Idoso persegue bandidos e acaba morto em briga

Lajeado

Idoso persegue bandidos e acaba morto em briga

Homicídio no bairro Hidráulica foi motivado por furto de plantas do jardim da família

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Idoso persegue bandidos e acaba morto em briga
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Oaposentado Gastão Artur Koelzer, 64, reagiu ao furto de folhagens e foi morto. Dois homens invadiram o pátio da casa para furtar dois vasos com palmeiras cica. Durante a fuga, foram seguidos pelo idoso. A polícia suspeita que a morte ocorreu devido a pauladas na cabeça.

O fato foi às 2h45mim, na esquina da rua 17 de Dezembro com a Bento Rosa. Koelzer e a mulher dormiam no momento da invasão. A vítima percebeu movimentação da dupla e saiu com um facão na tentativa de reaver as plantas roubadas.

Um motorista passava no local no momento da briga. Segundo o relato da testemunha, Koelzer corria com o facão atrás da dupla até tropeçar e cair próximo a um quebra-molas. Após a queda, tentou voltar para casa e discutia com um dos suspeitos, quando foi golpeado pelas costas. No chão, foi agredido até a morte.

Segundo o registro, o corpo apresentava um corte profundo na cabeça. Até o fim da tarde, não havia definição quanto a outras lesões. “Ele gostava e cuidava muito do que tinha, era uma pessoa muito trabalhadora, não fazia mal a ninguém”, resumiu um familiar.

A casa do idoso já havia sido alvo de criminosos no domingo. Na primeira ocorrência, os invasores tinham levado um vaso com a mesma planta. Morador de uma transversal da rua 17 de dezembro faz 30 anos, Koelzer deixou a mulher, dois filhos e um neto. O corpo foi enterrado ontem à tarde, no cemitério católico do bairro.

Autores com antecedentes

Nestor Anselmo, 40, morador do centro, e Rafael de Oliveira, 32, de Cruzeiro do Sul, foram presos pela Brigada Militar (BM) na rua Décio Martins Costa minutos após o crime. Eles já tinham passagens pela polícia e foram encaminhados ao Presídio Regional de Lajeado.

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Anselmo tinha passagem por furto simples em residências e lesão corporal. O histórico de Oliveira é mais extenso e compreende furto qualificado, tentativa de homicídio, roubo à residência, carro e agressão com uma barra de ferro. Ambos costumavam circular pelo bairro todos os dias para coleta de materiais reciclados. Durante a abordagem, os policiais perceberam que havia dois vasos de plantas e um facão no carrinho de coleta.

Fato atípico

Segundo o comandante do 22º Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente-coronel César Pereira da Silva, crimes desse tipo no bairro são pouco frequentes. No município, afirma, as ocorrências costumam se concentrar em pontos do centro, como no Parque Professor Theobaldo Dick ou nas principais ruas da área.
De acordo com ele, situações de roubo, em que a vítima fica exposta à violência, são mais preocupantes. Dados de um levantamento prévio da Brigada Militar indicam três ocorrências de roubo no bairro entre janeiro e fevereiro deste ano.

Na avaliação do comandante, a morte do idoso é lamentável pela forma como aconteceu.
Homicídios no ano
Lajeado detém a maioria dos assassinatos da região neste ano. Dos oito, seis foram na cidade.
A partir de março, afirma o comandante da BM, operações para reduzir ocorrências ligadas ao tráfico de drogas, posse de armas, roubo de veículos e em residências devem ser intensificadas. As medidas foram confirmadas na semana passada e pelo menos quatro delas devem ser desenvolvidas com apoio de outros batalhões.

Ação violenta

O crime comoveu parentes e causou surpresa em representantes da Segurança Pública. De acordo com delegado da Polícia Civil de Lajeado, Juliano Stobbe, os dois suspeitos tiveram o pedido de prisão temporária decretada após serem apresentados na delegacia. Para ele, a violência das agressões chama a atenção.
O delegado evita julgar a atitude do morador e salienta a importância do autocontrole durante ocorrências do tipo.

“Por mais indignados que as pessoas estejam, reagir é sempre a última alternativa. Se ela tem a possibilidade de ficar em segurança, deve fazer.”
Assim como o delegado, o comandante da 1ª Companhia do BPM de Lajeado, capitão Luciano Johann, classifica o crime como uma fatalidade.

Ele reforça o risco das reações de vítimas e afirma ser necessário o contato e repasse ágil das informações à polícia. “Nós falamos sempre para as pessoas não reagirem, mas, muitas vezes, agem por instinto e não levam em consideração os riscos.”

De acordo com ele, casos de latrocínio são pouco recorrentes no município. Neste ano, este foi o primeiro caso. Já em 2015, duas ocorrências de roubo seguido de morte foram registradas em Lajeado. Dados da Secretaria de Segurança Pública indicam um latrocínio entre 2010 e 2014.
Em contrapartida, os homicídios tiveram aumento no mesmo período. O ano com maior número de assassinatos foi em 2014, com 30 casos.

No mesmo bairro

Poucas quadras do local onde Koelzer foi morto, há cerca de um ano, outro homicídio causou comoção no bairro. Na época, Reonildo Zapello, 60, foi morto à marretadas durante a madrugada por um vizinho. O crime teria sido motivado pela possibilidade de vender itens da casa para comprar drogas. O fato aconteceu na rua João Pessoa.

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