A variação da temperatura com os períodos de umidade interferem sobre a saúde da população. Com essas condições, as crianças estão entre as principais atingidas. “Nos últimos 15 dias, temos uma procura muito acentuada nos postos e também no pronto atendimento do hospital”, diz o secretário de Saúde de Estrela, Celso Kaplan.
De acordo com ele, há um acúmulo de demanda. “Temos a circulação de várias doenças. A gripe, covid e também a dengue. Tudo isso tem interferido sobre a rede.” Para atender essa elevação no número de pacientes, o município mudou estratégias, com mais horas de atendimento nos ambulatórios de emergência.
Como consequência, há um crescimento nas internações hospitalares, diz o secretário. “Notamos que a maioria são crianças com influenza. Em alguns casos, houve uma evolução para pneumonia.” Essa percepção se reflete nos números. Conforme a Secretaria de Saúde, em duas semanas houve um aumento de 49,4% nas consultas no setor de emergência no Hospital Estrela de pacientes até 11 anos.
A situação de Estrela também ocorre em Lajeado. Conforme o secretário de Saúde, Claudio Klein, o aumento na procura por atendimento vem desde março. “Tivemos o pico da covid, com o ômicron, em seguida a dengue e agora os casos de vírus respiratórios.”
Pelo acompanhamento em todo o RS, há cinco vírus em circulação, diz Klein. Entre estes estão o H1N1, o H3N2, o VSR (vírus sincicial respiratório), a covid e a dengue. “A circulação dos vírus de gripe começou muito mais cedo. Não esperávamos neste período antes do começo do inverno.”
Sobre os atendimentos, em abril e no início de maio, a rede pública de Lajeado atendeu mais de 12,9 mil pacientes. Deste total, são 4,4 mil consultas na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e 8,5 mil nos postos. Os principais sintomas verificados são respiratórios. Os pacientes apresentam febre, dores no corpo, náusea e vômito.
Falta de antibióticos
Farmácias privadas registram baixo estoque de medicamentos, em especial para o trato respiratório voltado ao público infantil. Entre os itens está a amoxicilina. O próprio Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma) afirma haver escassez de antibióticos.
“Algumas empresas relataram expressivo aumento de demanda por determinados antibióticos e escassez de insumos farmacêuticos ativos (IFA) importados usados em sua composição, mas informaram que estão aumentando a produção e buscando novos fornecedores para atender o mercado”, conforme nota do Sindusfarma.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) admite que medicamentos essenciais estão deixando de ser vendidos no país, o que coloca em risco a manutenção de tratamentos e a segurança dos pacientes.
Imunidade atingida
O médico pediatra, João Paulo Weiand, concedeu entrevista ontem à rádio A Hora. De acordo com ele, a chegada das baixas temperaturas e a ocorrência de sintomas típicos da estação como febre e tosse contribuíram para esse maior procura por consultas pediátricas.
Durante o programa Frente e Verso, o médico destacou que o período de afastamento imposto pela pandemia pode ter interferido sobre a imunidade das crianças. Como não tiveram contato com o vírus da gripe, há uma hipótese de maior incidência neste período devido a esse “déficit” no organismo. Para ele, a maioria dos quadros respiratórios não são graves e não precisariam de atendimento médico. Mesmo assim, Weiand reforçou a importância dos pais monitorarem o quadro de saúde das crianças, em especial na duração dos dias em que o paciente apresenta febre.
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