Após aval da câmara, Lajeadense Vidros prepara construção de sede

ECONOMIA E NEGÓCIOS

Após aval da câmara, Lajeadense Vidros prepara construção de sede

Com prejuízos devido às enchentes do ano passado, empresa transfere parque fabril para terreno no bairro Imigrante. Obra inicia até 10 de abril

Após aval da câmara, Lajeadense Vidros prepara construção de sede
Nova área da Lajeadense Vidros fica às margens da BR-386. Projeção é transferir as linhas de produção e o setor administrativo até o fim do ano. (Foto: Felipe Neitzke)
Lajeado

Os mais de R$ 20 milhões em perdas após duas enchentes históricas fizeram a Lajeadense Vidros sair da rua Bento Rosa. Equipamentos, estoques, máquinas e matéria-prima ficaram inutilizáveis.

Passados seis meses da maior tragédia natural da história gaúcha, hoje a produção está em um pavilhão alugado. Para os próximos anos, a estratégia é transferir o parque fabril para um terreno no bairro Imigrante, nas imediações da BR-386.

O protocolo de intenções com o governo municipal foi assinado no ano passado. “Acreditamos que o empreendedorismo é a força de desenvolvimento da cidade. Atuamos nessa proposta com a Lajeadense Vidros e sempre vamos auxiliar da maneira que pudermos as nossas empresas”, afirma o prefeito Marcelo Caumo.

Indústria na rua Bento Rosa foi atingida pelas duas enchentes do ano passado. A primeira, em setembro, gerou um prejuízo de R$ 20 milhões. (Foto: Filipe Faleiro)

A partir disso, a parceria foi estabelecida e, nesta semana, a câmara de vereadores aprovou o projeto de incentivo. Na prática, isso significa a autorização para a transferência do terreno.

A nova sede ocupará uma área com mais de 30 mil metros quadrados, com um custo total avaliado em mais de R$ 5,56 milhões. O acordo prevê que a empresa pague à vista um terço do valor.

Para o negócio, o município fez uma permuta com o proprietário do terreno. A contrapartida envolve a transferência de três áreas públicas em outras partes da cidade. Como parte do acordo, a indústria compromete-se a quitar o débito em 10 anos, incluindo os tributos correspondentes.

Perspectivas de desenvolvimento

A mudança para uma nova sede representa uma oportunidade de impulsionar o desenvolvimento econômico e social nos bairros próximos à BR-386, acredita Caumo. “Com a duplicação, a perspectiva é que tenhamos a valorização das áreas nas imediações da rodovia. Para as empresas, significa facilidades logísticas e segurança.”

Outro aspecto é a oferta de mão de obra. “Um dos diferenciais de Lajeado é a qualificação das pessoas. E naquela região, temos bairros com características de famílias trabalhadoras. Há um potencial enorme de geração de emprego e renda naqueles bairros. Além do Imigrante, o Bom Pastor, Olarias e Conventos.”

Conforme um dos diretores da empresa, Régis Arenhart, a nova sede começa a ser construída até 10 de abril. “Estamos no projeto de preparação do solo. Será uma fábrica em pré-moldados. Queremos estar lá até o fim do ano”, planeja.

Hoje o trabalho está em dois locais. O administrativo e uma parte da produção na sede atual, na Bento Rosa. Outra linha em pavilhão alugado em Estrela.

Seis meses depois

Hoje a capacidade produtiva da Lajeadense Vidros está em 60%, diz Arenhart. “Temos ainda quatro máquinas muito importantes ainda em manutenção. Uma delas é o forno de têmpera, que só vamos religar na nova sede. Isso representa duas linhas de produção paradas”.

Serviços específicos precisam ser terceirizados, assinala o empresário. “Tudo o que tínhamos de pedidos em atraso conseguimos resolver. Agora, estamos contatando antigos clientes, para retomarmos negócios e contratos”. Hoje a Lajeadense Vidros emprega 100 pessoas.

Diálogo com o governo federal

A Lajeadense Vidros está na lista de 15 grandes indústrias que não tiveram acesso a créditos do governo para recuperação econômica após a inundação. Em 5 de fevereiro, diretores estiveram na comitiva de empresários da região que se reuniu com executivos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

“Não temos expectativa quanto a isso. Estamos abertos ao diálogo, se algo mudar, poderemos acessar os recursos. Mas, no momento, nossa estratégia é agir pelas nossas próprias forças”, afirma o diretor, Régis Arenhart.

Sem novidades quanto a financiamentos específicos para mitigar os prejuízos das enchentes, o grupo aguarda um posicionamento do governo federal. Na última visita à região, o ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência, Paulo Pimenta, conversou com um dos líderes da representação dos empresários.

No âmbito da organização regional, de acordo com o presidente da Associação Comercial e Industrial de Encantado (Aci-E), Angelo Fontana, é importante manter o contato com o governo. “Ele assegurou que as empresas não foram esquecidas e que o grupo técnico dos ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento Econômico trabalham para encontrar uma alternativa.

O modelo apresentado cerca de dois meses após a catástrofe de setembro não agradou as indústrias com faturamento de até R$ 300 milhões. O acesso ao crédito com juros de 1,75% ao mês e carência de um ano e meio foi considerado insuficiente.

As principais solicitações envolvem mais prazos de pagamento de empréstimos já contratados; a criação de novas linhas de crédito com juros mais atrativos, e mais tempo de carência.

Detalhes

  • Após os prejuízos da enchente, a Lajeadense Vidros transferirá parque fabril para o bairro Imigrante.
  • O Legislativo aprovou o projeto do governo de Lajeado para transferência do terreno.
  • A nova sede ocupará área de mais de 30 mil metros quadrados, custo total avaliado em R$ 5,56 milhões.
  • A empresa pagará à vista um terço do valor, o restante em dez anos.
  • A expectativa de geração de emprego e renda nos bairros próximos à BR-386.
  • Construção da nova sede começa até 10 de abril, previsão de conclusão até o fim do ano.

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