Vale tem 60% das propriedades com possibilidade de sucessão

Vale do Taquari

Vale tem 60% das propriedades com possibilidade de sucessão

Colinas sedia neste sábado encontro regional de jovens rurais

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Vale tem 60% das propriedades com possibilidade de sucessão
Vale do Taquari

O empreendedorismo no campo move os quatro integrantes da família Stein, em Estrela. Do grupo famíliar, apenas a mãe, Ilaine, 54, não trabalha na lavoura. O serviço fica sob responsabilidade do patriarca Lauro, 58, e dos filhos, Paulo, 33, e Carlos, 28.

Começaram a investir na produção leiteira e suinocultura de forma independente faz 13 anos. “Antes a gente morava com o meu pai, mas tudo era limitado, do jeito dele. Depois que compramos aqui, a realidade mudou e conseguimos investir mais”, conta Lauro.

Diferente do convencional, em que os filhos já nascem e herdam as terras, Paulo e Carlos participaram da construção da propriedade desde o começo. Quando adquiriram os 29 hectares em Linha Lenz, compartilharam e até sugeriram como seria o “recomeço” dos trabalhos. “A gente morava com o vô e ele não era muito de inovar. Com terras próprias, isso mudou e tivemos espaço para opinar”, reforça Carlos.

Lauro e Ilaine incentivam os filhos desde pequenos, tanto que emanciparam os dois para adquirir financiamentos bancários, a fim de comprar mais áreas e construir pavilhões para suínos e gado leiteiro. A participação assídua nos negócios faz a família integrar o quadro de 60% das propriedades do Vale do Taquari com sucessão garantida.

Conforme estimativa da Fetag, a região tem quase 26,5 mil famílias agricultoras que atuam, especialmente, com criação de aves e suínos, produção de leite e agroindústrias. “Eles são nossos parceiros”, diz o pai. “Todas as decisões são tomadas ou no café da manhã ou no jantar. Ninguém decide nada sozinho”, acrescenta a mãe.

Hoje a família administra três galpões no programa terminação com capacidade para 2,4 mil suínos e um plantel com cerca de cem animais, sendo 47 vacas em lactação e uma produção de 1,1 mil litros de leite diários.

Na avaliação do professor Lucildo Ahlert, consultor especialista em Gestão Empresarial, é fundamental os pais terem uma visão de futuro e quererem dividir o poder de decisão gradativamente. “Pais e filhos, juntos, é sinônimo de sucesso e perpetuação da agricultura familiar.”

Frisa a necessidade de os pais remunerarem os filhos por meio da participação de resultados. Dar-lhe salário fixo o torna empregado e estimula a enxergar a atividade com futuro promissor. Ele precisa se sentir parte do negócio, ressalta.

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Entendimento entre gerações

Segundo a coordenadora regional dos Jovens Rurais do Vale do Taquari, Lisane Messer Dummel, de Teutônia, esse é o principal empecilho que dificulta a sucessão nas propriedades. “Os filhos precisam participar mais do que no trabalho físico, devem auxiliar na gerência. Alguns pais ainda resistem em dividir o poder e acabam sem sucessores.”

Além disso, a falta de políticas públicas específicas para a agricultura familiar e ausência de garantia de renda estimulam os jovens a migrar para as cidades. Esses serão alguns temas do Encontro Regional da Sucessão Rural, que ocorre neste sábado, na Linha Ano Bom, em Colinas.

Diálogo e foco em gestão

Após cinco anos empregada na cidade, Lisane voltou para administrar a produção leiteira ao lado dos pais e do irmão, Dalles, de 20 anos. Além de reforçar a mão de obra, o retorno possibilitou novos investimentos em infraestrutura, como a sala de ordenha.

Com um plantel de 48 vacas, a produção diária chega a 700 litros. Por mês, cada um recebe 3,5% do lucro obtido. “Aqui somos donos do negócio, a renda é boa, trabalhamos sem horário e ainda produzimos nosso alimento”, destaca.

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