Caminhões pipa e tratores carregados com água viraram cenas comuns no interior de Capitão. Os carregamentos são diários e hoje atendem a 10 produtores rurais. Cada viagem custa R$ 600 aos cofres do município. O prefeito Jari Hunhoff calcula gastar R$ 100 mil em cargas de água nos próximos dois meses.
Levantamento da Emater e Defesa Civil indica prejuízos de R$ 12 milhões. As perdas fizeram o município decretar situação de emergência na sexta-feira passada. Mais de 90% da arrecadação de ICMS em Capitão é proveniente da agricultura e pecuária.
De acordo com o secretário da Agricultura, Márcio André da Costa, o município transporta pelo menos 50 mil litros de água por dia. Os carregamentos estão concentrados nas linhas São Jacó, Zanotelli e Picada São Paulo.
Em outras localidades, a comunidade consegue improvisar novas formas de abastecimento. Em São Domingos, por exemplo, o agricultor Luiz Fachini canaliza a água dos açudes do vizinho e piscicultor, Giovani Bianchinni.
Existem ainda relatos de irrigação irregular proveniente de arroios. Caso não chova de forma consistente dentro dos próximos 15 dias, a sanga deve secar.
“Pior seca em 25 anos”
O produtor rural, Valdir Pederiva, é um dos contemplados com as cargas de água oferecidas pelo município. Ele afirma que nunca viu uma estiagem como essa, desde que começou a plantar. Ele cultiva milho e cria suínos e aves.
No ano passado, Pederiva também teve que recorrer ao abastecimento por meio de tratores ou caminhões. Foi a primeira vez que ele precisou desse tipo de auxílio em mais de 20 anos de atividades.
“Nós tínhamos uma fonte de água que nunca secou. Eu e mais dois produtores nos beneficiávamos dela. Secar não secou, mas é insuficiente. Dá muita pouca água”.
A vertente é localizada em um terreno a 500 metros do aviário. Valdir chegou a comprar o lote por conta da fonte de água, mas o investimento não protegeu o produtor da seca.
Ele precisa de 30 mil litros de água a cada dois dias. A previsão é que a necessidade dobre assim que as mais de 12 mil aves crescerem.