Mais de 63% das empresas contratam treinamento externo

pesquisa rumo

Mais de 63% das empresas contratam treinamento externo

A quarta reportagem da série apresenta habilidades esperadas pelos empregadores. Entre os trabalhadores, apenas 15,6% estão matriculado em alguma formação adicional

Mais de 63% das empresas contratam treinamento externo
Na indústria, mais de 275 trabalhadores não concluíram o Ensino Médio. Para especialistas, são necessários programas tanto para formar jovens quanto para requalificar adultos. (Foto: Filipe Faleiro)
Vale do Taquari
oktober-2024

Requalificação e transparência sobre oportunidades são formas de garantir engajamento e manter trabalhadores. Junto com isso, a mentalidade voltada ao desenvolvimento pessoal está ligada a curiosidade e ambição dentro de alguma organização.

Essas afirmações são aspectos fundamentais para um relacionamento sustentado na confiança entre empresa e funcionário. A partir do diagnóstico RUMO – O Futuro da Mão de Obra, o superintendente do Serviço Social da Indústria (Sesi_RS), Juliano Colombo, destaca a importância de medidas internas voltadas para valorizar pessoas e treinar habilidades.

Neste sentido, atribui ao setor privado mais protagonismo para aplicar em ensino e educação. “Perdemos muito tempo não fazendo uma educação que desse conta desse cenário. Existe um descolamento entre educação e o mundo do trabalho. Não há como as empresas não investirem em capacitação.”

Conforme a pesquisa, 63,7% das empresas da região contratam cursos externos para funcionários da empresa. “As empresas têm que olhar para isso como uma obrigação preponderante para o seu processo. Estamos chegando a um cenário de pleno emprego, e vai faltar gente qualificada”, destaca Juliano.

Dentro do Sesi, um dos projetos é voltado para educação e requalificação de adultos. “O desenvolvimento de habilidades para quem já está trabalhando é essencial. Sabemos que só na indústria temos 275 mil pessoas sem Ensino Médio. Por isso, é uma tarefa tanto pública quanto privada.”

O coordenador do diagnóstico RUMO, o economista e estatístico, Lucildo Ahlert, considera que o entendimento de formações, diplomas e conhecimentos como um pressuposto para bons trabalhos e um salário maior precisa ser revisto. “É um problema crônico no país: a ideia de que o estudo, a qualificação, se limitar ao resultado financeiro. Isso é uma consequência de quando nos melhoramos.”

Na avaliação de Ahlert, as empresas têm uma preocupação de resolver problemas do processo. “É preciso equilibrar as expectativas. Deixar claro ao quadro interno como ele pode evoluir.”

O RUMO – O Futuro da Mão de Obra – é idealizado pelo Grupo A Hora e conta com o patrocínio de Cascalheira Stone Garden, Colégio Evangélico Alberto Torres, Construtora Diamond, Sicredi, Univates, Rhodoss Implementos Rodoviários, Metalúrgica Hassmann, Dale Carnegie, Tomasi Logística e Construtora Giovanella.

Protagonismo com o futuro

Tanto para Juliano Colombo quanto para Lucildo Ahlert, o trabalhador precisa ser mais protagonista do próprio futuro. Isso significa ter um plano para continuar os estudos. Pelos dados da pesquisa, dos 352 trabalhadores ou pessoas que buscam trabalho, apenas 15,6% estão matriculados em algum curso.

“A responsabilidade pela qualificação precisa ser compartilhada. Não é só do empregador oferecer, mas de deixar claro, dialogar e incentivar. No geral, percebo que falta protagonismo do trabalhador na busca por qualificação”, resume Ahlert e acrescenta: “É preciso trabalhar pelo próprio sustento, sem dúvida, mas não deixar de lado os projetos pessoais. Procurar um diferencial de trabalho e de vida. Por vezes, os dois podem estar juntos, em outras não.”

Na avaliação do superintendente do Sesi-RS, a responsabilidade por se desenvolver é sempre do indivíduo. “A saúde é assim, e a nossa educação também está relacionada ao que queremos da vida. Se eu quero crescer, mudar de função, ou até de empresa, é minha responsabilidade buscar esse desenvolvimento.”

Manter as pessoas

Entre os projetos da CIC-VT para os próximos anos está organizar listas de cursos de acordo com as características produtivas de cada cidade da região

A pesquisa foi feita antes da inundação. Apesar disso, mostrar oportunidades, valorizar as pessoas e garantir qualidade de vida são forças para evitar o êxodo dos trabalhadores do Vale do Taquari. “O trauma foi muito grande e a mão de obra mais qualificada da nossa região tem sido procurada por empresas de outras regiões e de outros estados”, diz o presidente da Câmara da Indústria e Comércio (CIC-VT), Angelo Fontana.

Diante disso, a entidade elabora um programa de qualificação para cada microrregião. Esse é um dos planos para os próximos dois anos. A ideia é avaliar as características dos negócios e, junto com as associações comerciais, ofertar cursos específicos de acordo com os potenciais produtivos de cada cidade.

Na avaliação de Fontana, é preciso um esforço conjunto para manter as pessoas e também atrair trabalhadores com qualificação de outras regiões gaúchas e do país.

Série de reportagens

A Hora fez a primeira publicação sobre os resultados da pesquisa RUMO– O Futuro da Mão de Obra – no fim de semana, dias 7 e 8 de julho. A reportagem detalha o perfil dos entrevistados, a metodologia da pesquisa, e a avaliação de empresários e trabalhadores sobre a importância dos treinamentos.

Na segunda matéria, edição dos dias 13 e 14 de julho, o foco foi o número de cursos feitos e qualidades desenvolvidas nos treinamentos internos nas empresas e o que o trabalhador busca em termos de formações.

Na terceira reportagem da série, no fim de semana passado, 20 e 21 de julho, o assunto foi os tipos de treinamentos mais sugeridos pelas empresas e quais treinamentos os trabalhadores fizeram nos últimos 12 meses.

Acompanhe
nossas
redes sociais