Projeto destina bezerros machos a engorda

Vale do Taquari

Projeto destina bezerros machos a engorda

Em 11 meses, animal chega ao peso de 400 quilos. Técnica foi apresentada ontem

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Projeto destina bezerros machos a engorda
Vale do Taquari

Resolver um antigo problema dos produtores de leite motivou a Nutrifarma a apresentar um programa pioneiro na região, o de engorda de terneiros holandeses, os chamados vitelos.

Em fase experimental desde março na Granja do Colégio Teutônia, com sete animais estabulados, os detalhes do projeto foram repassados aos produtores durante Dia de Campo ontem, cuja programação integra as atividades alusivas ao Fórum Tecnológico do Leite, previsto para setembro.

Conforme o gerente técnico comercial da empresa, Vilson Mayer, na maioria das vezes, os terneiros machos são mortos, doados ou vendidos pelo valor do sêmen. Estima que apenas 50% dos nascimentos registrados em propriedades leiteiras sejam de fêmeas.“Sugerimos transformar este desperdício em uma nova alternativa de renda ao produtor.”

O programa foi implantado em 2014, em Santa Catarina, por meio de parceria com cooperativas. Hoje, assim como ocorre na criação de suínos, foi criado um sistema de integração para engorda desses animais, dividido em dois ciclos.

Na primeira etapa, o bezerro fica alojado na propriedade até a desmana, em torno de 60 dias. Após, é encaminhado para o terminador. A alimentação é feita à base de milho, concentrado e feno. Uma das cooperativas tem mil bezerros no sistema de engorda. No RS, o projeto será adotado pela Cotrirosa, de Santa Rosa, e Cotrimaio, de Três de Maio.

Em 11 meses, quando é encaminhado para o abate, atinge o peso médio de 400 quilos. Considerado o preço de R$ 150 por arroba (15 quilos), o volume de capital gerado chegaria a R$ 4 mil. A carne é considerada nobre, com venda garantida em supermercados, restaurantes e hotéis, além da possibilidade de destinação ao mercado internacional.

Em termos nutricionais, ela é considerada branca, ou seja, de baixo teor de colesterol, macia e de excelente sabor. “Não queremos competir com as raças de corte. Apenas contribuir para aumentar a oferta de proteína animal e ajudar a diversificar a economia do produtor.” Felipe Rigoni, de Anta Gorda, aprovou a iniciativa. A cada 30 nascimentos, 18 são terneiros, vendidos após a desmama por R$ 10 o quilo. “O ideal seria ter um modelo integrado de engorda, onde todo rebanho pudesse ficar alojado em uma única propriedade.”

Oferta maior

Segundo dados da Embrapa, em 2011, foram ordenhadas 23,5 milhões de vacas no país. Considerando-se que 50% das crias dessas vacas são machos, com taxa de sobrevivência de 90%, estima-se que cerca de dez milhões de bezerros de origem leiteira estariam disponíveis para a produção de carne durante o ano.

Em torno de 40% da carne produzida na Inglaterra provém de bezerros holandeses e mestiços. Essa prática é utilizada faz mais de 30 anos nos Estados Unidos e países europeus.

Rigor na sanidade

Os técnicos da Emater abordaram temas como nutrição e técnicas para aumentar a qualidade do leite produzido nas estações montadas na granja. O produtor Astor Bald, 44, de Forquetinha, esteve acompanhado da filha Andrieli, 16, e do genro Edson Wollmuth, 18.

Com um plantel de 48 vacas, cuja produção diária alcança 900 litros, foi em busca de conhecimento para ampliar os cuidados na hora de produzir. “O leite é um alimento. Nunca tivemos problemas, pois cuidamos ao extremo de cada detalhe para oferecer uma matéria-prima de boa qualidade.”

Além da atividade leiteira, o filho Anderson, 22, iniciou o cultivo de árvores frutíferas para posterior beneficiamento em uma agroindústria, a ser construída até 2019.

Em torno de 200 produtores de leite dos vales do Taquari e Caí participaram das palestras. A maioria integra a Chamada Pública do Leite, da Emater.

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