Pacientes que anterior a cheia realizavam tratamento psiquiátrico, tendem a ter maiores chances de piora no quadro clínico. A interrupção do tratamento, devido à perda dos medicamentos e a dificuldade de renovação da receita, gera preocupação aos profissionais, afirma o médico psiquiátrico Olivan Moraes, durante entrevista ao programa Frente e Verso, nesta quinta-feira, 16.
A pausa pode fazer com que indivíduos tenham piora no quadro clínico e até desenvolvam novos transtornos, se não retomados a tempo. Moraes ressalta, que manifestações extremas de desesperança são comuns nesse período, e merecedoras de ampla atenção. “Muitos não enxergam com a devida importância, mas pode ser uma descompensação do quadro clínico e naquele momento a continuação do tratamento, não faz mais sentido algum. Ai o paciente entra em estado delicado”, ressalta Moraes.
A exposição a esse nível de estresse pode desenvolver o transtorno de estresse pós-traumático. Distúrbio caracterizado pela dificuldade em se recuperar após vivenciar ou testemunhar um acontecimento assustador. Moraes explica que a reação aguda ao estresse dura 30 dias e que após esse período, é possível analisar, através dos sintomas, aqueles indivíduos que desenvolveram e os que não.
Em relação à forma de comunicação aos atingidos pela cheia, o psiquiatra ressalta que é importante saber ouvir, mas também respeitar o silêncio das vítimas, por se tratar de diferentes formas de luto. Frases como “vai passar”, devem ser evitadas, em razão de serem respostas infundadas e são coisas que não estão no nosso controle.
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