A publicação de um vídeo no último domingo trouxe novos elementos à campanha eleitoral de Lajeado e iniciou uma batalha jurídica entre candidatos. Na publicação, a candidata Márcia Scherer (MDB) acusa o atual prefeito Marcelo Caumo (PP) de ligação com o crime organizado.
O vídeo mostra Caumo em um evento de campanha do candidato a vereador Oilquer João dos Santos (PSDB), o Néco. Segundo Márcia, ele seria financiado por líderes do crime organizado.
A coligação Juntos para Seguir em Frente, que tem o atual prefeito como candidato à reeleição, representou contra a candidata e a empresa Facebook Serviços Online do Brasil LTDA por propaganda irregular.
Na segunda-feira, 26, a Justiça Eleitoral determinou que o vídeo seja retirado do ar em até 24 horas, sob pena de multa diária de R$ 1 mil à candidata. A decisão liminar é assinada pelo juiz Marcelo da Silva Carvalho, da 29ª Zona Eleitoral.
“No vídeo a candidata não apresenta documentos ou outra comprovação da apontada ligação do candidato da situação com o crime organizado, ou mesmo que as pessoas citadas no vídeo em que aparece o candidato possuam antecedentes criminais citados por ela”, diz trecho da decisão.
“Dever de alertar a sociedade”
Márcia mantém as afirmações e diz que não vai retirar o conteúdo do ar, mas recorrer da decisão dentro das 24 horas.
“O vídeo continua ativo na rede para produzir efeitos. Na verdade, tem sido um remédio bem forte para qualquer candidato que considera aceitar o pé de apoio do submundo para sua campanha”, afirma.
Márcia afirma que em diversas cidades brasileiras o crime organizado se movimenta para eleger candidatos. Ela cita o exemplo de Viamão, onde uma candidata a vereadora foi presa em operação da Polícia Civil contra a ocupação de um condomínio popular por traficantes na última sexta-feira.
“Minha posição como ex-delegada de polícia é o dever de alertar a comunidade”, afirma.
“Trabalhamos juntos nas outras eleições”
Néco se disse surpreso e decepcionado com as colocações de Márcia, com quem trabalhou nas eleições de 2016. Na ocasião, ele integrava o PDT, que fazia coligação com o MDB.
“Me surpreendeu porque nós trabalhamos juntos nas outras eleições. Ajudei muito, caminhei com ela nos bairros, nas vilas, tudo. Me dava super bem com ela. A gente toma um baque”, comenta.
O candidato afirma que sua campanha não tem qualquer relação com o crime organizado e repudia as afirmações de Márcia. “Estamos no século XXI e a política suja ainda acontece. Lamentável. Se eu devesse algo, a Justiça já teria me cobrado”.
Néco registrou uma ocorrência na Polícia Civil por calúnia e difamação. Ele ainda avalia ingressar com ação na Justiça pelos mesmos crimes.
“Argumento para tentar enganar o eleitor”
Caumo afirma que foi a um evento de campanha, como ocorre em outros bairros do município. “A gente não tem preconceito com nenhum bairro, fizemos questão de estar em meio à comunidade”, diz.
O atual prefeito lamentou a situação e afirmou que vai entrar com ação por crime eleitoral e também uma ação civil indenizatória, na Justiça comum, por calúnia e difamação.
“Tenho certeza que a Márcia sabe que não tenho vínculo com tráfico e facções criminosas, pena que usa esse tipo de argumento para tentar enganar o eleitor”, rebate.