Calor histórico de 2023 pode se repetir neste ano

Vida e ambiente

Calor histórico de 2023 pode se repetir neste ano

Apesar do fim do El Niño entre abril e maio, o aquecimento global continua em ritmo acelerado. Primeiros meses de 2024 também será de chuva um pouco acima da média

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Calor histórico de 2023 pode se repetir neste ano
Onda de calor mais intensa no mundo ocorreu em setembro. Ficou 1,8°C acima da média pré-industrial. Cientistas alertam para efeitos catastróficos no clima caso isso se repita nos próximos anos. (Foto: FILIPE FALEIRO)
Vale do Taquari

A temperatura do Oceano Pacífico bateu recorde em 2023 e incidiu sobre os termômetros de todo o mundo. Registros de centrais meteorológicas mostram que foi o ano mais quente do planeta em 125 mil anos, algo jamais vivido pela espécie humana.

Há um combo de motivos. Passa pelo fenômeno El Niño, pelas mudanças climáticas e também pela atividade solar, pois cientistas do Observatório de Física Meteorológica de Davos (Suíça) mediram a influência dos raios solares no clima pela primeira vez. Em cima disso, houve uma relação das explosões solares sobre a temperatura na terra.

Para 2024, a tendência é de continuidade do calor extremo. O ciclo solar atinge o ápice e, mesmo com o fim do fenômeno El Niño, entre abril e maio, as temperaturas serão elevadas, talvez até superiores ao vivido em 2023.

Conforme o Núcleo de Informações Hidrometeorológicas da Univates, os primeiros meses de 2024 serão de abafamento e chuva acima da média. Depois disso, há modelos que indicam neutralidade, sem El Niño ou La Niña, e outros com o resfriamento do Pacífico (La Niña).

De acordo com prognóstico dos meteorologistas da MetSul, o fim do El Niño não significa o término de episódios extremos. No RS, seguem riscos de tempestades severas, ciclones e enchentes acontecem mesmo sem a incidência de algum fenômeno climático.

Pelos mapas dos institutos nacionais de Meteorologia (Inmet) e de Pesquisas Espaciais (Inpe), há maior probabilidade de chuva acima da média no RS, em especial no sul. Nas demais áreas, incluindo o Vale do Taquari, são previstas chuvas irregulares, com uma média de 150 a 170 milímetros entre janeiro e fevereiro.

Temperaturas

O ano de 2024 será muito quente e no Brasil, as temperaturas seguem acima da média, em especial no Centro-Oeste e no Sudeste. Conforme o engenheiro agrônomo, especializado em produção vegetal, Marcelino Hoppe, o planeta vem batendo recordes de temperatura ao longo dos últimos dez anos.
Ainda assim, avalia que os prognósticos indicam algo em torno dos 0,5 de alta nos termômetros neste

primeiro semestre. “No Rio Grande do Sul é diferente do resto do Brasil. Estamos tendo mínimas mais elevadas. Resultado do efeito estufa. Nossas noites estão mais quentes. Mas a temperatura na tarde não é tão alta quando no centro do país.”

Já pela análise do NIH da Univates, a temperatura do planeta deve ultrapassar a simbólica marca de 1,5ºC acima da média registrada antes da Revolução Industrial. Em 2023, marcado por ondas de calor e vários recordes de temperatura, a média global ficou 1,4ºC acima. Pelo Acordo de Paris, de 2015, os países signatários se comprometeram a tentar manter o aumento das temperaturas abaixo de 1,5ºC.

Conforme a equipe do NIH, cientistas alertam para uma elevação acima destes patamares, o que causaria uma cascata de impactos catastróficos irreversíveis.

Para se atingir o limite de aquecimento, conforme prevê o Acordo de Paris, seria necessário reduzir em 42% as emissões de gases de efeito estufa até 2030. Se a redução for de 28%, o aquecimento global chegaria a 2ºC.

O problema, segundo os dados divulgados, é que em vez de baixar, as emissões globais aumentaram 1,2% de 2021 a 2022.

A Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que até o início de outubro de 2023, foram registrados 86 dias com temperaturas 1,5°C acima dos níveis préindustriais e que setembro foi o mês mais quente já registrado, com temperaturas médias globais 1,8°C acima.

Otimismo à produção primária

Na avaliação de Hoppe, a chuva em janeiro e fevereiro será um pouco acima da média. Isso garante a umidade do solo, sem trazer riscos para as lavouras. Sobre o risco de enchentes, o especialista descarta. “É muito difícil termos algo nestes dois primeiros meses. O El Niño não será tão severo quanto foi na primavera.”

A transição de fenômenos deve trazer normalidade a partir do segundo semestre. “Não teremos uma mudança imediata para o La Niña. O Pacífico teria de resfriar muito rápido. Hoje está acima de 2°C. Isso não acontece tão rápido.”

Como consequência, acredita que a agricultura será beneficiada. “Os próximos dois meses serão decisivos. Para os produtores, sugiro acompanhar os prognósticos e, assim, poderem planejar os cultivos de inverno.”

Previsão do tempo

  • HOJE
    Chuva típica de verão a qualquer momento. Pode haver temporais isolados e intervalos com presença do sol. Temperatura amena ao amanhecer e tarde de calor. Mín.: 18°C | Máx.: 30°C
  • AMANHÃ
    Pequena chance de chuva localizada na metade da tarde. Calor intenso durante a tarde. Mín.: 18°C | Máx.: 33°C
  • SÁBADO
    Sol entre nuvens. Pouca chance de chuva. Tarde de muito calor. Mín.: 17°C | Máx.: 34°C
  • DOMINGO
    Predomínio do sol e calor acima da média em relação aos outros dias da semana. Mín.: 20°C | Máx.: 37°C

Resumo da notícia

Em 2023, o Oceano Pacífico atingiu uma temperatura recorde, tornando-se o ano mais quente do planeta em 125 mil anos.

Contribuições para o calor incluem o fenômeno El Niño, mudanças climáticas e a influência da atividade solar, com a relação entre explosões solares e temperatura na Terra.

Para 2024, apesar do fim do El Niño entre abril e maio de 2024, a tendência é de continuidade do calor.

Os primeiros meses do ano serão caracterizados por calor intenso e chuva acima da média.

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