O sonho de estar nas passarelas ou ter o rosto estampado em revistas internacionais não está tão distante de Lajeado. Por aqui, talentos da moda se destacam em produções fotográficas de todo o mundo. O movimento é recente e começou, em especial, quando o produtor de moda Djoo Ferrari veio ao município, há um ano. Natural de Santa Catarina, atuou como produtor em Portugal por seis anos, onde também produziu artistas como Pabllo Vittar e Lucas Lucco, além de participar dos bastidores do The Voice.
“Trabalhei com marcas como Armani, Prada, Dior, foi bem bacana e fiz muitos contatos”. O relacionamento com grandes nomes da moda e editores de revistas internacionais faz com que, hoje, ele consiga lançar modelos da região em trabalhos internacionais. Por meio da Agência Djoo Ferrari Creative Models, já teve publicações em 19 revistas, com seis capas e quatro contracapas. Entre os países em que os modelos da região se destacaram, também está a Grécia, Itália e Estados Unidos. O sócio de Ferrari é Elistone Sontag e o fotógrafo das produções é Matheus Friedrich.
Falta no mercado e oportunidade
A empresa também trabalha com consultoria de marca, com toda a parte de produção de editoriais e campanhas. O produtor conta que via na área a necessidade de ter profissionais para fotografar e assim começou o recrutamento dos modelos.
“São dois pontos, a falta de profissionais que eu sentia por aqui e o fato de ter grandes empresas e marcas na região. Vi que as pessoas não tinham muitas oportunidades nesse universo da moda, então buscamos trazer isso pra cá”, ressalta.
Em casa
Toda a produção é feita no estúdio da agência ou em locações pela região e enviadas para as revistas. O trabalho é minucioso para garantir uma publicação. Djoo destaca que vê a região como um núcleo de grandes estrelas. “Eu comecei a reparar que existia aqui tantas pessoas com potencial. A gente trabalha vários perfis, o comercial, plus size, fashion, vi que tínhamos possibilidades”.
Amanda teve fotos publicadas em revistas de Milão, Roma e Paris, Crédito: Divulgação
No dia 18 de maio, ele acompanha a viagem de 23 modelos que foram selecionados para trabalho em São Paulo. Depois disso, a tentativa é alavancar a carreira internacional. Da cidade, mais de 20 modelos já saíram em revistas.
Paixão e autoestima
Entre eles, está Amanda Foltz, 20, que teve fotos publicadas na Figgi, de Milão, Gmaro, de Paris, e Bloom, de Roma. Ela conta que a paixão por moda e beleza vem da infância e que tinha o sonho de ser modelo. Com 1,60m de altura, achava não ter o perfil, até ser recrutada por Djoo.
Amanda já tinha participado de produções e alguns projetos quando crianças. Mas esta foi a primeira experiência profissional. “Tem sido incrível, temos muito treinamento. Não é fácil, mas vale a pena e temos muito suporte”, conta.
A carreira na moda é recente, mas com apenas um editorial, já teve as fotos estampadas em revistas pelo mundo. “Me tornar modelo internacional nunca tinha passado pela minha cabeça, ainda mais sair em três revistas. Fiquei muito feliz e orgulhosa”.
Mais do que um trabalho, as produções fotográficas e as publicações em revistas ajudaram Amanda também na vida pessoal. “Eu tenho problemas de auto estima há bastante tempo e trabalhar como modelo tem me ajudado muito com isso. Além de todo aprendizado e disciplina”, conta. Seguir carreira na moda está nos planos dela e, agora, seu novo sonho é trabalhar com grandes marcas da área.
William estampa em duas revistas da França e uma em Hong Kong. Crédito: Divulgação
França e Hong Kong
As passarelas e a fotografia de moda também são promissoras para o público masculino. William Ismael Henn, 22, é um exemplo. Desde criança, a moda era um assunto que chamava atenção do rapaz, morador de Imigrante.
A possibilidade de trabalhar no ramo despertou não só a curiosidade, mas o entusiasmo por conhecer pessoas e lugares novos. Em outubro, William foi chamado para modelar e, em dezembro, fez as fotos que agora são divulgadas em três revistas internacionais, duas na França e uma em Hong Kong. “Até a hora que eu recebi as páginas da revista eu não acreditei. Fiquei eufórico. A ficha só caiu quando eu vi as páginas”.
Depois disso, a carreira despontou e, em maio, fará a primeira viagem a São Paulo. No mesmo mês, William deixa os trabalhos como sócio de uma transportadora para se dedicar de forma integral às atividades da agência. Ele conta que em meio às produções, dificuldades como timidez com a câmara foram logo superadas. Depois de muitos testes fotográficos, hoje, se sente seguro para modelar.
O modelo Nicollas, 7, é acompanhado pela mãe Franciele nas produções. Crédito: Arquivo Pessoal
Pequenos astros
Os pequenos também têm espaço na área. Entre eles, está Nicollas Vicentini, 7, que começou a modelar em casa, para as fotografias da mãe Franciele Denise Vicentini, 35. Para ela, o filho tem talento para ser modelo comercial. Com autismo no nível dois, o menino tem facilidade de reproduzir ou imitar as poses propostas durante as produções. Na hora das fotos, a orientação materna é sempre de tranquilidade e diversão. “Para ele fazer poses e seguir comandos não é trabalho, porque ele se diverte sendo fotografado. É terapêutico para ele, assim como fotografar é pra mim”, conta Franciele.
Na última semana, Nicollas participou de um editorial. Agora, mãe e filho aguardam a aprovação dos cliques para fazer o lançamento. Apesar do entusiasmo, Franciele incentiva a carreira de modelo do filho, mas também deixa livre para que ele escolha o que desejar fazer. “Quero dar oportunidade pro Nicollas de explorar tudo para que no futuro ele saiba o que realmente gosta de fazer”.
