Bombeiros lutam contra dificuldades financeiras enquanto buscam manter serviço

REGIÃO ALTA

Bombeiros lutam contra dificuldades financeiras enquanto buscam manter serviço

Corporação atendeu 500 ocorrências só em 2023

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Bombeiros lutam contra dificuldades financeiras enquanto buscam manter serviço
Corporação posa atrás dos novos equipamentos com a dverba de R$ 50 mil (Foto: Bryan Bicca).
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

A Associação Mantenedora do Corpo de Bombeiros da Região Alta do Vale do Taquari (Ambravat) é a entidade responsável por esse trabalho essencial em diversos municípios e foi fundamental durante as enchentes de 2023. Graças a uma atuação ágil, vidas foram salvas. Apesar de exercer um papel necessário no cotidiano de várias cidades, a Ambravat enfrenta dificuldades financeiras. Como o quartel presente desde 2006 no bairro São José em Encantado, a corporação realizou 30 atendimentos no ano passado.

O vereador e presidente da Ambravat, Valdecir Gonzatti, informou que a instituição não visa lucros e todo recurso que entra é investido em cursos e demais necessidades. A entidade possui sete funcionários remunerados. Outros nove militares prestam apoio. Os agentes atendem 12 municípios, sendo dez com convênio. Sete contribuem mensalmente com R$ 0,75 por habitante. “Os bombeiros não existiriam sem a Ambravat e a Ambravat não existiria sem os militares”, disse Gonzatti.

Anta Gorda, Capitão e Vespasiano Corrêa são as cidades que não repassam recursos, mas são contempladas com o serviço — Vespasiano Corrêa está em tratativas. No caso da cidade de Capitão, os recursos mensais que seriam destinados à instituição são de R$ 2,3 mil mensais, e de Anta Gorda, em torno de R$ 5 mil. “A receita do Corpo de Bombeiros Militar gira em torno de R$ 60 mil por mês, somente para pagamento da folha de remuneração desses agentes. Anta Gorda e Capitão vindo nos auxiliar, ajudaria muito”, ressalta Gonzatti.

Segundo o presidente, o trecho da ERS compreendido sob a atuação dos bombeiros fica entre Encantado e Vespasiano Corrêa, que demanda uma atualização de repasse financeiro pela Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), responsável por administrar a rodovia na região, com R$ 15 mil por mês. “Todo acidente que ocorre na ERS-129, os bombeiros são acionados. Muitas vezes, chegam antes da polícia. Porém, esse montante repassado está muito defasado”, garante Gonzatti.

A rotina

A rotina da corporação funciona em escala semanal. A guarnição inicia a sua atuação ao realizar a conferência do material e organizar a agenda do dia. “Podem ocorrer situações pequenas como retirada de abelhas ou participação em alguma festa infantil. Isso faz parte da programação, fora as ocorrências que podem surgir durante o dia”, relata o cabo Bustamante. Ele revela que a guarnição é composta por militares e bombeiros civis e conta geralmente com três ou quatro integrantes em cada escala.

Segundo o soldado, a maioria das ocorrências atendidas sãopedidos de socorro. “O combatea incêndio começa com a prevenção, e essa é uma cultura que a sociedade deve adquirir. Temos uma boa comunicação com a Brigada Militar, Polícia Rodoviária Estadual, SAMU e a EGR, então sempre que é possível adiantar alguma situação estamos de prontidão. Quando há visitas de autoridade no município nos fazemos presentes também”, explica Bustamante.

Com a análise da funcionalidade dos equipamentos e a garantia que está tudo em ordem e pronto para ser utilizado, os bombeiros podem atuar sem se preocupar com a possibilidade de surpresas negativas. Conforme o cabo Ivan, a maioria dos chamamentos são casos de incêndio e acidentes veiculares. “Há muitas ocorrências que marcam, principalmente quando envolve crianças, algumas encarceradas devido a acidente e não é um trabalho rápido, às vezes levamos mais de uma hora para conseguir retirar a vítima”, conta.

Outra situação marcante para o cabo ocorreu em Encantado, quando um caminhoneiro capotou em uma ribanceira, e ficou preso dentro do veículo. “Foram duas horas e meia de trabalho com o desencarcerador para conseguir retirar a vítima dos ferros, sempre tendo os cuidados para que ela tenha condições de ser encaminhada para o hospital. Era em local de difícil acesso e durante a madrugada, então foi uma noite de muito trabalho e bastante complexo”, salienta.

Hierarquia e estrutura

O capitão Stobbe, aponta que o grupo de bombeiros de Encantado fazem parte de um pelotão. “Cada pelotão contém três grupos de bombeiros. O pelotão que abarca Encantado é o de Lajeado, o primeiro da nossa companhia. São dois grupos na sede e um aqui na cidade do Cristo. A companhia está acima do pelotão e formam batalhões”, informa. Em ordem decrescente a hierarquia fica: Batalhão, Companhia, Pelotão e Grupo.

Capitão Stobbe explicou sobre a hierarquia da corporação e sua estrutura (Foto: Bryan Bicca).

“Essa é a estrutura orgânica da nossa instituição. Em termos da estrutura física aqui de Encantado, ela é muito boa no geral. Temos quartéis melhores e piores, isso é comum, mas sempre tem espaço para evoluir. Mas aqui temos comandantes que fazem um grande trabalho. Para nós, as ações realizadas aqui definem toda atuação do grupo como excelente”, salienta o capitão.

Novos equipamentos

Gonzatti destaca que a entidade foi contemplada com o recebimento de R$ 50 mil, verba distribuída pela União de Vereadores do Brasil (UVB) aos municípios de Muçum, Roca Sales e Encantado, que foi repassada para a Ambravat, que utilizou o valor na compra de novos equipamentos. Segundo o soldado De Lima, o material adquirido são destinados às ocorrências envolvendo desencarceramento veicular. “Vai ser de grande auxílio para ocorrências que envolvem altura ou trabalhos noturnos, com a posse de equipamentos com energia e bateria, o que nos dá mais autonomia caso alguma demanda nos exija mais tempo. Em locais de difícil acesso também, por serem portáteis e conseguirmos levar conosco”, explica.

Soldado De Lima demostra a funcionalidade dos novos materiais (Foto: Bryan Bicca).

Alguns equipamentos podem ser utilizados por quase 10 horas. Devido à geografia da região, diversos materiais foram adquiridos com foco nas dificuldades apresentadas diariamente ao grupo. “Capacetes e cadeiras para atuar em alturas, placas de ancoragem, mosquetões, polias, cordas novas. Virá também mais equipamentos de resgate aquático, depois das enchentes adquirimos roupas de neoprene, coletes salva-vidas, e outros materiais”, acrescenta o cabo.

Veículos Pioneiros

Um dos integrantes mais antigos da corporação é o tenente Nouals, que recorda diversos momentos do grupo desde sua inauguração em 20 de dezembro de 2006. “O veículo pioneiro ao combate a incêndios foi um Mercedes Benz (1972), de fabricação alemã, doado ao município e que por meio dele foi iniciado o trabalho voluntário de bombeiros na cidade. Esse caminhão estava em uso até pouco tempo atrás aqui no quartel, mas devido aos seus 50 anos de funcionamento ele foi devolvido ao município”, aponta.

Outro aspecto curioso para quem se aproxima da local sede da corporação é uma caminhonete de aparência desgastada e com os pneus murchos. “Aquela caminhonete já existia no quartel e ela entrou em um processo de descarga devido ao seu tempo de uso. Agora ela aguarda um remate por meio de um leilão para depois ser destinada para outra finalidade. Mas ainda é um marco histórico na trajetória do grupo”, comenta Nouals.

Cabo Bustamante e o tenente Nouals em frente a caminhonete que já e um marco históricos do grupo (Foto: Bryan Bicca).

Ocorrências Bombeiros Encantado ano de 2023

Ações incluem atendimento pré-hospitalar, incêndios, acidentes e busca e resgate

  • Encantado: 296
  • Roca Sales: 59
  • Muçum: 52
  • Vespasiano: 24
  • Capitão: 15
  • Nova Brescia: 6
  • Coqueiro Baixo: 2
  • Relvado: 5
  • Doutor Ricardo: 9
  • Anta Gorda: 30
  • Ilópolis: 1
  • Putinga: 1

Cabo Ivan contou sobre as ocorrências que mais lhe marcaram

 

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