Razão para acreditar

Editorial

Razão para acreditar

A Lei da Transparência sancionada em 2009 foi insuficiente para garantir lisura às gestões públicas. Facilitou o acompanhamento da população sobre a atuação dos segmentos públicos. Ainda assim, corruptos organizam esquemas para driblar a lei e manter os interesses políticos,…

Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

A Lei da Transparência sancionada em 2009 foi insuficiente para garantir lisura às gestões públicas. Facilitou o acompanhamento da população sobre a atuação dos segmentos públicos. Ainda assim, corruptos organizam esquemas para driblar a lei e manter os interesses políticos, partidários e econômicos de grupos que chegam ao poder.
O conluio mostrado pela Rede Globo, no Fantástico desse domingo, exemplifica a relação promíscua entre empresas e autoridades. Sem poder garantir o emprego dos cabos eleitorais nas repartições públicas, os políticos eleitos, com a anuência de empresários, usam empresas terceirizadas como cabide de emprego. Entre as organizações investigadas, está uma empresa de vigilância do Vale do Taquari.
Ainda que os contratos sob suspeita não sejam com prefeituras da região, a conduta serve de alerta à sociedade. Usar a máquina pública como instrumento de poder, seja para garantir apoio nas demandas enviadas aos Legislativos, ou mesmo para sustentar as bases partidárias, perpetuar renda para os aliados e fazer um caixa 2 para a campanha, é uma prática contínua e persistente nas repartições públicas.
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A corrupção no país é endêmica. Não está só na classe política. Esse mal está impregnado na nação. Formas de burlar as leis e levar vantagem aparecem em todos os segmentos da sociedade. Como resultado, a comunidade vive com serviços públicos precários.
Em época de queda nas receitas, as classes políticas, em especial aqueles à frente das repartições, adotam o discurso da austeridade. Na hora dos cortes, em vez de começar pela própria carne, com revisão nos contratos das consultorias, das terceirizadas e no número de CCs, a prática é diferente do discurso.
Esse tipo de política afasta as pessoas do debate. O país chegou a uma encruzilhada. Precisa de exemplos, pois o alto nível da corrupção alimenta a insatisfação dos brasileiros.
Neste mar de lama no qual o país está mergulhado, de todo o desgosto com a classe política e descrença com o futuro, é preciso encontrar razões para acreditar na democracia.
De fato, a liberdade de atuação à imprensa, bem como o fortalecimento das instituições de investigação, seja o Ministério Público, as polícias e o Judiciário, representam avanços importantes para a moralização do Brasil.

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