Após o início do processo de limpeza do antigo Passo de Estrela, o município de Cruzeiro do Sul avança no projeto de construção do novo bairro, em área não alagável. O terreno, que fica no bairro Cascata, foi adquirido pelo Estado e deve receber 220 moradias definitivas destinadas às famílias atingidas pelas enchentes.
No local do futuro bairro, estão instalados, hoje, 30 módulos temporários, entregues aos moradores nesta semana. Depois de 10 meses da tragédia, o último abrigo do Vale foi fechado, em Cruzeiro do Sul. Outras 28 unidades haviam sido implantadas em setembro, ao lado do Esporte Clube Salão Quinze de Novembro, no bairro São Gabriel.
O projeto das moradias definitivas foi apresentado no último mês pelo governador Eduardo Leite, em audiência pública. O Novo Passo de Estrela será um bairro planejado, dispondo de infraestrutura social, áreas de lazer e espaços voltados para a convivência. A intenção é, além das 220 casas, construir equipamentos públicos como escola e unidades de saúde, no terreno de cerca de 16 hectares.
A área já abrigou as granjas da Lacesa e Parmalat, e mais recentemente uma fábrica de paletes de madeira. Além disso, o Estado atua junto com o município na identificação de outros terrenos para agilizar a construção de mais moradias. Em Cruzeiro do Sul, são necessárias a reconstrução de 1,2 mil casas, conforme dados da Assistência Social.
Prefeito do município, Cesar Leandro Marmitt diz ter acompanhado o projeto desde o ano passado e afirma que a ideia do novo loteamento foi amadurecendo. Ele destaca que apesar de ser chamado de novo Passo de Estrela, a comunidade, em audiência pública, manifestou a vontade de que seja criado uma nova nomenclatura, já que moradores de outras localidades do município atingidas pelas cheias também vão residir no local.
Marmitt afirma que reuniões com o Estado buscam acelerar as obras. Segundo ele, ainda faltam ajustes na documentação dos terrenos.
Memorial e sustentabilidade
Já para a área antiga do bairro, a projeção é de construir um parque de recreação. A intenção é reaproveitar o material da área e construir um espaço público, com trilhas, área educativa, para atividades de lazer e áreas de convívio.
A secretaria de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano (Sedur) está em fase de contratação de um projeto para a construção do parque linear na área, onde não é mais possível haver residências. O parque terá 250 mil metros quadrados e será semelhante à Orla do Guaíba, em Porto Alegre.
A proposta é que a construção siga o conceito de “parque-esponja” na orla do Rio Taquari, em Cruzeiro do Sul, com estruturas sustentáveis, capazes, também, de drenar a água e reduzir os impactos de novas inundações.
Além disso, pretende-se criar um memorial da enchente no novo parque, destinando um local para a imagem de Nossa Senhora de Fátima, que resistiu à destruição do bairro e ao desabamento da igreja.
Números de Cruzeiro do Sul
- 1.054 casas totalmente destruídas
- 1.680 casas inabitáveis
- 2.506 casas atingidas pelo alagamento
- 23 famílias em abrigo municipal (44 pessoas)