Todos pelas pontes, sempre!

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Todos pelas pontes, sempre!

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Cinco movimentos paralelos buscam reconectar as regiões alta e baixa por meio de pontes sobre o Rio Forqueta. E todas as ações merecem todo o suporte necessário por parte dos agentes públicos e privados do Vale do Taquari. Muito além das passadeiras e dos voluntariosos botes, é preciso criar conexões viárias entre Lajeado e Arroio do Meio, especialmente. Para isso, a primeira travessia deve nascer de um projeto voluntário capitaneado pela Lyall Construtora, com apoio de empresas como a Altari e o Guinchos Sansão. A projeção dos empresários é devolver a travessia pela histórica ponte de ferro em um prazo de até 30 dias. Além disso, o governo de Lajeado – em parceria com o Executivo de Arroio do Meio – anuncia a contratação de empresa para construir uma ponte mais robusta naquele ponto, com duas pistas para veículos leves e pesados, orçada em R$ 12 milhões e com prazo de entrega para 180 dias. Neste projeto, destaque ao repasse de R$ 6,7 milhões da União, e também ao coletivo Juntos Pela Ponte, que já angariou R$ 1,7 milhão junto ao setor privado.

O governo estadual não ficou para trás. E já nesta terça-feira será conhecida a empresa contratada para reconstruir a ponte da ERS-130, também sobre o Rio Forqueta, e cujo orçamento é próximo de R$ 14 milhões. Para a principal conexão rodoviária entre Lajeado e Arroio do Meio – e sobremaneira entre as regiões alta e baixa do Vale do Taquari –, a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) projeta um prazo de até seis meses para o fim da obra, a partir da ordem de início dos serviços. Próximo dali, o Exército ainda estuda a implantação de uma ponte provisória do Dnit, mas não há prazo definido para o início e tampouco para a conclusão deste movimento. Por fim, e não menos importante, não podemos esquecer da ponte entre os municípios de Marques de Souza e Travesseiro, severamente afetada pelas históricas enchentes de maio. O governo federal já liberou mais de R$ 4 milhões. Mas as respectivas administrações municipais ainda aguardam por mais recursos. E, assim como nas demais ações, espera contar com todos para a necessária reconstrução.

Um século subestimando enchentes

Não é de hoje que os gestores públicos e a sociedade em geral subestimam a força das enchentes. Acervos de grandes jornais demonstram prejuízos incalculáveis há dezenas de anos. Veja a capa do Estado de São Paulo de setembro de 1928, retratando uma das históricas cheias no Rio Grande do Sul. Há registro anteriores, inclusive. E certamente teremos novos registros.

Diplomacia pela reconstrução

Foi assim com o presidente Lula (PT), e não poderia ser diferente com o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB). O governador Eduardo Leite (PSDB) e os agentes da União demonstram sabedoria ao não permitirem que discordâncias ideológicas atrapalhem a reconstrução do Rio Grande do Sul. Leite, por exemplo, não polemizou as vaias recebidas durante encontro arquitetado pelos petistas em março – ainda referente à enchente de setembro –, e tem aplicado a necessária diplomacia para seguir bem recebendo os representantes do governo federal após a nova catástrofe. Em tempos de polarização, e mesmo com algumas rusgas nos bastidores, todos eles dão exemplo.

Um movimento pelas matas ciliares

Após a trágica enchente do início do mês, as margens do Rio Taquari restaram ainda mais degradadas. É um cenário preocupante para uma região tão vulnerável aos recorrentes avanços na elevação do leito do rio. Não por menos, um grupo de voluntários e ambientalistas formados por pessoas dos mais variados segmentos da sociedade criou o Movimento Pró-Matas Ciliares do Vale do Taquari. Um grupo “independente e supra-partidário”, segundo uma carta aberta divulgada pelo movimento, e que reúne membros de diferentes municípios e regiões do estado e do país. Eles estão se estruturando para auxiliar e provocar a recuperação das margens dos rios e encostas.

“Precisamos entender que o ocorrido, em três ocasiões desde setembro de 2023, é resultado das alterações climáticas (em nível global) provocadas pela ação do homem, aliadas ao mau uso e ocupação do solo, em pleno desrespeito às Áreas de Preservação Permanente (APP’s), bem como do desmatamento desenfreado, ocupação de encostas, drenagem de áreas úmidas, impermeabilização do solo tanto em áreas urbanas quanto em áreas rurais, uso de combustíveis fósseis, falta de planejamento urbano e rural, dentre outros fatores”, alerta. E tudo isso aliado à ausência de ações de prevenção e/ou mitigação da problemática, reforçam.

Diante disso, eles sugerem diversas ações, em nível estadual e federal para a Bacia Hidrográfica do rio Taquari-Antas. Entre essas, um plano de resposta aos desastres, como os movimentos de massa e inundações, com o mapeamento das áreas de risco e ações para evitar a ocupação; implantar um programa de recuperação das APP’s em margens de rios e arroios, incluindo as áreas de risco de movimento de massa; proibir a reconstrução de edificações nas áreas atingidas, promovendo a realocação em áreas seguras, com medidas que visem a restauração da cobertura vegetal; e realizar investimentos em parques urbanos com florestas e estruturas permeáveis para absorver a chuva.

O fator Pasqualini

A construção de uma ponte com duas vias e passagem para veículos leves e pesados junto ao ponto da histórica ponte de ferro vai trazer muitos benefícios à região. Mas também pode gerar duros impactos aos cenários urbanos de Lajeado e Arroio do Meio. Do lado lajeadense, a preocupação com as condições – e largura – da Av. Alberto Pasqualini (especialmente após o trevo de acesso à Univates) é antiga. E tende a piorar com o eventual tráfego de caminhões. Portanto, é preciso já pensar em ações para mitigar os efeitos desta provável mudança.

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