Sem idade, localização ou classe social específica, o abuso pode ocorrer em qualquer residência. Desde o ano passado, o número de denúncias aumentou no Conselho Tutelar de Lajeado, tanto pelos novos casos quanto pela coragem das crianças e adolescentes de denunciar uma situação antiga. Nos quatro primeiros meses deste ano, o aumento foi de 12% em relação ao mesmo período do ano passado.
Nesta quinta-feira, 18, a data é dedicada ao combate ao abuso e à exploração sexual contra crianças e adolescentes. O mês é conhecido como Maio Laranja, mas o trabalho das instituições como conselhos, Ministério Público e serviços de acolhimento é permanente, durante todos os dias do ano.
De acordo com a conselheira tutelar e coordenadora da unidade de Lajeado, Rejane Junqueira, durante a pandemia, o abusador ficou mais próximo das crianças, que não frequentavam a escola no período. Os reflexos disso aparecem hoje.
“Algumas crianças perguntam se o abuso ainda vale como um crime mesmo que tenha passado muito tempo. Sim, não tem data de prescrição”, destaca a profissional. Rejane ainda ressalta que, em muitos casos, a criança que sofreu abuso só vai contar na adolescência e os encaminhamentos serão tomados da mesma forma.
Ela acredita que por meio de palestras, notícias das mídias e educação nas escolas, as crianças estão mais seguras para falar sobre o assunto. Em muitas situações, a conselheira conta que o abusador ameaça a criança caso ela conte sobre o abuso para terceiros. Mesmo assim, há sinais que devem ser observados.
Entre eles, as mudanças de comportamentos em casa e na escola. “Ou não come, ou come demais. Fala menos quando falava muito. Ela muda as atitudes e essas mudanças os familiares percebem”. Por isso, a vigília dos pais é importante. “A criança não tem noção do abuso, ela acha que todas as crianças passam por isso, ainda não sabem o que é errado”, afirma Rejane.
Atenção dos pais
Em geral, o abusador é uma pessoa próxima da família. Essa realidade faz com que, muitas vezes, os responsáveis não acreditem nas crianças.
Nem sempre o abuso pode ser evitado pelas famílias, mas alguns cuidados podem ser tomados. O primeiro deles é analisar as pessoas que frequentam a casa onde a criança reside, como parceiros dos pais ou amigos, e nunca deixar o filho sozinho com algum estranho.
Além disso, conhecer os pais dos amigos da criança e só deixar dormir fora de casa se os familiares forem de confiança. Outro cuidado básico é ensinar o filho a nunca aceitar carona de um desconhecido.
Educação para prevenir
Para marcar a data, o Conselho Tutelar recebe escolas nesta semana para ensinar sobre o semáforo do toque, que mostra em quais partes do corpo a criança pode ser tocada ou não. Em qualquer caso de abuso, o conselho pode ser acionado por meio do telefone (51) 99865-7430.