Marinha sugere iniciativas para destravar navegação no Taquari

EM VISITA AO VALE

Marinha sugere iniciativas para destravar navegação no Taquari

Entidades locais e autoridades portuárias retomam debate para viabilizar o transporte de cargas pelo rio. Próxima etapa inclui estudo sobre demanda do setor produtivo ao modal logístico

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Marinha sugere iniciativas para destravar navegação no Taquari
Transporte de areia é uma das poucas atividades mantidas nas águas do Taquari. Marinha indica potencial para melhor aproveitamento do modal. Crédito: Divulgação
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Destravar o potencial do Rio Taquari. Esse é o objetivo da mobilização de prefeitos, empresários e integrantes da comunidade acadêmica. Em visita à região ontem, o comandante do 5° Polo Naval, Sílvio Luís dos Santos e o responsável pela Capitania dos Portos, Átrio Oliveira da Cruz, reforçaram a intenção em colaborar com a demanda.

A hidrovia ociosa desde meados de 2012 é defendida como opção para otimizar custos e tornar a região mais competitiva. A interlocução entre as autoridades portuárias e o setor produtivo visa reduzir a burocracia e promover investimentos a fim de permitir o uso de embarcações de carga.

No entendimento dos oficiais da Marinha, há um potencial subaproveitado e a necessidade da articulação regional para destravar a navegação. Entre as prioridades elencadas, está a elaboração de um diagnóstico sobre o interesse das empresas em diversificar a forma de receber insumos e entregar seus produtos.

De acordo com a presidente do Arranjo Produtivo Local (APL) de Alimentos e Bebidas, Aline Eggers Bagatini, esse estudo é uma etapa inicial. Além disso, ter a diversificação de modais poderia tornar a região mais atrativa aos empreendedores, avalia. “Se tiver o Porto de Estrela em funcionamento e as condições ideais de navegação, vamos conseguir atrair outras indústrias e fortalecer a economia do Vale.” As iniciativas para destravar a hidrovia também envolvem a comunidade acadêmica. Em reunião com a reitoria da Univates o tema foi reapresentado.

De acordo com o pró-reitor de pesquisa e pós-graduação, Carlos Cyrne, esse debate surgiu há 25 anos e acredita depender muito mais das forças políticas do que do próprio setor produtivo. “Já tivemos trabalhos de conclusão de curso voltados à viabilidade técnica e econômica. Ao que parece, muitas situações esbarram na burocracia.”

A área portuária em Estrela que contemplava os modais rodoviário, hidroviário e ferroviário na década de 70, perdeu seu índice de aproveitamento. Desde 2014 nenhum trem chega ao local. Em ações recentes, o governo municipal criou uma empresa pública para tornar o local atrativo novamente. Ainda assim, esbarra nas tratativas da navegação.


ENTREVISTA –  SÍLVIO LUÍS DOS SANTOS • comandante do 5° Polo Naval 

“Potencial do Rio Taquari é subaproveitado”

– Qual o propósito da visita dos oficiais da Marinha à região?

Viemos para ouvir autoridades locais sobre alternativas para destravar a navegação comercial no Rio Taquari. Há um enorme potencial que por algum motivo não é explorado. Sabemos da necessidade de dragagem em alguns pontos, em especial abaixo da Barragem Eclusa, mas, ao mesmo tempo, a região precisa se organizar e unir esforços para tornar o modal hidroviário uma alternativa viável.

– Quais são os maiores entraves para a retomada do modal hidroviário no Rio Taquari?

Muitas vezes a burocracia é um desses fatores. Por isso entendemos a necessidade da convergência entre instituições. Queremos aproximar o setor produtivo, gestores públicos e órgãos, a exemplo a Receita Federal, para viabilizar o transporte de carga por embarcações. Há vários modelos de portos secos pelo país que poderiam ser aplicados neste caso. Tudo isso depende de estudos e organização.

– Como a Marinha pode contribuir para despertar o potencial da navegação comercial?

Nós trabalhamos com o conceito da economia azul. As águas do Brasil como meio para gerar empregos, renda e por consequência mais riquezas. Nesse primeiro momento queremos conhecer melhor a região e incentivar esse debate com os líderes locais. Cabe destacar, que muitos dos colonizadores vieram pelo rio e já se aproveitou melhor a estrutura de navegação. Em outros países, o modal hidroviário recebe importantes investimentos e é uma das principais apostas econômicas.

– Além do transporte de carga, quais outros potenciais são possíveis de explorar nas águas do Taquari?

Pelo pouco que conheci da região, a estrutura já disponível contribui muito para o turismo. Imagino o quanto a navegação poderia convergir com o setor hoteleiro e na prática esportiva. Já há clubes náuticos bem constituídos e que despertam para o uso recreativo das águas do Taquari.


Embarcações inspiram cuidados

Acidente com lancha na noite de sábado, 14, em Estrela acende alerta sobre o uso do Rio Taquari para atividades esportivas e de lazer. Na ocorrência, sete pessoas ficaram feridas após embarcação colidir em um barranco próximo ao atracadouro do Parque da Lagoa, mais conhecido como “Buraco dos Cachorros”.

Entre os tripulantes, três crianças e um bebê de 11 meses. Eles receberam o primeiro atendimento no Hospital Estrela. Duas pessoas, um homem de 38 anos e uma mulher de 37 anos precisaram ser transferidos à UTI do Hospital Bruno Born. Até o fim da tarde de ontem ela permanecia internada na unidade de terapia intensiva. Já outra mulher de 42 anos recebeu alta logo após o ocorrido.

As causas do acidente são investigadas pela Polícia Civil e a Marinha, que devem concluir o inquérito em 60 dias. Em visita à região, o responsável pela Capitania dos Portos, Átrio Oliveira da Cruz, destacou o aumento da navegação e o risco para acidentes. Ele também reiterou a importância de quem navegar pelas águas do Taquari ter a embarcação registrada e estar em dia com a documentação.

“Notamos um aumento na compra e venda de embarcações e nos pedidos de habilitação. Isso é bom para o segmento, mas, por outro lado, representa mais pessoas na água e aumento do risco de acidentes”, observa Cruz. O capitão encarregado pela navegação em mais de 380 cidades do RS, alerta ainda para o número reduzido do efetivo para fiscalização.  De acordo com Cruz, durante o ano as operações ocorrem em formato de rodízio. “Em caso de acidentes é imprescindível que a Marinha seja informada o quanto antes para fazer todos os trâmites da investigação.”

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