Ruas carregam história do desenvolvimento urbano

INFRAESTRUTURA URBANA

Ruas carregam história do desenvolvimento urbano

Durante obras de recapeamento das vias públicas no Centro de Lajeado, foi possível perceber como eram feitas as principais ruas da cidade, inicialmente de terra e cascalho, para depois receberem paralelepípedo e asfalto

Ruas carregam história do desenvolvimento urbano
Rua Tiradentes, assim como outras vias centrais, era feita de paralelepípedo antes de ser asfaltada (Foto: Bibiana Faleiro)
Lajeado

Obras nas ruas de Lajeado fazem surgir vestígios de antigas estradas do Centro da cidade, primeiro constituídas de terra e cascalho, e depois de paralelepípedo antes de receberem o asfalto. A Tiradentes foi uma das ruas que gerou curiosidade entre moradores, já que, depois de ter a cobertura asfáltica retirada, mostrou pequenas pedras misturadas à terra. Uma das únicas vias que mantêm essas características no bairro hoje é a Júlio de Castilhos.

Morador do Centro há mais de 70 anos, Ivan Bender lembra das estradas de chão que formavam as principais ruas da cidade. Mesmo na região central, em que passavam muitos veículos importados, as vias ainda eram de mão única e, para um carro passar, quem vinha na direção oposta era obrigado a parar. Mais tarde, conta, foram ampliadas para atender o fluxo de automóveis que crescia.

Quando Bender tinha cerca de 10 anos, começaram a surgir as primeiras ruas de paralelepípedo, em meados da década de 1950. “O Seu Kroth que fazia, era um artista, colocava as pedras, uma por uma e deixava tudo alinhado”, recorda Bender.

O lajeadense diz que Kroth trabalhava sentado em um banquinho sem encosto. Depois de um certo trecho fi nalizado, com um pequeno pilão, firmava os paralelepípedos e preenchia os buracos com areia. Naquela época, o método era novidade e só anos mais tarde que o asfalto chegou à cidade.

Evolução das vias

Professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Univates, Augusto Alves acredita que ruas como a Júlio de Castilhos não receberam a cobertura asfáltica justamente para preservar essa história. “É uma das poucas ruas que conserva o seu calçamento e eu acho que as pessoas tiveram a sensibilidade de preservá-la”.

Na cidade, as primeiras ruas foram abertas quando surgiu o núcleo urbano, a partir de 1860. Uma das primeiras vias criadas foi a Silva Jardim, que ligava o porto até a Praça da Matriz. Todas as vias iniciaram como picadas, que permitiam a passagem de pessoas e animais. Mais tarde, elas foram alargadas para também passarem carroças.

Alves diz que, hoje, um dos grandes problemas de Lajeado são as ruas estreitas, o que dificulta a passagem e o estacionamento de veículos. Ele ainda recorda dos primeiros calçamentos. “Bem no início, era um calçamento de pedra irregular, ainda visto em alguns bairros, e depois foram colocando os blocos de paralelepípedo”.

Até a década de 1980, conforme conta Alves, o asfalto só era visto na BR-386 e na ERS-130. Depois, se tornou um material popular para deixar as vias alinhadas. Outra vantagem era o baixo custo e a facilidade de aplicação. Por outro lado, não permite a absorção de água, e gera alagamentos mais frequentes.

Rua Pinheiro Machado, ao fundo rua Bento Gonçalves

Vista da rua Júlio de Castilhos

Esquina da rua Bento Gonçalves com a Carlos Von Koseritz Vista da rua Júlio de Castilhos (rua que sobe)

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