Enchente de setembro: Nenhuma casa popular foi concluída no Vale

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Enchente de setembro: Nenhuma casa popular foi concluída no Vale

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Atualizado quarta-feira,
29 de Maio de 2024 às 08:06

“As pessoas não podem ser vítimas, também, da burocracia”. Essa foi uma das frases mais compartilhadas entre agentes públicos do Estado e da União após a trágica enchente de setembro de 2023, que matou mais de 50 moradores do Vale do Taquari e destruiu centenas de residências. E vejam só que surpresa. As pessoas mais impactadas pela não menos histórica cheia do ano passado ainda são, sim, vítimas da burocracia. Passados quase nove meses daquela tragédia, acreditem, nenhuma casa popular definitiva saiu do papel. Eu vou repetir. Passados mais de 250 dias da catástrofe que assolou a região em setembro do ano passado e nenhuma família recebeu a tão sonhada – e tão prometida – residência.

Neste meio tempo, ouvi aplausos a governador, presidente e ministros. E fomos criticados pelas críticas direcionadas a determinadas autoridades. Pois bem. Onde estão os críticos diante de toda essa pachorra? E o principal: onde estão as casas populares?

Pontes e prazos

O governos estadual deve confirmar a contratação da empresa Engedal Construtora de Obras Ltda, com sede em São José (SC), para construir a nova ponte sobre o Rio Forqueta na ERS-130, entre Lajeado e Arroio do Meio. E o prazo de entrega da imponente obra é pra lá de audacioso. A promessa é finalizar a nova travessia em até seis meses. Ou seja, a projeção é entregar a ponte até outubro. No máximo dos máximos, até meados de novembro. Uma rápida pesquisa na internte mostra que a empresa possui know-how na construção desse tipo de obra de arte há mais de 10 anos. Mas é preciso fiscalizar de perto e não permitir atrasos e burocracias. Não há tempo a perder!

Mutirão pela Ponte de Ferro

Foto: arquivo A Hora

A Construtora Lyall encabeça um corajoso – e custoso – movimento pela reconstrução da histórica Ponte de Ferro, e a consequente liberação para a travessia de veículos leves (incluindo vans e ambulâncias) sobre o Rio Forqueta, entre as cidades de Arroio do Meio e Lajeado – e sobremaneira entre as regiões alta e baixa do Vale do Taquari. Entretanto, e é natural que seja assim, a empresa privada precisa de apoio para concretizar o anunciado prazo de 30 dias para finalizar a importante travessia viária. E a principal demanda é encontrar material (pedras, especialmente) para construir um caminho dentro do leito para que o guincho possa instalar, com segurança, a nova estrutura.

Últimos dias para os secretários (e presidentes)

Secretários municipais que pretendem concorrer na majoritária (prefeito ou vice) precisam deixar as funções até seis de junho. Ou seja, possuem pouco mais de uma semana para tal. Mas tudo indica que, ao menos nas principais cidades do Vale do Taquari, não haverá mudanças no alto escalão dos executivos municipais. Em Estrela, por exemplo, o Secretário de Administração, Comandante Cesar (PL), estava cotado para ser pré-candidato a prefeito ou vice. Entretanto, ele não vai deixar o cargo e seguirá ao lado do atual prefeito e pré-candidato à reeleição, Elmar Schneider (MDB). Além dos secretários, os presidentes de entidades que pretendem concorrer na majoritária também precisam deixar a função até seis de junho. É o caso do prefeito de Venâncio Aires e presidente da Amvat, Jarbas da Rosa (PDT), do vereador e presidente da Avat, Marcos Bastiani (PSDB), e do pré-candidato a prefeito de Encantado e presidente do Codevat, Luciano Moresco (PT).

Teutônia fervilhando

O governo de Teutônia recebe, em média, 10 contatos diárias de novas empresas buscando informações sobre incentivos e áreas de terra para novos empreendimentos. A informação é do Secretário de Indústria e Comércio, Guilherme Engster. Ele garante que a administração municipal não está aliciando empresas atingidas pelas enchentes em municípios vizinhos. Mesmo assim, e independente dos movimentos dos agentes públicos teutonienses, tal migração costuma ocorrer de forma natural em tempos de catástrofes. Após a tragédia de setembro de 2023, por exemplo, empresas de Lajeado foram para Estrela. Desta vez, porém, é o município estrelense que deverá perder grandes investimentos para a vizinha Teutônia. Assim como as cidades de Encantado, Muçum, Roca Sales e até Imigrante.

Caumo a Deputado Federal

O assunto é tratado com muito zelo nos bastidores. Afinal, a pauta única do Vale do Taquari é a reconstrução pós-catástrofe. Entretanto, e independente de qualquer cenário, a política nunca deixa de permear os bastidores. E a construção de uma candidatura de Marcelo Caumo (PP) a deputado federal já ultrapassou as paredes dos gabinetes oficiais e chegou às esquinas democráticas. Aliás, não é a primeira vez que o prefeito de Lajeado é cotado para alçar voos maiores. Antes do pleito de 2022, Caumo era cotado para concorrer a deputado estadual. Mas naquele momento ele declinou.

TIRO CURTO

  • Em Encantado, dois projetos de lei referentes ao turismo local seguem sob análise dos vereadores. Um desses autoriza a exploração comercial, mediante licitação, da Lagoa da Garibaldi. O outro denomina de “Avenida Cristo Protetor” a via pública que dá acesso ao complexo turístico no alto do Morro das Antenas.
  • Também na câmara de Encantado, os vereadores aprovaram projeto do Executivo que autoriza a abertura de crédito especial de R$ 2 milhões para construção de uma nova unidade básica de saúde no bairro Jardim da Fonte.
  • Na câmara de Lajeado, diversos projetos de autoria da vereadora Ana da Apama (PP) receberam parecer pela ilegalidade. Mesmo assim, ela insiste para que as matérias sejam votadas em plenário. E faz sentido. É importante a comunidade saber, também, o que é considerado ilegal nos bastidores.

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