PRF contabiliza 692 acidentes no trecho entre as pontes

LAJEADO A ESTRELA

PRF contabiliza 692 acidentes no trecho entre as pontes

Colisões leves com danos materiais são as mais comuns desde o período pós-inundação entre as duas maiores cidades da região

PRF contabiliza 692 acidentes no trecho entre as pontes
Foto: Gabriel Santos
Vale do Taquari

A tentativa dos motoristas em reduzir o tempo de espera enquanto o trânsito está parado é o motivo principal dos acidentes nos cinco quilômetros entre as três pontes que ligam Lajeado a Estrela.

Essa é a análise da Polícia Rodoviária Federal (PRF) frente a sequência de colisões na BR-386. Desde a reabertura do trânsito, após a inundação de maio até ontem, terça-feira, 22 de outubro, foram 692 registros de colisões.

A maioria são de danos materiais (656). Os 36 restantes tiveram vítimas com lesões leves e graves. “O percurso abrange a passagem dos veículos nas pontes e nos pontos de engarrafamentos da rodovia”, esclarece o chefe da 4ª Delegacia da PRF, Marcos César Barbosa Silva.

Agentes da PRF acompanham movimento entre Lajeado e Estrela. Conforme o responsável pela 4ª delegacia, pressa e imprudência causam os acidentes. (Foto: Gabriel Santos)

Para se ter uma ideia, na segunda-feira, foram quatro acidentes em diferentes pontos. Pela análise do agente, além da quilometragem próxima às pontes, há registros de excesso de velocidade e ultrapassagens perigosas logo na sequência da rodovia. “Assim que o motorista sai das filas, tenta ‘ganhar’ tempo”, adverte.

Em um destes registros, houve um abalroamento com cinco veículos. Conforme o chefe da PRF, as colisões acontecem devido ao comportamento do motorista. “A imprudência é o motivo destes acidentes. Buscamos orientar, mantemos o nosso posto com trabalhos de educação, pois o motorista precisa ser consciente. Está difícil para todo mundo. Não vale a pena arriscar. Qualquer colisão traz ainda mais transtornos”, diz Silva.

A polícia rodoviária está hoje com cinco equipes fixas de trabalho no trecho da BR-386. Em caso de urgências, são designados mais agentes de outras delegacias para atuar na região. O número de agentes alterna entre dez até 20 servidores.

O motorista de ônibus de Estrela, Sidnei de Borba, ressalta: “estamos todos no mesmo barco, enfrentando as mesmas dificuldades”. (Foto: Daniély Schwambach)

Cotidiano de transtornos

A travessia pela ponte do Rio Taquari tornou-se um desafio, ainda mais para quem depende do transporte público. As filas geram atrasos para trabalhadores e estudantes que precisam fazer o trecho Lajeado e Estrela todos os dias.

O motorista da Auto Viação Estrela, Sidnei de Borba, tem 24 anos de ofício. “Fui o primeiro a conduzir o ônibus quando reabriram a ponte. Foi um sentimento de ansiedade e de alívio, pois sabia que era um momento marcante”, conta. Segundo ele, os piores dias costumam ser segunda-feira pela manhã e o fim da tarde das sextas.

“A situação se complica ainda mais por causa da Boa União. Sem a passagem pelo Super Porto, a saída de Estrela ficou muito mais congestionada. Como profissional da direção, orgulha-se por seguir a mais de duas décadas. Na visão dele, o motorista precisa ter empatia e paciência. “Estamos todos no mesmo barco, enfrentando as mesmas dificuldades. Se conseguirmos ter um pouco mais de compreensão, tudo fica mais fácil”, ensina.

Entrevista
Marcos César Barbosa Silva • chefe da 4ª Delegacia da PRF

“Nós dependemos do comportamento dos motoristas”

A Hora – Frente aos pontos de engarrafamentos e as dificuldades na circulação pela BR-386, qual a estratégia de trabalho da PRF nestes locais?

Marcos César Barbosa Silva – Mantemos equipes em constante atuação, seja para fiscalização e também para avaliação sobre as condições de trafegabilidade. Mantemos o contato com as equipes da CCR ViaSul, seja para organizar momentos de liberação e também para readequar a sinalização. Infelizmente, a circulação nas pontes ainda é problemática e assim vai ficar para os próximos meses. O motorista tem de entender que essa situação é passageira e consequência da grande crise de maio.
Monitoramos os engarrafamentos a todo o momento com o propósito central de reduzir o número de acidentes e, entre orientação, também flagramos irregularidades. Disso tudo, dependemos do comportamento dos motoristas. Por isso, é muito importante neste momento ter paciência e prudência. Não adianta tentar uma velocidade maior, passar pelo acostamento, pela faixa contínua e causar um acidente. Isso vai atrasar ainda mais a viagem, ou o pior, causar lesões graves ou mesmo alguma morte.

– Na avaliação da PRF, quais os motivos para tantos acidentes?

Silva – O principal é a imprudência. A rodovia trancada prejudica a todos e a impressão que dá é de uma tentativa de ganhar algum tempo, seja com o uso do acostamento, ultrapassar em lugar proibido, entrar em uma vaga na frente do outro. Esses comportamentos causam pequenos acidentes. A maioria não causa danos físicos, mas fazem com que o trânsito, complexo e difícil, fique ainda pior.
Estamos com o dobro de equipes nos trechos da BR-386 no Vale. A gestão nacional da PRF está em contato direto conosco. A nossa preocupação é sempre para que os motoristas tenham segurança enquanto estão nas estradas.

– Sobre o comportamento do motorista. Quais as principais ocorrências e quantas infrações aplicadas?

Silva – O principal é trafegar no acostamento nos pontos de engarrafamento. Nas saídas, temos ultrapassagens proibidas e até excesso de velocidade. Quanto aos números, a decisão do comando é não fornecer esses números. O que podemos falar é de acidentes. Dentro da 4ª delegacia, nossos registros são voltados para acidentes com vítimas, seja lesões leves, médias ou graves. Agora, com danos materiais, os números vão para a superintendência de Porto Alegre, pois é o próprio motorista que preenche a declaração de acidente.

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