Preços de aluguel de imóveis disparam com IGP-M em alta

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Preços de aluguel de imóveis disparam com IGP-M em alta

Índice utilizado para reajustar os contratos teve alta de 23,14% no ano passado e 31,1% nos últimos 12 meses. Em Brasília, deputados tentam aprovar projeto que muda o indexador

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Preços de aluguel de imóveis disparam com IGP-M em alta
Foto: Arquivo A Hora
Vale do Taquari

Os primeiros meses de 2021 trouxeram uma surpresa desagradável para muitos inquilinos, com o reajuste dos contratos de aluguel, sejam eles residencial ou comercial. Isso porque o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) atingiu um patamar histórico no acumulado de 2020, chegando a 23,14%.

Para quem teve o reajuste a partir deste mês, o impacto foi ainda maior, já que o acumulado dos últimos 12 meses foi de 31,10%. Alimentos e combustíveis, que tiveram sucessivas altas ao longo do ano passado, influenciaram no percentual. O IGP-M é o indexador utilizado na grande maioria dos contratos de locação.
A saída para que locatários continuem nos imóveis tem sido a negociação com os proprietários, intermediada pelas imobiliárias. Em muitos casos, as partes conseguem chegar a um valor mais acessível.

“Esse percentual deixou os alugueis fora da realidade. Atuo no mercado imobiliário há 30 anos, nunca tinha visto um período com o IGP-M tão alto assim”, comenta o delegado da subregião de Lajeado do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci) e representante do Sindicato das Imobiliárias do RS (Secovi), Marco Aurélio Munhoz.

Conforme ele, os inquilinos, assim que são comunicados dos reajustes, têm ligado para as imobiliárias para negociar um valor acessível. “Isso desde que os inquilinos sejam bons pagadores. Se o cara não paga em dia, o proprietário não terá interesse em fazer um acerto com ele”, alerta.

Período estressante

Proprietário de uma imobiliária no bairro Florestal, Mateus Pedó considera o período como “desafiador” e que a negociação de valores mais acessíveis sempre foi comum, mas não de vários imóveis ao mesmo tempo.

“Está sendo bem estressante negociar. Como intermediários, temos que agradar as duas partes. E muitas vezes nenhuma delas ficam satisfeitas. Mas, num geral, conseguem chegar a um acordo. Os proprietários não querem perder inquilinos”, comenta.

Os alugueis comerciais têm sido uma dor de cabeça constante. No ano passado, em meio ao período de fechamento do comércio, lojistas chegaram a conseguir até 50% de redução no valor. Agora, após um novo período sem funcionar, o problema voltou à tona. “Há uma boa quantidade de lojas com um valor bem expressivo”, relata Pedó.

Fora da realidade

Na avaliação do economista e consultor empresarial Fernando Röhsig, a tendência é de que o IGP-M tenha mais um acumulado exagerado em 2021, puxado pela alta de produtos com preços dolarizados, assim como ocorreu em 2020.

“A moeda americana saiu de R$ 4,25 para R$ 5,60 em 2020. Os preços de materiais de construção são todos dolarizados. E eles representam quase 60% do atacado. E, nestes itens, a demanda é maior do que a oferta. É isso que o IGP-M mede e, teoricamente, ele não tem nada ver com aluguel. E vai ficar novamente neste patamar. Continuará fora da realidade”, analisa.

O Relatório Focus divulgado no começo da semana projetou um acumulado de 12% para o IGP-M. Porém, só nos três primeiros meses, a alta é de 8,26%.

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