Prejuízo de R$ 15,3 milhões em Marques de Souza resulta em decreto de emergência

Estiagem

Prejuízo de R$ 15,3 milhões em Marques de Souza resulta em decreto de emergência

Maiores perdas são registradas nas lavouras de milho, soja, hortigranjeiros e produção leiteira

Prejuízo de R$ 15,3 milhões em Marques de Souza resulta em decreto de emergência
Além de 50 mil litros por dia transportados por caminhão-pipa, município auxilia na abertura de reservatórios. Decreto foi entregue à Defesa Civil

Alerton Luis Wentz, de Linha Atalho, amarga perdas de até 100% nas lavouras de milho destinadas para a confecção de silagem. O alimento seria destinado ao gado leiteiro.

“Na primeira

safra tivemos um prejuízo de até 70% e a silagem colhida é de péssima qualidade. Já a segunda safra, provavelmente, se não chover bem nos próximos dias, vamos perder tudo. Isso é muito triste, mas contra as intempéries da natureza nada se pode fazer.”

Outro reflexo negativo é a queda na produção de leite. De 400 litros passou para 200. E para piorar, o preço despencou. “Cobre apenas o custo. Não temos mais lucro. O jeito é reduzir o consumo de ração, apostar em pastagem permanente e irrigação. É a única forma de manter a atividade.”

Caminhão pipa

Na propriedade de Marino Haack, de Linha Atalho, parte da água consumida pelo plantel de 39 bovinos, mais de 600 suínos e 37 mil frangos é feita pelo caminhão pipa da Secretaria da Agricultura. Em dias de extremo calor o consumo passa de 20 mil litros.

“Temos uma cisterna construída há 15 anos e capacidade de alojar 120 mil litros de água, além de nascentes e poços, mas tudo está com nível bem baixo e insuficiente para atender toda demanda.”

O milho destinado para silagem deve ter perdas de 100% e o seguro foi acionado. A produção de leite também registra queda de 50% em função da seca e a ausência de pasto verde.

“É uma realidade muito triste e nunca vista antes. Está difícil manter a produção com cada dia menos água. Mesmo que chova, os prejuízos são irreversíveis. Para recuperação das fontes precisa chover pelos menos 300 milímetros.”

Com o caminhão pipa são abastecidos 15 produtores, com cerca de 50 mil litros de água ao dia.

Perdas na soja

O funcionário público Eder Simonis, de Linha Perau, cultiva em torno de 15 hectares de soja e 5 de milho por ciclo. As lavouras de milho, antes destinadas para grãos, este ano viraram silagem, com perdas acima de 60% na produtividade em função da ausência de chuvas.

Já na soja, parte da lavoura cultivada teve que ser replantada e ainda sim muitas plantas não germinaram. A produção no ciclo anterior chegou a 70 sacas por hectare e deve cair para apenas 35, caso não sejam registradas precipitações nas próximas semanas.

“Sem a volta da umidade vamos perder mais de 70%. É uma pena, apesar de ser uma renda extra, temos todo investimento e o trabalho. É um dinheiro que fará falta.”

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Situação é grave

De acordo com levantamento da Emater, as perdas nas lavouras já alcançam R$ 15,3 milhões. Conforme com a extensionista Lilian Arnold Fucks, os maiores prejuízos se concentram na produção leiteira com queda estimada em 40%. O município possui 170 produtores, com uma produção anual de 9 milhões de litros.

Mesmo com chuvas normais, estima um período de seis meses para total recuperação. “As pastagens perenes secaram e a silagem é de má qualidade. Apuramos uma quebra de 11 mil litros por dia. Ao valor médio de R$ 1,80, representa um prejuízo de R$ 19,8 mil diariamente.”

Nos hortigranjeiros, 395 famílias são afetadas e queda de até 60% nas culturas de feijão, mandioca, abóbora, tomate, pepino, repolho, couve, entre outras, o que representa uma perda de R$ 510,7 mil. Na cultura de soja é registrada até o momento queda de 50%. Já no milho grão e silagem o prejuízo é de 70% e 50%, respectivamente.

Foco é o abastecimento

O prefeito Fábio Mertz (PP) destaca que a prioridade é garantir o abastecimento de água para o consumo animal e humano. Por isso, além do caminhão pipa para atender as famílias onde as vertentes secaram e não existe rede encanada, a secretaria de Obras realiza a ampliação de redes. Também foi ativado um poço artesiano para evitar o desabastecimento na maior rede do município.

“Felizmente nossos poços estão com vazão boa, mas a situação se agrava todos os dias. Pedimos a colaboração de todos para o uso racional. Com o decreto assinado agora buscamos junto ao Governo Estadual sua homologação e assim poderemos  minimizar os prejuízos causados pela estiagem.”


 

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