Um Vale apunhalado

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Um Vale apunhalado

Por

Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

O Vale do Taquari vai passar mais quatro anos sem representantes genuínos na Assembleia Legislativa. E a história poderia ser muito diferente se os políticos e coordenadores de partidos (não todos, é claro) pensassem menos no próprio umbigo. Desde o início da pré-campanha, alertávamos para a desunião dos partidos, para os postulantes sem pretensão, para a falta de coalização entre aliados da mesma ideologia, e principalmente ao rabo preso de vereadores com os deputados de fora, que vira e mexe largam esmolas pela região em forma de emendas parlamentares. Resumindo, o Vale foi apunhalado.

Eu não canso de falar. O Vale do Taquari e toda a comunidade regional foram duramente prejudicados pelos vereadores e prefeitos que fazem campanha para candidatos de outras regiões. Há exemplos de câmaras de vereadores em que praticamente 100% dos parlamentares gastaram tempo e dinheiro público para eleger pessoas que não possuem qualquer relação com a nossa região. Teve vereador que usou até assessor parlamentar para panfletar em nome de representante do Vale do Rio Pardo, por exemplo, em um verdadeiro (e maquiavélico) desserviço para a nossa população.

Mas não foi só isso. Não foram poucos os candidatos que surgiram na última hora. E, apesar da boa votação de alguns deles, restou claro que o propósito estava muito distante do que o Vale do Taquari merecia como região. Disputa de ego, ranço, e especialmente um olhar malicioso para o pleito municipal de 2024 foram outros ingredientes para o fracasso da campanha regional. E nada disso ocorreu por acaso. Uma pena. Não faltaram avisos e ao fim de tudo o sentimento é de traição. Traição por parte daqueles que sabiam o mal que fariam ao Vale com suas decisões egoístas. E, de fato, fizeram.

Maneco é o grande vencedor

Emanuel Hassen de Jesus (PT) foi o grande destaque no nosso pleito regional. O petista deixou a prefeitura de Taquari em 2020 e, mesmo assim, se manteve ativo e parte importante da política estadual. Ao assumir a Famurs, ele foi bastante atuante no período da pandemia, e chamou a atenção da militância da esquerda, tão sedenta por novos líderes. O futuro sempre é incerto. Para todos. Mas, e isso parece ser um consenso entre os articulistas, Maneco deixa o pleito de 2022 como uma grande esperança para o PT estadual. E que assim seja.

Estratégias acertadas

Jair Bolsonaro (PL) colocou alguns ex-ministros para concorrer a governador. E a estratégia lhe rendeu bons frutos. Outra estratégia que se mostrou bastante interessante ocorre no Rio Grande do Sul. Onyx Lorenzoni (PL) e Edegar Pretto (PT) colaram seus nomes em Bolsonaro e Lula, respectivamente. Ao fim do pleito, Pretto acabou de fora do segundo turno. Mas é inegável que o seu crescimento na reta final tem a ver com a estratégia adotada durante a campanha.

Excesso de confiança?

Eduardo Leite em entrevista à Rádio A Hora (Foto: Felipe Neitzke)

Ex-governador e candidato à reeleição, Eduardo Leite (PSDB) tomou um verdadeiro susto. A impressão durante toda a sua campanha foi de uma certa soberba. Um clima de “já ganhou” rondava os correligionários e também ficou evidente nas performances e propagandas do tucano. A aliança com o MDB reforçou o sentimento. E o recado das urnas foi claro. Apesar de todos os bons momentos do seu governo, o eleitorado gaúcho não está muito satisfeito com a atual gestão. Menos mal, para ele, que dificilmente os eleitores de Edegar Pretto (PT) apoiarão o ex-minstro de Jair Bolsonaro (PL).

Sandri e o propósito

Douglas Sandri (Novo) em debate na Rádio A Hora (Foto: Felipe Neitzke)

Douglas Sandri (Novo) fez uma campanha diferente. Sem utilizar o recurso do Fundo Eleitoral, uma característica adotada por todos os candidatos ligados ao Partido Novo, o ex-assessor parlamentar de Marcel Van Hatten (Novo) contou com apoio de voluntários e seguiu um propósito alimentado desde 2018. Ele não conseguiu a sonhada cadeira na Assembleia Legislativa. Mas deixou um exemplo que precisa ser seguido pelos seus adversários que nunca tiveram tal propósito.

E as pesquisas?

A última pesquisa divulgada no sábado pela grande mídia nacional apontou 51% dos votos para Lula (PT) e apenas 37% para Jair Bolsonaro (PL). Erraram. O atual presidente passou boa parte do domingo à frente do petista, e no fim das contas a diferença foi de apenas cinco pontos percentuais. As razões para tal diferença são um mistério. São diversas teorias. E cada leitor tem a liberdade de escolher a própria explicação.

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