“Terminamos esta audiência sem evoluções”. Responsável por conduzir reunião com as concessionárias de energia elétrica, o promotor de Justiça, João Pedro Togni não escondeu a decepção ao encerrar o encontro sem informações concretas sobre a previsão da RGE para o restabelecimento da luz. Cerca de 10 mil clientes permanecem às escuras na região.
Solicitada como forma de intermediar a situação, a audiência serviu, durante boa parte, para cobranças. Prefeitos e moradores de cidades do Vale aproveitaram a presença de representantes da empresa e externaram o descontentamento com os serviços. No entanto, não tiveram a resposta mais aguardada.
A concessionária enviou três representantes. Todos sem autonomia para indicar prazos ou firmar compromissos. Segundo Togni, o Ministério Público entrou em ação, pois tem a preocupação de garantir a população o direito a informação.
Por se tratar de uma situação urgente, buscou a audiência ainda para esta semana.
“A população está desinformada e desassistida. Estão na escuridão em suas casas e também numa escuridão de informação. É muito triste não saber quando voltará a energia para se organizarem. Por isso, pedimos que a RGE trabalhe melhor essa interlocução para que, pelo menos, as pessoas tenham ciência de que há equipes trabalhando na região”, comenta.
O ideal, para Togni, seria a RGE apresentar um mapa e mostrasse em quais frentes as equipes estão trabalhando e qual o cronograma previsto para o dia. “As pessoas precisam dessa resposta para se organizarem”.
Falta de previsão
Um dos representantes da RGE no encontro, o consultor de negócios, Cristiano Silva, tentou garantir que haverá uma melhora na comunicação com a região. Mas, quando questionado por moradores sobre previsões para restabelecimento, foi sincero.
“Se é um atendimento de fácil resolução, terá prazo e vai ser solucionado dentro do previsto. Agora, se a equipe chegar ao local e perceber que o problema é mais complexo, aciona uma segunda equipe. Esta é a cronologia do primeiro atendimento. É o Centro de Operações que tem a visão macro, desde Uruguaiana até a região metropolitana”, observa.
Alguns dos dados informados na conversa irritaram gestores e moradores. O prefeito de Lajeado, Marcelo Caumo, se indignou quando fora informado de que a concessionária estava com 30 equipes atuando na região no momento. “Não ter informações sobre a real situação é preocupante. Isso não tem cabimento. A Certel prometeu finalizar ainda hoje e a RGE nem prazo tem”.
A procuradora jurídica de Cruzeiro do Sul, Sabrina Schmitt, frisa que o interior do município permanece quase todo sem abastecimento de energia. Por isso, o governo municipal deslocou geradores para as localidades onde a situação mais crítica. “Essas pessoas estão sem água também, pois a falta de luz causou falta de água”.
Dificuldades para contato
Um morador do bairro Hidráulica, que está entre as áreas mais afetadas da cidade com a falta de energia, reclamou da dificuldade para estabelecer contato com a RGE. Para ele, é necessária a criação de uma central de atendimento ao consumidor no RS.
“Você liga para um telefone que cai em São Paulo, na maior metrópole do país. É um atendimento eletrônico. E fica, no mínimo, 30 minutos esperando. Fiquei constrangido ouvindo o pessoal da concessionária aqui”, pontua.
Por outro lado, o trabalho da Certel, que também foi apresentado na audiência, foi elogiado pelos gestores. Segundo o vice-presidente da cooperativa, Daniel Sechi, até o meio da tarde de sexta-feira, haviam apenas 230 clientes sem luz, sendo que 20 deles estavam em Lajeado.
NÚMEROS
- Até as 14h desta sexta-feira
- 230 clientes da Certel sem energia elétrica
- 10,4 mil clientes da RGE sem energia elétrica
