“Aprender nunca é só pelo nosso interesse, é saber que vamos ajudar o próximo”

ABRE ASPAS

“Aprender nunca é só pelo nosso interesse, é saber que vamos ajudar o próximo”

Ana Fabíola Diedrich, 42, é professora de libras na EMEF Léo Joas, em Estrela, e graduada em pedagogia, com especialização em psicopedagogia e intérprete de libras. Leciona para surdos e estudantes com deficiência auditiva

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“Aprender nunca é só pelo nosso interesse, é saber que vamos ajudar o próximo”
acervo pessoal

Como surgiu teu interesse por aprender e ensinar Libras?

Ana Fabíola Diedrich – Meu interesse surgiu quando iniciei o trabalho na educação infantil, em uma Emei de Estrela. Eu trabalhava no berçário, e um dos alunos me chamava atenção. Ele corria, brincava normalmente pela escola, mas estranhei quando vi algumas crianças e outros colegas de profissão tentando se comunicar com muita dificuldade. Até que em certo momento, os outros profissionais me contaram que ele tinha surdez. Aquela situação me tocou muito, comecei a observar mais a rotina dele e senti a necessidade de ajudar, a partir dali, iniciei minha procura por cursos.

Você teve alguma experiência marcante ao ensinar Libras?

Fabíola – Sim. Foi quando um professor pediu para ensiná-lo a língua brasileira de sinais. Eu comecei a participar da aula dele, fui mostrando alguns sinais, e depois de um tempo, percebi que ele já estava lecionando em libras para os alunos com surdez. Fiquei muito emocionada ao me dar conta disso, foi ali que pude presenciar a verdadeira inclusão acontecendo, o interesse do professor em aprender e não simplesmente ter outra pessoa ao seu lado traduzindo para o gestual.

Como você lida com os desafios emocionais que podem surgir ao ensinar Libras?

Fabíola – Em certos momentos é angustiante, percebemos que na maioria das vezes, as pessoas com deficiência auditiva não conseguem se comunicar com os ouvintes. É inevitável não se sentir desconfortável sabendo disso, nos sentimos impotentes em não poder ajudar todo mundo, porém, ter consciência ou até mesmo presenciar essas situações nos dão mais força ainda para continuar nesse caminho.

Que conselhos você daria para alguém interessado em aprender Libras?

Fabíola – Tenha coragem e vá em frente. Pesquisem, sejam curiosos, assistam vídeos, façam cursos. Aprender Libras nunca é só pelo nosso interesse, é saber que vamos ajudar o próximo, e que com isso, vamos criando uma inclusão cada vez maior. Ainda são poucos profissionais na área, então tenham isso em mente, é uma iniciativa por todos.

Como você lida com a responsabilidade de ser uma figura de apoio e orientação para seus alunos surdos?

Fabíola – Realmente é uma responsabilidade muito grande, por isso, tento me aperfeiçoar cada vez mais. Estou sempre em busca de informações novas, estratégias diferentes de ensino, praticando diariamente. Mas também é muito gratificante saber que estou ali ajudando no desenvolvimento deles, saber que eles estão sendo representados e que por muitas vezes, sou a responsável de intermediar a comunicação de um ouvinte com um surdo ou com deficiente auditivo, e é emocionante ver que ele está sendo escutado.

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