Após três meses, Lula retorna hoje ao Vale

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Após três meses, Lula retorna hoje ao Vale

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O presidente da República volta a pisar na região três meses após a última visita presidencial. Lula visitou o Vale do Taquari no dia 15 de março, em um evento um tanto mais reservado no Teatro da Univates, em Lajeado. Naquela ocasião, o chefe da nação anunciou centenas de milhões para a construção de moradias e reconstrução de pontes. E não chegou a conhecer, de fato, os estragos causados pela enchente de setembro do ano passado. Desta vez, diante da maior tragédia natural já registrada em todo o Rio Grande do Sul, e cujos impactos são ainda mais fortes no nosso Vale do Taquari, Lula desembarca por volta das 10h e vai percorrer as ruas do Passo de Estrela, em Cruzeiro do Sul, e também deve palmilhar por outras comunidades duramente atingidas pela enchente de maio passado em Arroio do Meio.

Gostem ou não do presidente, fato é que o principal ator político em exercício vai sentir na pele e enxergar com os próprios olhos o tamanho da catástrofe que pode travar o nosso desenvolvimento econômico e social. Isso é fundamental para as futuras decisões políticas e financeiras do Executivo federal. E também precisa ser crucial para o presidente destravar as burocracias do seu próprio governo.

O MPF e os exemplos mineiros

Os agentes gaúchos do Ministério Público Federal (MPF) foram buscar em Minas Gerais as informações necessárias aos reassentamentos coletivos dos desabrigados. Faz alguns dias, um grupo de 10 procuradores conversou com professoras da Universidade Federal de Ouro Preto. Em pauta, o trabalho da academia junto aos desastres de Mariana e Brumadinho. As profissionais relataram, entre outros temas, a importância do próprio MPF no auxílio à governança dos projetos de reparação naqueles dois municípios. Em Brumadinho, de acordo com elas, foi o MPF quem impediu que a própria Vale – empresa envolvida no desastre – criasse uma fundação para gerir o programa de reparação. Elas também ressaltaram a necessidade de o MPF atentar e agir contra a transformação do desastre em oportunidade. De acordo com as professoras, e diante do grande aporte de recursos, o modelo escolhido à reconstrução pode favorecer poucas entidades ou grupos.

O fator “Maneco”

Ex-prefeito de Taquari, ex-presidente da Famurs, suplente de deputado estadual e atual secretário executivo do Ministério da Reconstrução do Rio Grande do Sul, Maneco Hassen (PT) é uma das figuras mais importantes ao espectro político do Vale do Taquari. Vamos aos fatos. O auxílio federal ainda é insuficiente? Claro que sim. Aliás, estamos insuficientes em diversos setores da sociedade civil. Inclusive dentro de muitos lares e empresas. Afinal, estamos em colapso. E nunca passamos ou quiçá imaginamos passar por tamanhos desafios. Mas não tenham dúvidas de que a participação da União seria bem mais distante e desatenta sem a presença de Maneco próximo ao alto escalão de Brasília. Sem maneco, acreditem, o Vale do Taquari estaria em um patamar bem abaixo do atual neste complexo e incomodo processo de reconstrução estrutural. E isso também reforça a importância da região lutar, de forma suprapartidária ou não, por representantes na assembleia e no congresso nacional. Não podemos seguir tão pequenos em âmbito político.

Destempero nas redes sociais

Não deveria ser assim, é bem verdade, mas não surpreende a ninguém a reação de alguns internautas diante das publicações referentes à nova visita de Luiz Inácio Lula da Silva ao Vale do Taquari. A democracia permite e exige as mais diversas discordâncias, é bem verdade. Mas há formas e formas de discordar. E a ofensa e o destempero não deveriam fazer parte dessas formas. Não podemos admitir, por exemplo, que um usuário de rede social descreva sua torcida para que “o avião do presidente caia”. Entre outras atrocidades virtuais e textuais que não merecem destaque. Definitivamente, não é por ai que a banda toca. Mesmo que parte do outro lado tenha desejado o mesmo a respeito do ex-presidente Jair Bolsonaro. Lembrem-se: dois erros não formam um acerto.

Zanatta deixa governo e é cotado para ser vice de Gláucia

Procurador-geral de Lajeado nos últimos anos, Natanael Zanatta (PP) pediu exoneração e a confirmação foi divulgada ontem no Diário Eletrônico do governo municipal. Ele deixa a função pública no último dia do prazo estipulado para que determinados agentes públicos possam concorrer na eleição majoritária.

O nome dele já era especulado como possível pré-candidato a vice-prefeito em uma chapa pura do Partido Progressistas, ao lado da atual vice-prefeita Gláucia Schumacher (PP), que já foi confirmada pelo partido como a pré-candidata a prefeita. E agora, diante da proximidade da exoneração e do prazo eleitoral, as especulações ganham ainda mais força. E claro. A exoneração de Zanatta tensionou ainda mais a relação do PP com líderes do PL e do PSDB.

TIRO CURTO

  • O plenário da câmara de vereadores de Lajeado tem sido palco de algumas denúncias curiosas. Na sessão passada, por exemplo, Waldir Blau (MDB) disse que o colega Ederson Spohr (MDB) teria sido coagido a votar a favor da criação da Guarda Municipal. Mas nem o próprio Spohr defendeu o assunto no mesmo plenário. Diante disso, então, cabe ao próprio Blau levar as provas ao público.
  • Desde o início da tragédia de maio, o “Castra Móvel” realizou 340 castrações em animais abandonados e resgatados durante as enchentes em Encantado. É um importante movimento de saúde pública.
  • Também em Encantado, o vereador Diego Preto (PP) se absteve de votar no projeto que altera o código de edificações e permite edifícios de cinco andares sem elevador. A proposta visa adequar recursos e projetos de moradias populares e foi aprovada com nove votos favoráveis.
  • A Amvat poderia se aproximar da assessoria jurídica da prefeitura de Marques de Souza e verificar formas de aproveitar a pressão jurídica lançada sobre a CCR Viasul. A decisão da Justiça Federal partiu do pequeno município e pode ser muito melhor aproveitada pelo Vale do Taquari.

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