Sete meses depois, 54 vítimas e quatro desaparecidos

ENCHENTE DE SETEMBRO DE 2023

Sete meses depois, 54 vítimas e quatro desaparecidos

Corpo de Deiser Cristiane Vidal, desaparecida desde a enchente de setembro de 2023, foi encontrado em janeiro e a identificação da moradora de Roca Sales foi divulgada nesta semana. O DML de Lajeado ainda aguarda identificação de um corpo, apesar de não ser possível confirmar ligação com a tragédia

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Sete meses depois, 54 vítimas e quatro desaparecidos
A enchente iniciou depois de dias de chuva intensa no início de setembro. No dia 4, o Rio Taquari começou a transbordar e, no dia 5, atingiu a cota de mais de 30 metros. (ARQUIVO/A HORA)
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Mais de sete meses depois da tragédia que atingiu o Vale do Taquari entre 4 e 5 de setembro, quatro pessoas ainda estão desaparecidas. A enchente deixou 54 vítimas na região. A última foi identificada pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) nesta semana. A moradora de Roca Sales era Deiser Cristiane Vidal.

Segundo o médico legista do Departamento Médico Legal (DML) de Lajeado, Bruno Lieske, ainda há um corpo não identificado no instituto, e não há familiares para confronto de DNA. O corpo foi encontrado em janeiro, no Rio Taquari, e trata-se de um homem jovem. Ainda não se sabe se há ligação com os desaparecidos na tragédia.

O corpo de Deiser foi encontrado em 6 de janeiro, também no Rio Taquari, em Lajeado. Conforme explica Lieske, pelo estado em que os corpos chegam ao instituto, depois de meses em degradação, a identificação se torna mais difícil. Mas, de acordo com ele, na revisão da identificação da vítima, a última amostra de DNA feita resultou em um perfil compatível com o da moradora de Roca Sales.

“Com o primeiro material analisado, estava saindo um perfil muito ruim, que excluía o vínculo genético. Foi enviado um segundo material que no início também não saía perfil, mas, depois de algumas tentativas, foi possível a identificação”.

Lieske explica que o exame depende da replicação do material recolhido do corpo da vítima, que pode apresentar pouca quantidade de DNA. “É necessário atingir uma quantidade do DNA replicado para que seja possível uma melhor análise”.

Filhos de Deiser, Larah Hennig, de sete meses, e Lincoln Tailãn Hennig, de sete anos, também foram vítimas da enchente em Roca Sales. Os corpos das crianças foram encontrados menos de uma semana depois da água destruir a casa onde moravam com os pais, com os avós paternos e um tio da avó.

Desde novembro de 2023, não havia variação na relação de mortos e desaparecidos resultante da tragédia. Entre os desaparecidos, ainda estão Carlos André Pereira, de Lajeado, Deoclydes José Zilio, de Muçum, Beatriz Maria Pietta, de Muçum, e Alexandre Eduardo Macedo de Assis, de Arroio do Meio.

Sem respostas

Valcenor Leopoldo Fleck, 74, ainda não tem notícias da irmã, Beatriz Maria Pietta, 72. Morador do Paraná, ele veio a Muçum com a família no período e, sete meses depois, diz não ter uma resposta para a tragédia. Outros familiares, como o marido de Beatriz, Alvaro Pietta, 76, e o filho deles, Macximiliano Ricardo Pietta, 46, morreram na enchente.

Ele conta que na semana da cheia, em setembro, identificou o corpo da irmã, com auxílio da esposa e da sobrinha de Beatriz, no IGP de Porto Alegre. A família recebeu a certidão de óbito e sepultou o corpo no velório coletivo que ocorreu em Vespasiano Corrêa.

Algum tempo depois, Fleck recebeu uma ligação do IGP dizendo haver um erro no reconhecimento. Ele diz que o corpo foi retirado sem consentimento da família para nova perícia e exame de DNA, e Beatriz voltou a integrar a lista dos desaparecidos.

De acordo com a assessoria do IGP, o corpo que a família de Beatriz havia identificado passou por exame de DNA e foi reconhecido como outra vítima da enchente. O corpo foi entregue à família, também do Vale do Taquari.

A tragédia

A enchente iniciou depois de dias de chuva intensa no início de setembro. No dia 4, o Rio Taquari começou a transbordar e, no dia 5, atingiu a cota de mais de 30 metros. Roca Sales, Muçum e Encantado foram algumas das cidades mais atingidas. Lajeado, Estrela, Arroio do Meio, Cruzeiro do Sul, entre outros locais, também contabilizaram mortes ou perdas econômicas e estruturais.

Desaparecidos

  • Carlos André Pereira (Lajeado)
  • Deoclydes José Zilio (Muçum)
  • Beatriz Maria Pietta (Muçum)
  • Alexandre Eduardo Macedo de Assis (Arroio do Meio)

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