Por trás de pedras centenárias de arenito ou granito, já gastas e danificadas pelos anos, ficam alguns dos monumentos mais importantes da história de Lajeado. Para preservar as estruturas e manter vivo o patrimônio e a cultura, esses objetos encontrados na Praça Marechal Floriano, conhecida como Praça da Matriz, no Centro, são restaurados. Já em fase adiantada, devem ser apresentados à comunidade no dia 13 de setembro.
Entre os principais monumentos, estão um obelisco em homenagem ao Centenário da Revolução Farroupilha, feito de granito, e outro que representa o Centenário da Independência do Brasil, em pedra de arenito, bem ao centro da praça.
O responsável pelos restauros é o escultor e artista Marcos Datsch, que também trabalha na recuperação do Monumento aos Imigrantes, criado por ele, e que será instalado no Parque do Imigrante. Ele conta que o projeto iniciou no fim do ano passado, mas as cheias atrasaram o cronograma. Inclusive, a umidade, em especial na pedra de arenito, é um dos principais desafios do trabalho dele.
Para Datsch, o restauro é essencial. “Temos poucos monumentos e os que temos estão bastante estragados”, comenta.
Mão na massa
Por trabalhar a maior parte da vida com pedra-grês, o artista já estava familiarizado com os materiais utilizados para o restauro. Mas o trabalho é delicado. Além da umidade, Datsch afirma que muitas estruturas apresentavam pichação ou nomes gravados com profundidade no monumento.
“O desafio é conseguir deixar ele mais ou menos parecido. Tu faz uma liga com cola, material, para conseguir tapar os buracos, nao fica 100%, mas fica bastante parecido”. As placas em mármore também foram pintadas por ele, que ainda limpou outros monumentos da praça, como o busto de Herma de Orlando Fett, e a estátua em homenagem a B.M Champagnat, fundador dos Irmãos Maristas, entre outros.
“Ficou uma coisa mais interessante, antes passava batido, hoje as pessoas passam e falam como estão bonitos os monumentos”. O artista ainda destaca a qualidade das estruturas, esculpidas há mais de 100 anos. “Não tinha tecnologia, eles faziam por amor, com vontade, para durar. A comunidade carregava esses blocos pesados, todo mundo ajudava”.
Datsch acredita que um monumento eduque tanto quanto a escola, já que cria um senso crítico em quem circula pela cidade. Por outro lado, lamenta a falta de obras de arte nos espaços públicos ou mesmos prédios do município.
“Temos um potencial gigante de pessoas aqui na região que fazem esse tipo de arte. Tu vai trazer as pessoas para a cidade se tu tiver algo para elas verem, fotografarem, é diferenciado”.
Datsch já havia feito o restauro de outras obras menores antes, além de ser o criador de monumentos como a grande bergamota em Bela Vista do Fão, em Marques de Souza, e o monumento ao churrasqueiro, em Nova Bréscia.
Secretária de Cultura de Lajeado, Talita Fracalossi afirma que a iniciativa é uma contribuição significativa da secretaria com o Conselho de Cultura de Lajeado. Ela cita a frase “preservar o passado é construir o futuro” e destaca a responsabilidade do município com a preservação.
“Nossa responsabilidade é proteger e promover o patrimônio cultural de Lajeado, além de conscientizar a comunidade sobre a importância dessa preservação”, afirma.
Monumentos na Praça da Matriz
- Centenário da Independência do Brasil
História: Monumento foi criado por um antigo pedreiro chamado Nicolau Heck. O Centenário da Independência do Brasil foi celebrado durante uma semana, com desfile das escolas. À noite, foi organizado um grande baile no Pavilhão de Mathias Rockenbach.
Restauro: é feita a impermeabilização, lixação, regravação de placas em mármore, lixação da base de pedra grês e preenchimento de pó de pedra nos sulcos mais profundos.
- Centenário da Revolução Farroupilha
História: no início, o monumento estava na Praça Silveira Martins, conhecida como Praça do Chafariz. O prefeito da época, Bruno Born, em 1953, mandou derrubar o monumento. O que se salvou foi a placa de bronze e um novo monumento foi erguido em frente à Igreja Matriz. A estrutura tem 2,30 metros de altura. Na antiga placa, estavam as armas do Estado do RS com os dizeres: “Homenagem da prefeitura e do povo de Lageado aos Heróes Farroupilhas”.
Restauro: é feita a impermeabilização, lixação e confecção de placa em mármore, de acordo com a placa original, que foi furtada.
Monumento a B.M Champagnat: homenagem ao fundador dos Irmãos Maristas. Inicialmente, o monumento se encontrava erguido no pátio interno do prédio dos Irmãos Maristas. O ano e autor da obra são desconhecidos. Acredita-se que tenha sido em 1908. Também não se sabe ao certo a data em que foi transferido para a Praça Marechal Floriano, onde está hoje.
Monumento a Herma de Orlando Fett: Orlando Fett nasceu em Lajeado em 23 de janeiro de 1903 e foi assassinado no dia 13 de novembro de 1935, em Tamanduá, então pertencente ao município. Era o filho mais novo do ex-intendente de Lajeado, Carlos Fett Filho. O assassinato é fruto de desentendimentos entre os que levaram Getúlio Vargas à presidência da República. Orlando era partidário de Borges de Medeiros, que se revoltara contra Getúlio Vargas.
Homenagem a Bruno Born e Getúlio Vargas: foi colocada na praça, uma grande pedra, com um bronze que homenageia Bruno Born. Também há um pequeno monumento que homenageia a “Carta-testamento” de Getúlio Vargas.
