Contágio por meio da água da enchente, lesões durante consertos das casas, hipotermia e risco de leptospirose. Esse é o cenário do Pronto Socorro do Hospital Bruno Born (HBB), desde terça-feira, 5. A casa de saúde, que recebe pacientes de toda a região, já atendeu, até a tarde de ontem, cerca de 70 pessoas envolvidas com a cheia do Rio Taquari.
Coordenador do Pronto Socorro do hospital, Guilherme Henrique Ávila do Carmo diz que a instituição dobrou a atuação dos profissionais para atender a demanda desde a semana passada. Os primeiros pacientes atendidos apresentaram hipotermia devido à longa exposição à água gelada e ao frio.
Quatro pessoas internadas no Hospital de Roca Sales também foram encaminhadas a Lajeado nos primeiros dias, para seguir com atendimento que era feito na casa de saúde atingida pela enchente.
Quando o processo de reconstrução das casas das famílias atingidas começou, pacientes com cortes, lesões e quedas também acessaram o serviço de saúde. Pacientes que perderam medicamentos também recorrem ao hospital. Os atendidos são de toda a região.
Carmo ainda destaca o cuidado com a picada de animais peçonhentos, como cobras e escorpiões que podem aparecer nos escombros. Assim como a dengue, caso as temperaturas sejam mais elevadas.
Entre as maneiras de prevenir, está o uso de luvas e botas. “Cuidar quando for fazer reparo da rede elétrica, ao mexer nos escombros e usar o máximo possível a água potável”, ressalta o médico.
10 suspeitas
A vigilância epidemiológica de Lajeado confirma 10 casos suspeitos de leptospirose. Os pacientes apresentaram sintomas como dor de cabeça, dor no corpo e febre. Não houve nenhuma internação.
“Quando a gente tem um histórico de contato com possível área contaminada com a urina de ratos e o paciente apresenta um quadro de sintomas sugestivos, já é considerado suspeita e inicia com o antibiótico”, destaca a coordenadora da vigilância epidemiológica, Juliana Demarchi.
Depois de medicado, o caso é acompanhado e, sete dias após o primeiro sintoma, é feita a coleta de sangue para confirmar a doença. “A leptospirose é uma das doenças relacionadas à enchente. Não tanto no primeiro momento, mas depois, quando as pessoas voltam para suas residências e começam a fazer a limpeza onde provavelmente teve a presença de roedores”.
De acordo com Juliana, os sintomas podem aparecer desde um dia após o contato com o ambiente contaminado, até 30 dias. “Vamos ter esse trabalho de monitoramento, pelo menor até o início de outubro, pensando em uma contaminação relacionada a esse momento que estamos vivendo”, afirma a coordenadora.
A orientação, segundo a profissional, é que de pacientes que tiveram contato com a enchente na limpeza dos ambientes atingidos e que tiverem sintomas como dor no corpo, dor de cabeça e febre, devem buscar um atendimento de saúde com urgência.