Status no passado, desvalorização no presente e importância ao futuro

Dia do Professor

Status no passado, desvalorização no presente e importância ao futuro

O ensino se transforma. Seja pela imersão tecnológica, pela relação da sociedade com as escolas ou mesmo pelo impacto da pandemia. Diferentes gerações de educadores traçam paralelos sobre como a profissão mudou ao longo das últimas décadas. Do conceito de professor como centro do conhecimento até o papel de orientador para garantir protagonismo aos alunos  

Vale do Taquari

“Havia um respeito e até medo dos professores no passado. Antes éramos o centro do conhecimento na sala. Hoje os alunos têm muito mais informações, às vezes se perdem, e precisam ser orientados. Apesar das mudanças e da tecnologia, o professor continua sendo fundamental para a sociedade”.

A afirmação da professora Ledi Schneider, 80, traça um paralelo entre passado e presente. Com 57 anos de atuação no magistério, reconhece: “o professor nunca pode parar. Eu, inclusive, tive de aprender a usar computador. A participar de transmissões ao vivo. Para mim isso é muito difícil. Mas me esforço e consigo.”
Toda a experiência de Ledi, moradora de Teutônia, docente desde 1963, quando começou no Grupo Escolar Canabarro (hoje Escola Reynaldo Affonso Augustin), serve de exemplo para uma análise sobre as transformações na função dos professores.

(Foto: Arquivo A Hora)

Para ela, ainda que haja uma imersão tecnológica na sala de aula, uma exigência constante de formação dos mestres e o afastamento dos núcleos familiares da vida estudantil dos jovens, o cerne do trabalho do professor mudou pouco.

“Hoje é muito diferente ser professor. Mas para quem ama o que faz, para quem tem no sangue esse desejo de ser professor, não há tanta mudança. Precisamos acompanhar a época em que vivemos. Saber ouvir o estudante. Orientá-lo nas suas pesquisas e também nas suas metas de vida. É assim que podemos fazer a diferença no futuro da sociedade.”

Do passado em que ser professor era ter importância na comunidade, para hoje, em que a desvalorização ultrapassa a questão salarial e das condições de trabalho, estudo mundial feito no ano passado com 35 nações mostra que os brasileiros desvalorizam os mestres. O Brasil foi considerada a nação que menos valoriza o professor. No país, os professores foram comparados aos bibliotecários, em termos de status social.

Diferentes gerações e a mesma missão

Leda Schneider, professora de 80 anos (Foto: Arquivo Pessoal)

As palavras da professora Ledi Schneider estão presentes nas novas gerações de docentes. “O desafio de hoje é entender todas as mudanças na sociedade. Da minha adolescência, que não faz tanto tempo, para hoje em dia. Qualquer distração, uma mensagem que o aluno recebe no celular, já é suficiente para dispersar a atenção. O professor precisa descobrir formas de manter os estudantes na sala de aula”, diz o professor de Matemática, Rafael Araújo Gravina, 26.

Natural de Taquari, ele atua faz cinco anos na Escola Estadual Nicolau Muschnich. Pela observação dentro da sala de aula, afirma que é necessário interpretar os alunos. Fazer com que esse estudante desperte em si o senso crítico sobre a importância do conhecimento à vida.

Desinteresse pela carreira

A importância da função do professor é percebida em todas as atividades. Na sociedade, representa o conhecimento que é propagado às novas gerações. Muitos fazem o papel de pai, mãe, psicólogo. Assumem responsabilidades que ultrapassam as salas de aula.

Rafael Gravina, professor de 26 anos (Foto: Arquivo Pessoal)

Se há um conceito de que o professor é importante para a sociedade, por que há redução no interesse dos jovens em seguir a carreira de docente? Nas quatro escolas estaduais da região com o curso de magistério (Castelo Branco, Estrela da Manhã, Monsenhor Scalabrini e Pereira Coruja) não chega a 100 formados por ano.

Conforme o Ministério da Educação, apenas 2% dos diplomados no Ensino Médio escolhem ser professor. De 2007 até 2011, estatísticas da Educação Básica revelam que o percentual de educadores com menos de 24 anos caiu de 6% para 5,1% no país. Por outro lado, a proporção de mestres com mais de 50 anos subiu de 11,8% para 13,8%. No estado, o quadro é o mesmo. Os professores mais jovens reduziram de 5% para 4,7% e os mais velhos avançaram de 16,3% para 18,1%.

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