“História e genealogia caminham de mãos dadas”

ABRE ASPAS

“História e genealogia caminham de mãos dadas”

Historiador e escritor, Décio Aloísio Schauren, 76, foi um dos palestrantes do seminário que integrou as programações do Neue Heimatfest, no fim de semana. Com o tema “As perseguições às comunidades de origem alemã”, o escritor destacou as contribuições das comunidades germânicas que povoaram a região. Natural de Arroio do Meio, ele mora hoje em Porto Alegre, onde continua se dedicando a estudar a genealogia das famílias germânicas

“História e genealogia caminham de mãos dadas”
Foto: Andreia rabaiolli

Conte um pouco sobre sua trajetória.

Nasci na picada Arroio do Meio. Em 1957, meu pai se mudou para o oeste de Santa Catarina, porque aqui não tinha muita terra para todos os filhos. Depois, voltei ao RS para estudar. Sou formado em letras, fui professor de literatura brasileira, professor de inglês, e hoje sou um pesquisador da história da imigração alemã. Eu gosto muito e pesquiso isso há mais de 30 anos. Escrevi vários livros de famílias, sou um genealogista, escrevi um livro sobre a história da Família Schauren, da família Kuhn.

Continua com as pesquisas hoje?

Hoje moro em Porto Alegre, sou aposentado da UFRGS, e continuo as pesquisas. Uma das famílias que vou publicar é a história da família Berwanger. Eles eram originários da Áustria, e têm uma história interessante. Lá por 1700 e tanto, eles organizaram a resistência pacífica durante três gerações. Uma espécie de advogados dos camponeses com os senhores feudais. Durante esse período, um deles foi preso e teve uma corrente de ferro para não fugir mais. O resultado dessa luta toda deles no momento não foi muito grande mas em seguida veio a Revolução Francesa.

O que aprendeu estudando a história?

Tem muitos genealogistas que acham que fazer uma genealogia é um amontoado de dados, de nomes, datas e profissões. Mas não, cada pessoa viveu uma história, ela tinha sangue correndo nas veias, lutavam por algumas coisas. Hoje estamos aqui bem de vida graças a toda a luta que nossos antepassados enfrentaram. Então, história e genealogia caminham de mãos dadas.

Como você percebe a imigração aqui no Vale?

Vieram ao Vale os descendentes dos imigrantes que chegaram em São Leopoldo, já que os filhos e netos já não tinham mais terras lá e expandiram para outros locais, como o Vale do Taquari, do Caí, Rio Pardo. Os alemães chegaram aqui e usaram a pequena propriedade, o trabalho deles para uma produção diversificada e autossustentável, que não só alimentava as famílias, mas os excedentes iam para as cidades. As cidades grandes como Porto Alegre passaram a ter outros alimentos que não só o charque. O modelo foi o responsável por constituir a atual agricultura familiar e cooperativista. Além disso, artesãos alemães começaram a criar indústrias. E, mesmo com todas essas contribuições, durante muitos anos, os imigrantes tiveram que resistir. Hoje, a gente vê como a cultura das diversas etnias são a riqueza que temos no nosso país. Todos esses imigrantes ajudaram a formar a nação brasileira.

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