Projeto que limita mandatos encontra resistência na câmara

POLÍTICA

Projeto que limita mandatos encontra resistência na câmara

Parlamentares apontam inconstitucionalidade e interferência na democracia

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Projeto que limita mandatos encontra resistência na câmara
Projeto chegou na câmara na semana passada. Comissão tem 30 dias para emitir parecer (Foto: Divulgação)
Encantado
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O projeto que visa limitar a reeleição no Legislativo ganhou corpo e atingiu o objetivo preliminar. No fim da semana passada, o proponente, advogado Daniel Angelo Passaia, protocolou o texto na câmara após conquistar em torno de 1.200 assinaturas. O apoio foi obtido em um mês, pois o lançamento ocorreu no dia 15 de setembro. Para ser encaminhada ao parlamento, a iniciativa precisava da adesão de 5% dos eleitores, o que corresponde a 875 pessoas.

Em entrevistas recentes aos veículos do Grupo A Hora, Passaia afirmou que a proposta consiste em permitir somente uma recondução ao cargo e a atual legislatura serviria de base. Nesse sentido, se justifica porque seria um dispositivo capaz de promover a atualização permanente do quadro político. Com a renovação, haveria uma redução ou até o fim da desigualdade nas disputas eleitorais. Isso se refletiria no equilíbrio dos cenários para os candidatos estreantes e veteranos, independente de fatores como idade e poder aquisitivo.

“Não é inconstitucional”

Passaia sustenta a validade da proposta porque não interfere na atuação do parlamentar e nem influencia na legislação eleitoral. Em suma, seria uma regra ético-moral, que acarretaria na perda de mandato ao vereador que a desrespeitasse.

Também se trata de uma democracia liberal e não infringiria a Constituição. Nesse conceito, não basta separar o poder. É importante que ele passe por diversos representantes e o sistema seja capaz de impor isso.

Em análise

De acordo com a presidente da câmara, Andresa de Souza, a Yê, (MDB), o projeto está em análise na Comissão de Constituição e Justiça. As primeiras impressões da assessoria jurídica sinalizam para uma inconstitucionalidade. Se esse parecer for mantido, os vereadores sequer discutirão o mérito no plenário. Um encaminhamento definitivo está previsto para até 30 dias.

Na hipótese de integrar a ordem do dia de uma sessão, será concedido um prazo de 10 minutos para o Passaia defender o projeto na tribuna. Em seguida, os parlamentares deverão votar. Se aprovado, a presidente Yê promulgará porque altera a Lei Orgânica. “Não crio expectativas porque tudo faz parte de um processo democrático. Entendo e devo respeitar os argumentos favoráveis e contrários. Mas obviamente espero um desfecho positivo, até para validar a vontade do povo de Encantado”, conclui Passaia.

Com a popularidade da proposta, a reportagem ouviu o ponto de vista dos vereadores sobre o tema. As impressões estão direcionadas para a viabilidade do projeto e o impacto no poder de decisão dos eleitores.

O que pensam os vereadores

  • Andressa de Souza (MDB): “Não deveria existir projetos dessa natureza. Cabe à população verificar o que cada vereador está fazendo ou não. E assim, tomar a sua decisão”
  • Duda do Táxi (MDB): “O assunto é pertinente e tem dois lados. Tenho minhas dúvidas quanto à validade, mas sou a favor e considero uma boa proposta.”
  • Joel Bottoni (PSDB): “A renovação é importante, mas quem tem esse poder é a comunidade. A avaliação é cada cidadão”
  • Valdecir Cardoso (Progressistas): “É algo inconstitucional. Não podemos privar a liberdade do povo de escolher o seu candidato.”
  • Cris Costa (PSDB): “Expus na minha campanha que sempre tentarei apenas uma reeleição para todos os cargos eletivos. Apoio a ideia do Passaia, mas acho difícil ser aprovado. ”
  • Roberto Salton (PDT): “O projeto tem veias como a popular, muito boa para a democracia, e a própria questão legal. Cabe uma reflexão. Ainda assim, o melhor remédio é a urna”
  • Diego Pretto (Progressistas): “Acredito que o projeto afronta a Constituição, pois cria uma nova inelegibilidade e retira um direito do cidadão”
  • Valdecir Gonzatti (MDB): “É importante também escutarmos a comunidade, pois a opinião pública contribuiu para o protocolo”

*Marino Deves (Progressistas) afirmou que ainda não leu o projeto. Assim, não tem conhecimento para emitir uma opinião. A reportagem não conseguiu contato com Sandra Vian (PSDB) e Sander Bertozzi (Progressistas).

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