A pirâmide etária do país começa a inverter. Nas próximas décadas, a população 60+ será maioria na comparação com jovens adultos dos 15 aos 24 anos. Essa estatística indica a necessidade de requalificar profissionais que hoje estão no mercado de trabalho.
Como as famílias têm cada vez menos filhos, a perspectiva é que faltarão profissionais em um futuro próximo. “A geração que chegará ao mercado de trabalho não vai ser suficiente para ocupar os espaços de quem está em processo de aposentadoria”, destaca o superintendente estadual do Serviço Nacional da Indústria (Sesi-RS), Juliano Colombo.
Para ele, os setores produtivos, os líderes e empresários precisam assumir protagonismo e interferir nos processos, tanto para formação do novo trabalhador quanto para quem já está em atividade.
“Não podemos mais contar apenas com as novas gerações para garantir o desenvolvimento econômico e produtivo da nação. Só com eles não será possível. É preciso incluir mais faixas etárias”, pontua Colombo.
A partir do contexto, a pesquisa RUMO – O Futuro da Mão de Obra – indica que esse é o entendimento de quase 56% das empresas. Esse número se refere aos negócios que promovem parcerias externas com objetivo de oferecer formação aos funcionários.
São instituições voltadas para treinamentos diversos. Com cursos específicos, para atividades base dos negócios, para troca de sistemas, processos e mesmo de desenvolvimento individual.
“Temos a exigência de sermos mais produtivos”, acredita o doutor em Ciências, Ambiente e Desenvolvimento, integrante da Câmara da Indústria e Comércio da região (CIC-VT), Ivandro Rosa.
Para ele, as estratégias a esse cenário de transformação precisam ser iniciadas agora. “Fica claro que, mesmo o trabalhador com 30, 40 ou 50 anos, precisa ser requalificado para um ciclo produtivo maior.”
A partir de 1980 em diante, conforme a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Produto Interno Bruto (PIB) nacional crescia 0,5% só com a entrada de jovens no mercado de trabalho. Esse bônus demográfico acabou entre 2018 e 2021. “Não podemos mais contar com as novas gerações para garantir o desenvolvimento econômico e produtivo da nação”, reforça Colombo.
O projeto RUMO é idealizado pelo Grupo A Hora e conta com o patrocínio de Cascalheira Stone Garden, Colégio Evangélico Alberto Torres, Construtora Diamond, Sicredi, Univates, Rhodoss Implementos Rodoviários, Metalúrgica Hassmann, Dale Carnegie, Tomasi Logística e Construtora Giovanella.
Carência inspira formação
Um exemplo de parceria se formou com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e a Certel. Tendo em vista a necessidade de trabalhadores com conhecimento técnico para atuar em redes de distribuição de energia, a cooperativa de Teutônia doou equipamentos para a montagem de um “laboratório”.
Por meio de uma maquete que imita uma rede de distribuição, os alunos terão a oportunidade de vivenciar episódios como construção, manutenção e trabalhos de prevenção.
O projeto surgiu da necessidade da Certel em qualificar equipes que já estão atuando. Em cima disso, também se abre oportunidade para toda a região. “Essa parceria é a chance de qualificarmos mais pessoas para atuar em empresas e concessionárias de energia”, realça Hibner. Para o diretor do Senai, apesar da região ter uma alta empregabilidade, as empresas enfrentam dificuldades para encontrar trabalhadores com formação técnica.
As aulas do curso de eletrotécnica com uso da maquete começaram no sábado passado. Segundo Hibner, o curso de eletrotécnico foi sugerido pela coordenação do Vale do Taquari para a superintendência estadual do Senai, tendo como base os dados da 1ª edição da pesquisa RUMO.
Série de reportagens
A Hora fez a primeira publicação sobre os resultados da pesquisa RUMO – O Futuro da Mão de Obra – nos dias 7 e 8 de julho. A reportagem detalha o perfil dos entrevistados, a metodologia da pesquisa, e a avaliação de empresários e trabalhadores sobre a importância dos treinamentos.
Na segunda matéria, edição dos dias 13 e 14 de julho, o foco foi o número de cursos feitos e qualidades desenvolvidas nos treinamentos internos nas empresas e o que o trabalhador busca em termos de formações.
Na terceira reportagem da série, publicada em 20 e 21 de julho, o assunto foi os tipos de treinamentos mais sugeridos pelas empresas e quais treinamentos os trabalhadores fizeram nos últimos 12 meses.
No fim de semana passado, 28 e 29 de julho, a temática abordou quais treinamentos são mais procurados pelas empresas e também as habilidades esperadas entre os trabalhadores.