Menor oferta e aumento de custos pressionam preço do leite

ESCALADA NO PREÇO

Menor oferta e aumento de custos pressionam preço do leite

Valor pago ao produtor reage e se aproxima a R$ 3. Para o consumidor, em supermercados da região, o custo do litro supera os R$ 6

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Menor oferta e aumento de custos pressionam preço do leite
Leite de caixinha acumula alta superior a 20% desde o início do ano e ultrapassa R$ 6 em mercados da região. Crédito: Felipe Neitzke
Vale do Taquari

Item da cesta básica, o leite de caixinha (UHT) acumula alta superior a 20% desde o início do ano. Os frequentes reajustes visam reduzir os impactos dos custos de produção e industrialização, mas pressionam o valor final ao consumidor.

Em supermercados da região, o litro do leite passa dos R$ 6. Enquanto isso, os produtores recebem até R$ 2,95. Além disso, a oferta no mercado internacional segue tímida e pouco atrativa à indústria com a elevação do dólar.

Sem perspectivas de mudanças no cenário, analistas de mercado acreditam que o leite e derivados sigam tendência de aumento até pelo menos agosto. Na avaliação do presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), de Lajeado, Lauro Baum, essa situação é reflexo do desmonte da cadeia leiteira.

“Há mais de dez anos já falava que um dia faltaria leite. A região com o passar do tempo perdeu produtores e mesmo com o avanço tecnológico não suprimos a demanda”, alerta. Baum observa também as dificuldades enfrentadas no campo com os efeitos da estiagem na nutrição animal.

Nas gôndolas dos supermercados, o leite não é o único produto impactado. “As empresas limitaram a entrega de derivados, como é o caso de iogurtes e queijos. Esses são itens que também têm o preço reajustado na mesma proporção”, observa Baum.

Ao considerar o aumento de consumo durante o período mais frio do ano, representantes do setor não descartam que o preço do litro de leite longa vida possa chegar a R$ 7. Para o produtor, há perspectiva que supere os R$ 3 nas próximas semanas.

Aumento de 20 centavos

A apuração mensal de preços pagos ao produtor indica valores entre R$ 2,18 e R$ 2,95. Os dados são da Emater-RS/Ascar com base no valor pago pelas indústrias até o dia 15 de junho. Em relação ao mês anterior a alta é de 20 centavos.

De acordo com o extensionista, Martin Schmachtenberg, o preço varia conforme a qualidade e quantidade de leite entregue. “Isso tem relação direta com investimentos em genética e tecnologia nos processos.”

“A estiagem fez produtores desistirem”

A quebra na safra de milho por conta da escassez de chuva agravou o cenário no campo. Com o desencanto pela atividade da bovinocultura leiteira, produtores optaram em vender o plantel. “Esses fatores levaram à menor oferta do leite no mercado. Aliado ao aumento do consumo durante o inverno, temos a elevação do preço”, enfatiza o presidente do conselho de administração da Dália, Gilberto Picinini.

Em paralelo, o aumento do diesel e de embalagens também pressionam os preços do leite UHT. “É um produto sazonal, momento para o equilíbrio das contas do produtor. Acredito que essa alta ainda vá se estender até agosto.”

Menos leite nas indústrias

A captação de leite no campo começou a sentir os efeitos em outubro do ano passado. Na ocasião, a nutrição animal alcançou níveis elevados e a relação do preço pago pelo leite se inverteu. De acordo com o presidente da Languiru, Dirceu Bayer, essa situação desmotivou o produtor e fez ele investir menos.

“Além da estiagem e a colheita de silagem insuficiente em termos de qualidade e quantidade, o alto custo de diesel, fertilizantes e defensivos pressionaram ainda mais o custo e desestimularam a oferta do campo”, avalia Bayer.

Como consequência, Bayer indica os efeitos no preço. “O momento é da entressafra, fato este que contribui para a pouca entrada de leite nas indústrias. Este primeiro trimestre do ano registra cerca de 10,3% a menos”.


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