Do primeiro alerta à catástrofe: como se desenhou a maior enchente da história

DESASTRE climático

Do primeiro alerta à catástrofe: como se desenhou a maior enchente da história

Virada de abril para maio ficou marcada pelo pior evento climático já registrado no Vale do Taquari, com volume excessivo de chuva, inundações, deslizamentos e destruição

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Do primeiro alerta à catástrofe: como se desenhou a maior enchente da história
Crédito: ALDO LOPES
Vale do Taquari

Dia 1º de maio de 2024. Por volta das 20h30min, o nível do Rio Taquari alcançava a marca de 29,75 metros em Lajeado. A enchente de setembro de 2023, até então a maior da história a partir de uma revisão de dados, ficara para trás. Menos de oito meses depois, a região voltava a enfrentar um cenário de catástrofe climática.

Naquela noite, as águas do Taquari inundaram a ponte seca da rua Bento Rosa, na BR-386, pela primeira vez. Horas depois, foi a vez da ponte entre Lajeado e Estrela. As imagens da estrutura submersa correram o país. Na manhã do dia 2, a correnteza do Forqueta arrastou as únicas ligações entre Lajeado e Arroio do Meio e também a travessia entre Marques de Souza e Travesseiro.

O ápice da cheia ocorreu por volta das 13h30min. A medição do Taquari naquele momento apontava 33,35 metros em Lajeado, incríveis 20 metros acima do nível normal. A elevação de apenas cinco centímetros em uma hora, somada às informações de redução na região alta, indicava estabilização.

Somente no dia 7, exatamente uma semana após o rio atingir a cota de inundação, é que a situação se normalizou. Uma tragédia sem precedentes. No entanto, institutos de meteorologia projetavam, com antecedência, um evento de chuva extrema com alto risco de enchentes no RS. Como em setembro de 2023.

  • 25 DE ABRIL

– Alerta emitido pela MetSul Meteorologia indica cenário de grave risco com chuva extrema no Vale do Taquari.

  • 29 DE ABRIL

– Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emite primeiro alerta vermelho de volume elevado de chuva.

– No mesmo dia, quedas de barreira são registradas na região. Rios transbordam e causam destruição em cidades do Vale do Rio Pardo, caso de Sinimbu.

  • 30 DE ABRIL

– Cidades às margens do Rio Forqueta registram grande volume de chuva, com mais de 150 milímetros. Arroios transbordam e invadem áreas urbanas de Forquetinha e Progresso.

– Chuva torrencial nas cabeceiras começa a refletir no nível do Rio Taquari. Em Roca Sales, chegou a subir mais de um metro por hora.

– Em Lajeado, choveu quase 190 milímetros em 24 horas. Rio sai do leito rapidamente e chega aos 27 metros na madrugada, desabrigando centenas de famílias.

  • 1º DE MAIO

– Um total de 31 cidades da região decretam calamidade pública, em dia marcado por pedido de socorro imediato do governador Eduardo Leite ao presidente Lula.

– Após um curto momento de declínio, nível do Rio Taquari volta a subir em Lajeado e supera marca de 2023 às 20h30min, ao chegar a 29,75 metros.

– Primeiras aeronaves chegam ao Parque do Imigrante para início dos resgates de pessoas na região. Primeiros salvamentos ocorrem em áreas isoladas.

  • 2 DE MAIO

– Região amanhece com a ponte da BR-386, entre Lajeado e Estrela, praticamente submersa. Uma balsa atingiu a proteção de passagem e causou danos à estrutura. Na região alta, nível do Taquari começa a recuar.

– Força do Rio Forqueta causa estragos logísticos na região, levando parte da ponte da ERS-130 e da histórica Ponte de Ferro, ambas entre Lajeado e Arroio do Meio, além da ponte entre Marques de Souza e Travesseiro.

– Às 13h30min, nível do rio atinge o pico de 33,35 metros em Lajeado ao subir 5 centímetros em uma hora e inicia processo de estabilização. No município, são mais de mil pessoas fora de casa.

  • 3 DE MAIO

– Chuva perde força na região. Desobstrução de acessos revelam cenários de destruição em Forquetinha e Marques de Souza. Diversas localidades permanecem sem luz e sem sinal de telefone e internet.

– Lajeado inicia processo de limpeza de áreas onde as águas recuaram. No fim da noite, nível estava em 25,86 metros. Em Cruzeiro do Sul, poucas casas resistiram nos bairros Passo de Estrela, Glucostark e Zwirtes.

  • 5 DE MAIO

– Chuva do fim de semana nas cabeceiras repercute no Rio Taquari, que apresenta breve repique. Após baixar de 22 metros na madrugada, volta a passar dos 24 metros até estabilizar no meio da tarde. Sol volta a aparecer depois de mais de uma semana de instabilidade.

  • 7 DE MAIO

– Após uma semana, Rio Taquari volta ao nível normal em Lajeado, atingindo a cota de 13 metros no decorrer do dia.

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