O Leite Azedou

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O Leite Azedou

Desde 2013, 25 mil produtores desistirem da atividade. Entidades, indústrias e agricultores traçam estratégias para recuperar a credibilidade e retomar o equilíbrio. No Vale do Taquari, atividade abrange sete mil produtores. Setor movimenta R$ 325 milhões por ano, que se multiplicam em R$ 1,8 bilhão.

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O Leite Azedou
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Milhares de agricultores desistiriram de trabalhar com produção de leite. Entre as principais causas, estão as fraudes, dívidas e falência de indústrias. Também o custo elevado de produção, a oscilação do preço e a redução das vendas.

O setor lácteo vive a terceira e pior crise da história. Segundo estimativa da Fetag, desde 2013, 25 mil famílias abandonaram a produção de leite em todo estado. Entidades, indústria e produtores traçam estratégias para recuperar a credibilidade e retomar o equilíbrio a fim de evitar um caos social no meio rural.

Carlos Joel da Silva, presidente da Fetag, enumera o custo elevado, as fraudes e as restrições impostas por empresas e cooperativas como principais motivos para as famílias diminuirem ou até migrarem para outras atividades, como gado de corte. Com menor oferta de matéria-prima, o preço pago registrou aumento. “Ajudou a segurar alguns produtores, mas é um fenômeno passageiro.”

Enquanto o produtor ganha entre R$ 0,90 e R$ 1,60 por litro, o consumidor paga R$ 4 no mercado. “Esse valor retrai o consumo e quem perde é o agricultor, pois tem gente que ganha na crise e também nos momentos bons. Isso precisa mudar.”

Em propriedades de alta tecnologia, a rentabilidade caiu de 7,9% no país em 2014 para 1,7% ano passado. No de baixa tecnologia, o prejuízo foi maior, de 7,6% em 2015, conforme pesquisa da Scot Consultoria. A Farsul aponta um aumento nos custos de 3% e de 16% nas receitas no ano. Mesmo assim, os pecuaristas trabalham no vermelho. Na média do ano, a perda é de R$ 0,11 por litro, levando em conta o custo operacional total, que inclui todos os desembolsos mais depreciações.

Silva critica a inexistência de políticas públicas, as importações e a falta de um estoque regulador por parte do governo. A entidade discorda do preço e dos padrões definidos pelo Conseleite. Usar três níveis – abaixo – dentro e acima do padrão – desqualifica o produto, passa uma imagem pejorativa, aponta. “Quem produz dez litros ou mil por dia precisa ser remunerado de acordo com a qualidade. Hoje pagam por quantidade. Esse equívoco precisa ser corrigido.”

O sindicalista entende ser necessário melhorar a assistência técnica e oferecer ao produtor um planejamento em que se priorize o aumento de escala, a qualificação das etapas e melhore gradativamente a rentabilidade. “Nossa juventude só ficará se houver garantia de renda e tenha condições de diversificar.”

Presidente do sistema Ocergs/Sescoop, Vergilio Perius afirma que as cooperativas absorveram parte dos produtores ligados à empresas que decretaram falência, cumprindo com seu papel de promover a inclusão social. “O leite é a âncora do desenvolvimento da agricultura familiar do estado. Se terminar o leite, termina tudo”, observa.

À frente das operações Leite Compen$ado iniciadas em maio de 2013, o promotor Mauro Rockenbach é categórico. “Quem sepulta a cadeia são os fraudadores, agindo contra um setor altamente produtivo e importante. Não inventamos fraude, apenas defendemos os consumidores.”

“Alguns vivem do Bolsa Família”

Em Sério, em três anos, mais de 60 produtores desistiram ou foram excluídos da atividade por não atenderem as exigências mínimas de quantidade, qualidade e infraestrutura. De acordo com o presidente do STR do município, Clério Schuck, o principal motivo foi o calote de uma empresa de Estrela. Na época, quando decretou falência, as dívidas somavam mais de R$ 400 mil com mais de 200 famílias, cuja produção diária variava entre dez e 200 litros. “Alguns vivem do Bolsa Família ou da aposentadoria. Os jovens buscaram emprego na cidade. Todos os dias,,,, dois ônibus lotados saem daqui.”

Alguns foram incorporados por duas cooperativas. No entanto, as exigências fizeram parte migrar para outras culturas como o tabaco, em que toda safra é financiada pela indústria, o mercado é garantido e o preço atrativo, sem exigir muita mão de obra. “Nem todos estão dispostos ou têm condições de investir até R$ 20 mil em resfriador, ampliar o plantel e novas salas de ordenha.”

“Com as condições econômicas da atualidade, mais e mais produtores desistem do setor.”

“Expulsamos um produtor do campo a cada 11 minutos”

Para Paulo Martins, chefe-geral da Embrapa Gado de Leite, está na hora de o Brasil obter uma fotografia atual do presente para iniciar o planejamento do futuro do setor leiteiro. Cita o cooperativismo como um dos meios para viabilizar um planejamento de longo prazo.

Qual a realidade do setor lácteo no país?

Paulo Martins – Apenas 62 municípios no país não produzem leite. E desse universo, apenas duas capitais: Belo Horizonte e São Paulo. Isso nos mostra a magnitude do que representa o leite para o brasileiro. Quando falamos de geração de emprego, o setor se destaca, porque ainda utiliza muita mão de obra, principalmente a familiar. Dados mostram que em 2030 menos de 10% da população permanecerá no campo. Se queremos continuar crescendo, temos que ser competitivos. Para isso, nosso dever de casa é aumentar a eficiência produtiva (produtos e processos), com inovação tecnológica. O mesmo setor que fatura, anualmente, cerca de R$ 80 bilhões, expulsa um produtor do campo a cada 11 minutos.

Qual a importância do censo em andamento na identificação dos gargalos de cada região, bem como de suas soluções?

Martins – O conhecimento mexe com duas coisas: razão e emoção. Ninguém gosta daquilo que não conhece. Além disso, ninguém está disposto a lutar racionalmente, investindo em um setor sem conhecê-lo. O que a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e a Embrapa pretendem é exatamente isso: conhecer o setor. Ter essa percepção é muito importante. Somos testemunhas do quanto essa cadeia passou por melhorias, depois que realizamos o primeiro censo. E, a partir desse, veremos isso novamente. São as próprias cooperativas que nos dirão o caminho que elas querem seguir. Tem um Brasil antigo que precisamos estudar e um Brasil novo que pode nos ensinar muito.

Qual o papel da pesquisa agropecuária no sentido de encontrar alternativas para reduzir o custo de produção do leite?

Martins – Com as condições econômicas da atualidade, mais e mais produtores desistem do setor. E isso é algo cruel, pois boa parte deles veio de outras atividades e encontrou no leite, pelo menos temporariamente, o seu lugar seguro. É o caso da Região Sul. Muitos vieram de culturas como a soja, tabaco, milho ou aves. Defendemos um planejamento estratégico. Os problemas de hoje têm de ter soluções iniciadas lá atrás. O que vivemos agora é uma questão de mercado difícil de ser resolvida. Quem poderia imaginar que o preço do milho pudesse subir tanto? Além disso, o custo da mão de obra cada vez mais cara. Os juros também impactam bastante. Para se ter uma ideia, no ano passado, a Embrapa fez um levantamento do custo de produção. Cresceu 18%. Muito acima da inflação que chegou a 10%. Por isso, é preciso pensar no futuro agora.

Aumento do consumo

O brasileiro consome, em média, 178 litros de leite por ano. Mas a Organização Mundial da Saúde recomenda 220 litros por pessoa ao ano. “Se tivermos condições de aumentar a média no consumo, parte dos problemas enfrentados hoje acabaria”, pontua o presidente do Sindilat, Alexandre Guerra.

Descompasso entre a oferta e o consumo no país também é apontado como fator para a crise. Entre 2010 e 2013, a produção de leite gaúcha cresceu mais do que o dobro da brasileira. O salto foi de 24%, uma média de 8% ao ano – quatro vezes mais do que o aumento anual do consumo per capita.

Quanto ao aumento, diz haver uma série de custos embutidos no leite UHT – testes de laboratório, beneficiamento, impostos, embalagem e transporte até o mercado. “Em torno de 60% do leite produzido aqui é levado para outros estados. O custo logístico se elevou e precisamos repassar. Os demais derivados nem foram reajustados.”

Defende a união de todos os elos da cadeia, com foco na ética, transparência e rastreabilidade para recuperar a imagem e tentar abrir novos mercados. O secretário estadual de Agricultura e Pecuária, Ernani Polo, confirma a calamidade da situação da cadeia leiteira e afirma que é preciso buscar políticas para auxiliar na inclusão dos produtores que hoje não atendem as normas de sanidade e qualidade.

Destaca o trabalho para conseguir habilitar novas plantas lácteas ao Sisbi, fundamental para vender os produtos a outros estados e abrir novos mercados. A falência de mais de dez empresas e o acúmulo de dívidas com produtores preocupam.

Faltou orientação técnica

O produtor Jarbas Greiner, 27, da Estância Schmidt, em Boqueirão do Leão, desistiu da produção leiteira há cinco meses. Voltou a cultivar fumo, 150 mil pés neste ciclo. Com 30 vacas, a média mensal entregue à indústria chegava a nove mil litros.

Desanimou pela falta de orientação técnica, alternância no preço, elevados investimentos em genética e infraestrutura. Nos próximos três anos, precisaria aplicar até R$ 100 mil para alcançar os parâmetros de qualidade exigidos pela indústria. “Se a atividade leiteira fosse tão organizada quanto à fumicultura, seria viável continuar. Infelizmente não é.”

Enquanto o valor pago por litro era de R$ 0,85, o custo do quilo da ração chegava a R$ 1,05. Parte do plantel foi vendida a outros produtores e o restante, abatido. O resfriador e a ordenhadeira estão guardados no galpão à espera de compradores. Agora, com o lucro da safra de fumo, pretende quitar as dívidas acumuladas pela atividade leiteira.

Lamenta a falta de políticas públicas para incentivar a diversificação das lavouras, hoje dependentes quase exclusivamente do tabaco. “Sem técnicos, linhas de crédito acessíveis, preço justo, remuneração pela qualidade e pelos investimentos em infraestrutura, nunca conseguiremos investir no leite ou qualquer outra atividade.”

A família Fell, de Teutônia, colocou à venda 58 vacas. Migra para a produção de suínos

A família Fell, de Teutônia, colocou à venda 58 vacas. Migra para a produção de suínos

Rebanho colocado à venda

Após 30 anos, a família Fell, de Teutônia, viu a atividade se tornar inviável. Darci, a mulher, o filho e a nora querem se dedicar à criação de suínos, mantida no sistema de integração.

O plantel chega a 5,7 mil animais. Outros dois prédios serão construídos, cujo investimento chega a R$ 900 mil. O número de suínos alojados passará a 11 mil. “O lucro na suinocultura é de 80%. Com as vacas é de apenas 10%”, calcula Darci.

Em junho, o rebanho de 58 animais, com média de diária de produção de mil litros, foi colocado à venda. Cada exemplar custa R$ 4,5 mil. Restam 20 vacas. Para manter a atividade, a família necessitaria contratar funcionários, no entanto, o rigor das leis trabalhistas fez Fell desistir da ideia. “No leite, trabalhamos sem folgas. Com os suínos isso será possível, sem precisar contratar ninguém, com um lucro bem maior.”

Embora o preço do litro de leite esteja cotado a R$ 1,60, os custos duplicaram nos últimos meses. Invés de tratar silagem aos animais (40 quilos por animal ao dia), passou a vender o insumo por R$ 250 a tonelada. “Agora pago as despesas com a cultura. Antes tinha prejuízo.”

Fell lamenta a decisão, no entanto, diz que é preciso viabilizar financeiramente a permanência do filho na propriedade. “Com o leite isso era difícil.”

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“Para atender as normas da nova empresa, seria necessário aplicar R$ 20 mil. É muito dinheiro e trabalho para tão pouco lucro.”

Após o calote, a desistência

Há dois anos, Darci Weber, 52, de Alto Honorato, em Progresso, abandonou a produção leiteira após um calote da empresa para a qual vendia em média 1,6 mil litros por mês. “Até hoje me devem R$ 4 mil.”

Para se manter no meio rural, a alternativa foi retomar o cultivo de tabaco com ajuda da mulher e de uma das filhas. A maioria das oito vacas foi vendida. O leite produzido hoje é para consumo da família e o excedente é transformado em queijo colonial.

A 20 quilômetros do centro, em uma localidade de difícil acesso, poucos transportadores demonstram interesse em fazer a rota. O preço baixo, na época R$ 0,75 por litro, a falta de sucessores e a exigência de constantes investimentos em infraestrutura também desmotivaram Weber. “Para atender as normas da nova empresa, seria necessário aplicar R$ 20 mil. É muito dinheiro e trabalho para tão pouco lucro.”

Cita a saída da maioria dos jovens para os centros urbanos em busca de melhores empregos. “Para nós resta plantar fumo. Tem mercado garantido, assistência técnica, preço está bom e exige menos trabalho.” No último ciclo, foram plantados 36 mil pés. A rentabilidade chegou a R$ 155 por arroba.

Gado de corte substitui as vacas

O casal João, 52, e Flávia Swirtes, 50, de Estrela (foto pág. 9), está desestimulado depois de 28 anos ininterruptos na atividade. Após um calote, cuja dívida de R$ 10 mil começa a ser paga em dez anos, decidiram abandonar a lida. “Nunca tivemos férias, folga ou conseguimos viajar juntos. Chega deste trabalho sofrido, sem valorização”, comenta Flávia.

Com 40 vacas em lactação, comercializam 600 litros de leite por dia. Em um curto espaço de tempo, venderão os animais e iniciarão a criação de gado de corte, da raça angus. “Já começamos a inseminar as vacas.”

Outro problema é a falta de sucessores. Os filhos não pretendem ficar ou retornar à propriedade. “O mais jovem de 11 anos nem se interessa e eu incentivo ele a estudar, tentar um emprego melhor na cidade”, diz Flávia.

A área onde antes era cultivado milho para silagem aos poucos se transforma em pastagem para servir de alimento ao gado.

Casal Rohoose pretende desistir pela falta de rentabilidade e problemas de saúde. Filho se dedicará à engorda de suínos

Casal Rohoose pretende desistir pela falta de rentabilidade e problemas de saúde. Filho se dedicará à engorda de suínos

“O preço adiou os planos de parar”

Idade avançada, problemas de saúde, falta de mão de obra e as fraudes desestimulam o casal Rudi Walter, 65, e Susana Rohoose, 59, de Travesseiro. Após 45 anos dedicados à atividade leiteira, cogitam parar em breve. “O preço adiou a nossos planos, mas isso será inevitável”, comenta Rudi.

Ambos se queixam da extensa jornada de trabalho, que inicia às 6h e segue até as 20h. “Estamos cansados, nunca sobra nada e cada dia tem mais exigências. Não temos fim de semana nem feriado”, reclama Rudi, enquanto a mulher recolhe a silagem para alimentar o rebanho de 16 vacas leiteiras.

Segundo ela, se não fosse a ajuda do filho Luís, 40, teriam vendido todos os animais logo depois da aposentadoria. Para melhorar o rendimento mensal, Rudi conversa com Luís para ampliar a produção de suínos, cujo plantel chega a 700 animais no sistema de terminação. “É menos trabalhoso. Todo processo é automatizado e uma pessoa dá conta de tudo. A cada 110 dias, a renda chega a R$ 17,5 mil.”

Na comunidade onde moram, em torno de 30 famílias ainda se dedicam à atividade, com produção média de 150 litros por dia. Em dez anos, projetam uma queda de 90% no número de produtores, pelo êxodo dos jovens. “Me preocupo com quem produzirá os alimentos necessários à sobrevivência”, expõe Rudi.

“Favorece a migração para áreas urbanas, gera uma disputa por vagas de emprego, cada vez mais escassas. Diminui a renda e aumenta a desigualdade.”

“Favorece a migração para áreas urbanas, gera uma disputa por vagas de emprego, cada vez mais escassas. Diminui a renda e aumenta a desigualdade.”

Vale dos Lácteos está comprometido

Embora o Vale do Taquari seja responsável por apenas 8% da oferta estadual, o leite é considerado o produto mais importante dentro da economia e do aspecto social das propriedades. Abrange em torno de sete mil produtores. Em 2014, a região era a terceira maior bacia leiteira do estado.

Conquistou espaço e reconhecimento como a implantação do Projeto Vale dos Lácteos, sendo destaque em sanidade, produtividade e gestão das atividades para todo país. No entanto, as fraudes, que colocaram em xeque a qualidade do leite comercializado, a alta nos custos e o preço baixo, aliados à falta de sucessores, fazem centenas de famílias desistirem da atividade.

A situação preocupa a presidente do Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari (Codevat), Cíntia Agostini. “Favorece a migração para áreas urbanas, gera uma disputa por vagas de emprego, cada vez mais escassas. Diminui a renda e aumenta a desigualdade.”

Conforme Cíntia, a população do Vale aumentou na última década mais do que a média do estado, fruto de uma migração interna. As pessoas saem do meio rural, dos pequenos municípios rurais e migram para cidades com características industriais. A lógica econômica tende a concentrar e centralizar, ou seja, menos produtores com maior produtividade e concentrados em alguns locais, destaca. “Nosso papel é atender esses quesitos, mas evitar que os pequenos sejam extintos. Os modelos associativos auxiliam na manutenção da atividade e evitam a saída para as cidades.”

Com relação às fraudes, Cíntia defende qualificar a fiscalização e punir quem atuar de forma incompatível com a legislação.

Segundo a líder, o Vale do Taquari aumentou em 200% a produção nos últimos 20 anos. Em 2014, a atividade movimentou R$ 350 milhões, sem considerar a industrialização, distribuição e consumidor final.

A terceira crise da história

De acordo com a Fetag, a primeira ocorreu nas décadas de 1970 e 1980, quando a Cooperativa Rio-Grandense de Laticínios e Correlatos (Corlac), que mantinha fábricas em vários pontos do estado, decretou falência e deixou milhões em dívidas.

Em meados da década de 1990, a Parmalat entrou em decadência. Na época, a Fetag ingressou com uma ação na Justiça para colocar como credores preferenciais os produtores de leite. Até hoje, alguns esperam pela quitação dos atrasados.

A terceira e maior de todos os tempos começou em maio de 2013, quando iniciou a Operação Leite Compen$ado. Neste período, mais de 13 indústrias decretaram falência e 25 mil famílias desistiram da atividade. As dívidas somam mais de R$ 50 milhões somente com produtores.

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