Do apreço pela literatura ao sonho de ser poeta

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Do apreço pela literatura ao sonho de ser poeta

“Os Jovens Poetas de Lajeado” chega à 27ª edição, com 210 poemas e 35 desenhos publicados. Lançamento do livro deste ano ocorre hoje, às 19h, no Teatro do Ceat. Participantes e entusiastas relembram origens e evolução do projeto até se consolidar como tradição na cidade

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Do apreço pela literatura ao sonho de ser poeta
Ao longo de quase três décadas, cerca de 5 mil alunos participaram das publicações. Luiz Fassina e Regis Kussler representam o Rotary no projeto. Crédito: Bibiana Faleiro
Lajeado

Em folhas soltas ou na última página do caderno escolar, as irmãs Adriana, 38, e Alessandra Nunes Machado, 36, escreviam crônicas e poesias quando crianças. O gosto pela literatura veio da família e serviu de inspiração para que o pai, Reni Nunes Machado, sugerisse a criação do projeto Os Jovens Poetas de Lajeado que, nesta quinta-feira, lança sua 27ª edição. O evento, organizado pelo Rotary Club de Lajeado-Engenho, é às 19h, no Teatro do Colégio Evangélico Alberto Torres (Ceat).

No primeiro ano da publicação, as irmãs contam que não tiveram seus poemas contemplados na obra. Mas, a partir da segunda edição, foram pelo menos sete participações.

“O pai via que a gente tinha esse interesse e queria incentivar que outras crianças e jovens também pudessem ter essa oportunidade”, conta Adriana. Depois de escritos, os poemas eram entregues às professoras, que selecionavam os contemplados. Na hora do lançamento, um dos momentos mais esperados era a sessão de autógrafos dos pequenos poetas.

Hoje, mais de 20 anos depois, Alessandra é dentista, e Adriana, arquiteta. Mesmo sem ter ligação direta com a literatura nas profissões, o gosto pela leitura permaneceu, assim como a escrita. “Eu leio bastante, e escrevo mais de forma profissional, algum artigo. As publicações da clínica nas redes sociais também sou eu que faço, porque gosto dessa forma de tocar as pessoas”, conta Alessandra. Enquanto a irmã permanece nos livros físicos, a dentista encontrou nas obras virtuais uma nova forma de manter o hábito.

Na história

Os Jovens Poetas de Lajeado foi o primeiro grande projeto do Rotary Club de Lajeado-Engenho. A entidade foi criada em 20 de junho de 1994 e, dois anos depois, a iniciativa ganhou forma.

Na época, à frente do clube estava a escritora Ana Cecília Togni. A ideia de criar um livro de poesias foi apresentada às instituições de ensino no dia 22 de julho de 1996, e primeira edição foi impressa nas oficinas da Gráfica Cometa, com 70 poesias publicadas, de 13 escolas participantes. O lançamento foi no dia 27 de setembro daquele ano, no antigo Salão de Atos da Fates, hoje Univates.

No início, a obra se chamava “Apoio aos Jovens Poetas de Lajeado”, e só recebeu a nova nomeação a partir de 2002. Foi também nesse período que a iniciativa passou a ser executada por meio da Lei de Incentivo à Cultura (LIC), até 2015, quando, por se acreditar que o projeto já estava consolidado, a verba foi cortada. No ano seguinte, os custos da publicação foram divididos entre os integrantes do clube.

Desde 2017, o Grupo a Hora se tornou parceiro e assumiu o apoio cultural e a editoração do projeto. Naquele ano, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e as turmas de Educação de Jovens e Adultos (Eja) também passaram a ter poemas publicados no livro.

Ana Cecília destaca o trabalho feito pelas professoras da Apae, com a criação de poemas feitos em grupo, pelos usuários da instituição. Mais tarde, as pessoas privadas de liberdade do Presídio Estadual de Lajeado integraram a iniciativa. A escritora ainda ressalta que, por mais de 20 edições, as capas dos livros foram feitas de forma voluntária pelo desenhista Gilberto Soares.

Futuro Promissor

Lauren Waiss da Rosa, 30, lembra do projeto com carinho e conta que ter uma poesia publicada no livro era um sonho. Com boa criatividade quando criança, era estimulada pela professora de Português a escrever. Todos os anos, ela participava da seleção dos trabalhos até que, ainda no Ensino Fundamental, chegou sua vez de ter um poema estampado nas páginas de Os Jovens Poetas de Lajeado.

“Quando o meu poema foi escolhido, fiquei muito feliz. A escrita, a literatura sempre foram movimentos que eu participei desde muito pequena e isso acabou culminando na publicação”, destaca. Hoje, professora e historiadora, acredita que o projeto tenha servido como degrau para novas publicações que participou ou mesmo para o dia a dia na profissão.

Primeira vez

Neste ano, são 210 poesias e 35 desenhos publicados, feitos por alunos de 36 escolas de Lajeado, Apae, Eja e Presídio Estadual de Lajeado. Entre os estudantes, está Isadora Werner Battisti, de 8 anos. Esta é a primeira vez que a menina participa do projeto e teve o desenho que abre a sessão de poesias do Colégio Cenecista João Batista de Mello (Mellinho) publicado.

Os pais, Monalisa e Rafael Schlabitz Battisti contam que a filha sempre gostou muito de desenhar e demonstrava facilidade em memorizar, criar e reproduzir desenhos e, por isso, ficou animada quando seu trabalho foi escolhido para integrar o livro.

“Ela ficou muito feliz e não parava de pedir se iríamos assinar o documento para a publicação. Agora ela está muito ansiosa para receber o livro e mostrar o desenho para a família”, conta a mãe. Na noite de hoje, os pais acompanham a filha no lançamento da edição.

Jovens talentos

Ao longo de quase três décadas, o projeto ganhou força e, hoje, já é esperado pelas instituições. A presidente do Rotary Club de Lajeado-Engenho, Isolde Ines Fassina, destaca que a iniciativa se tornou importante na comunidade escolar e, todos os anos, mobiliza diretores das escolas, professores, pais e estudantes. “Percebemos a satisfação dos alunos ao terem suas poesias e desenhos publicados, sabendo que serão lidos e apreciados pelos próprios colegas e pelo público”, destaca.

O coordenador da 27ª edição do projeto, Regis Kussler, a comunidade viu a iniciativa como um incentivo a cultura e desenvolvimento intelectual. “Com certeza o projeto forma pessoas do bem, que fazem a diferença na sociedade”, destaca. Nesta edição, além do Grupo A Hora, o Sicredi Integração RS/MG e o CRON também estão entre os apoiadores da iniciativa.

As irmãs Adriana e Alessandra tiveram poesias publicadas nas primeiras edições do livro. Crédito: Bibiana Faleiro


O projeto ao longo do tempo

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