Baixo rendimento desestimula poupança

ECONOMIA E NEGÓCIOS

Baixo rendimento desestimula poupança

Investimento perdeu popularidade e retiradas superaram os depósitos nos últimos três anos

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Baixo rendimento desestimula poupança
Investidores atentam para opções mais rentáveis, de renda fixa ou variável. (Foto: DIVULGAÇÃO)
Brasil

A retirada de dinheiro da Caderneta de Poupança, investimento mais popular entre os brasileiros, superou os depósitos nos últimos três anos. Dados do Banco Central mostram que a retirada líquida de recursos da poupança chegou a R$ 87,82 bilhões em 2023, ano em que foram registrados R$ 3,83 trilhões em aplicações e R$ 3,91 trilhões em resgates.

Os destinos desses recursos variam do pagamento de dívida à aplicações em outros tipos de investimentos, entre eles CDBs, Títulos do Tesouro Público, ações na bolsa de valores ou mesmo criptomoedas. O motivo para a realocação dos recursos está no baixo rendimento da caderneta, que chegou a render menos do que a inflação, o que na prática representa a perda do poder de compra do dinheiro aplicado.

Sócio da plataforma de educação para investimentos Seja um Holder, Jonas Schwingel afirma quea chamada “fuga da poupança” foi acelerada a partir de 2020, quando o Banco Central reduziu a taxa básica de juros (Selic) para 2%. Quando a Selic está abaixo de 8,5%, a poupança rende 70% da taxa básica. “Teve períodos em que a poupança rendeu 1,5%, enquanto a inflação estava chegando na casa dos dois dígitos.”

De acordo com o Sócio-fundador e CEO da Moinhos Investimentos, Aderson Gegler, quando o rendimento da caderneta fica abaixo da inflação, o investidor está, na prática, perdendo dinheiro. “Se uma pessoa tinha dinheiro para comprar um apartamento em 2018 e colocou esse recurso na poupança, hoje ela não consegue comprar o mesmo imóvel.”

Conforme Schwingel, no momento em que os investidores perceberam que estavam perdendo dinheiro para a inflação, buscaram novas opções de investimentos. “Vivenciamos um crescimento muito grande tanto em opções de renda variável, como ações na bolsa, fundos imobiliários e até mesmo criptomoedas, quanto na renda fixa, como títulos do tesouro e CDBs.”

Educação financeira

Além da maior diversificação dos investimentos, Aderson Gegler aponta a ampliação do endividamento como fator preponderante para a retirada de recursos da poupança. Segundo ele, no pós-pandemia, as famílias contraíram dívidas que comprometeram 48% da renda das famílias nos últimos 12 meses. “O juro de uma dívida é mais alto que o rendimento da caderneta, por isso as pessoas preferem pagar os débitos com esses recursos.”

Conforme o CEO da Moinhos, tanto a retirada para novos investimentos quanto para o pagamento de dívidas mostra que o brasileiro está mais informado sobre o sistema financeiro. “Não só a cabeça do investidor melhorou muito como o próprio mercado financeiro passou a oferecer com novos veículos, estratégias e alternativas de investimento.”

Para Jonas Schwingel, apesar dos avanços na busca por informações, o investidor brasileiro ainda se divide entre o conservadorismo e a opção por ativos extremamente arriscados, mas com altos rendimentos. Segundo ele, o caminho natural seriam as pessoas migrarem da poupança para outras rendas fixas, para entender como funciona o mercado, para depois migrar para as ações e fundos imobiliários.

Só depois dessas experiências é recomendado um investimento mais ousado, como as criptomoedas. “Hoje, temos praticamente o mesmo número de investidores e na bolsa e nas moedas virtuais”, ressalta. Conforme Schwingel, a ânsia de enriquecer da noite para o dia faz com que muitos investidores percam o dinheiro investido.

Renda Fixa

  1.  Tesouro Direto – Investimento de renda fixa emitido pelo governo. Podem ter rendimento atrelado à inflação, pré-fixados ou indexado à taxa Selic.
  2. CDB – O Certificado de Depósito Bancário é um título de Renda Fixa emitido pelos bancos.
  3. LCI/LCA – Letra de Crédito Imobiliária e Letra de Crédito do Agronegócio são aplicações de Renda Fixa semelhantes ao CDB.
  4. Debêntures – Títulos de Renda Fixa emitidos pelas empresas, geralmente ofertadas para o pagamento de dívidas ou para o financiamento de projetos.
  5. Letras de Câmbio – Tem o mesmo princípio do CDB, porém são emitida por instituições financeiras de porte menor.
  6. CRI/CRA – Aplicações ainda são pouco conhecidas entre os investidores da renda fixa, o Certificado de Recebíveis Imobiliários e o Certificado de Recebíveis do Agronegócio são emitidos por securitizadoras.
  7. Caderneta de Poupança

Renda Variável

  1. Ações – São parcelas do capital de uma empresa negociadas na Bolsa de Valores.
  2. Fundos Imobiliários – É composto por investidores que aplicam de maneira conjunta na construção, aquisição ou outra ação em imóveis.
  3. ETFs – Sigla para Exchange Traded Funds, ou “fundos de índices”. São negociados para acompanhar um determinado índice do mercado financeiro.
  4. Opções – São contratos estabelecidos com o intuito de conferir o direito de comprar e vender ativos financeiros.
  5. Câmbio – Se refere à valorização e desvalorização sofridas pelas moedas.
  6. Futuros – São negociações de ativos para data posterior, com a possibilidade de o comprador vender sua obrigação para outro investidor.
  7. Fundos de Investimento – São carteiras que dedicam grande parte do patrimônio às aplicações em mercados organizados.
  8. Criptomoedas – Moedas virtuais que se popularizaram nos últimos anos a partir do crescimento do Bitcoin.

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