Apesar do alto índice da doença no estado e no país, o câncer de mama tem matado cada vez menos. A doença é uma das que mais atingem mulheres do RS, e recebeu uma campanha, Outubro Rosa, para sensibilizar a comunidade e incentivar o diagnóstico precoce.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), estima-se que 73.610 novos casos de câncer de mama sejam registrados no Brasil até 2025, com uma taxa de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres, e que a doença cause 18 mil mortes. Embora rara, a doença também pode acometer homens, representando cerca de 1% dos casos.
Médico oncologista e diretor técnico do Centro Regional de Oncologia (Cron), Hugo Schünemann destaca a evolução das tecnologias para tratamento e diagnóstico precoce contra o câncer.
Segundo o profissional, nos anos de 1960 foram iniciadas pesquisas sobre a doença nos Estados Unidos, e a partir de 1980, passou a se ter mais compreensão sobre o assunto, incluindo descobertas sobre o câncer de mama.
Hoje, já se sabe que o fator genético influencia no desenvolvimento da doença, mas hábitos, alimentação e condição física também podem ser causadores.
Schünemann destaca que a doença envolve diferentes fatores, e reforça a importância de manter hábitos saudáveis. “Não sabemos ainda todas as causas do câncer e os motivos de uma pessoa que faz exercícios físicos regulares, por exemplo, ser menos propensas a desenvolver a doença. Mas estamos evoluindo”.
Entrevista
Hugo Schünemann • oncologista e diretor técnico do Cron
“As pessoas estão vivendo muito mais”
Quais são os fatores de risco para o câncer de mama?
Exames preventivos não evitam a doença e a gente começa a trabalhar, tentar identificar pacientes que têm história familiar. Dieta inadequada, o que se viu é que dietas ricas em calorias aumentam o risco de câncer de mama. Outro ponto é que a nossa vida ficou muito confortável e viramos sedentários. O sedentarismo também está associado ao desenvolvimento de câncer. Fazer exercícios físicos é essencial.
O que você destaca em termos de evolução da medicina hoje?
Nós temos melhores meios de diagnóstico, a possibilidade dela ser imediatamente encaminhada para algum lugar, temos isso no RS, então temos que começar a trabalhar os grupos e as outras coisas associadas. Consulta com geneticista para ver se as mulheres da família têm chance. As pessoas tem que ser alertadas, não para se desesperar, mas para procurar auxílio precoce.
O que mudou nas últimas décadas?
A gente tem hoje várias coisas contra o câncer. A tradicional quimioterapia, a hormonioterapia, a imunoterapia, a radioterapia e as cirurgias. A gente tem muito mais ferramentas do que se tinha há 30 anos e a gente faz diagnósticos muito mais precoces. Antes faltava e se tinha uma dificuldade de acesso à rede pública de saúde, era um processo muito lento.
O que fica de positivo?
Houve sim uma melhora, porque fazemos diagnósticos mais precoce, os equipamentos conseguem enxergar muito mais do que enxergavam 30 anos atrás e houve uma melhora com imagens 3d dos tumores, além do aperfeiçoamento nas formas de tratamento. A gente está usando isso direto aqui. Não quer dizer que temos menos casos, mas morre menos. A ideia que se tem é de que talvez eu não vá conseguir te tirar da doença, mas que tu não morra dela, morra com ela. Eu assinava, no terceiro ano de residência, de dois a três atestados de óbito por semana, agora não sei qual foi a última vez que assinei atestado de óbito. As pessoas estão vivendo muito mais.