aponta. Segundo Mallmann, esta forma de economia faz parte da história da região, principalmente no interior, onde as familias trocavam produtos entre si, atendendo às necessidades de cada uma.

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