Atraso na fala: quando buscar ajuda

NOSSOS FILHOS

Atraso na fala: quando buscar ajuda

Especialistas destacam importância dos marcos do desenvolvimento infantil na identificação precoce de falhas no crescimento das crianças e reforçam o papel dos estímulos no progresso da comunicação

Atraso na fala: quando buscar ajuda
FOTO: Grasi Nabinger

Acompanhar o desenvolvimento das crianças e estar atento a atrasos ou dificuldades em diferentes idades pode ser um desafio. Os pequenos precisam de estímulos e, em alguns casos, apresentam patologias que podem ser associadas a uma dificuldade específica. Entre elas, o atraso da fala.

Esse foi o tema do programa Nossos Filhos, da Rádio A Hora 102.9, debatido pelo pediatra João Paulo Weiand, junto às fonoaudiólogas Paloma Campillay e Fabiane Horn. De acordo com as profissionais, o marco do desenvolvimento infantil auxilia na identificação de falhas no crescimento das crianças.

O conceito se configura como um conjunto de habilidades e comportamentos que a maioria das crianças adquire dentro de uma determinada faixa etária. Esses marcos ajudam a acompanhar o crescimento e o progresso do desenvolvimento físico, cognitivo, social, emocional e da linguagem. Caso haja atrasos nesses marcos, pode ser um sinal de que a criança precisa de acompanhamento profissional.

As fonoaudiólogas afirmam que as causas de atraso da fala são variadas, desde dificuldade sensorial, como uma falha na audição, passando por alterações do neurodesenvolvimento, como alguma deficiência intelectual e autismo, distúrbios específicos de linguagem ou apraxia da fala, na qual a criança tem a ideia do que quer comunicar, mas seu cérebro falha ao planejar e programar a sequência de movimentos para produzir sons da fala.

Conjunto de estímulos

Fabiane afirma que, em geral, crianças com 3 anos de idade já devem saber falar frases completas. Mas, antes da fala, no entanto, destaca outros movimentos que devem ser percebidos no desenvolvimento da criança, como reflexos e imitação.

“O bebê já começa a fazer contato visual, vai perceber as expressões no rosto dos pais, e imitar. A fala é um ato motor, ela é treinada e imitada. Então a criança vai começar a imitar os sons, os barulhos que ela escuta as pessoas produzindo, e pra isso precisa ter um contato visual”. Segundo a fonoaudióloga, essas são habilidades comunicativas necessárias antes da fala.

Fabiane diz que o atraso na fala ainda pode estar relacionada com uma deficiência auditiva. “Crianças perto de um ano que não estão tentando balbuciar, falar, temos que ter atenção”. A profissional afirma que os estímulos necessários para o desenvolvimento das crianças vêm de casa, nas brincadeiras, conversas com os pais, e na leitura de um livro para a criança.

Paloma também ressalta a importância dos pais conhecerem o marco do desenvolvimento infantil e saberem o que é esperado para cada idade. “Às vezes fica confuso. Em muitos casos, o primeiro a perceber alguma dificuldade é o professor”. Para a fonoaudióloga, a busca por ajuda não implica em um diagnóstico, e sim em intervenções que possam auxiliar a criança a superar esse desafio. “Quanto mais cedo começar esse estímulo, melhor será o desenvolvimento”, destaca.

Atenção aos sinais

Quando não há transtornos ou doenças mais graves, grande parte das crianças conseguem superar o atraso da fala com as terapias. Nos casos em que há um diagnóstico adicional, o desenvolvimento da linguagem vai depender da gravidade do caso e das condições de cada criança.

As profissionais afirmam que, a partir dos 9 meses, o bebê já passa a balbuciar e simular sons. Quanto mais interativo é o ambiente, melhor será o avanço da comunicação da criança.

A preocupação, em geral, ocorre quando o bebê não é interativo e não reage ao ambiente à sua volta. A recomendação é estabelecer uma comunicação desde cedo com o bebê.

Marcos do desenvolvimento infantil até 2 anos

0-3 meses
-Reflexos primitivos (sucção, preensão);
-Contato visual e reconhecimento de vozes;
-Movimentos descoordenados, mas começa a levantar a cabeça;

4-6 meses
-Rola e tenta sentar com apoio;
-Segura objetos e leva à boca;
-Sorrisos sociais e primeiras vocalizações;

7-9 meses
-Senta sem apoio;
-Começa a engatinhar;
-Balbucia sílabas (“mamama”, “bababa”);

10-12 meses
-Fica em pé e pode dar os primeiros passos;
-Aponta e faz gestos;
-Diz palavras simples (“mamã”, “papá”);

1 ano
-Anda com apoio ou sozinho
-Explora objetos e empilha blocos;
-Entende ordens simples;

2 anos
-Corre e sobe degraus;
-Fala frases curtas (2-3 palavras);
-Começa a brincar simbolicamente.

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