Região registra dois óbitos por leptospirose

Águas pós-cheia

Região registra dois óbitos por leptospirose

São pelo menos 97 casos suspeitos e oito confirmados da doença, que é agravada por situações de calamidade como as cheias

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Atualizado segunda-feira,
27 de Maio de 2024 às 10:05

Região registra dois óbitos por leptospirose
Foto: Daniély Schwambach
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

A 16ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) confirmou duas mortes por leptospirose na região (em Travesseiro e Venâncio Aires). Além disso, são 97 casos suspeitos e oito confirmados, de pacientes em tratamento contra a doença. Em meio ao surto de dengue que ainda é presenciado na região, autoridades agora também se preocupam com o aumento da disseminação da leptospirose, agravada pelo estado de calamidade pós-enchente.

Especialista em saúde da vigilância epidemiológica da 16ª CRS, Susane Schossler, destaca que outras doenças que também podem surgir após uma cheia são a hepatite A ou o tétano. De acordo com Susane, até o momento, não há casos suspeitos das doenças no Vale.

Ainda, podem surgir casos de acidentes com animais peçonhentos, doenças diarreicas agudas e atendimento antirrábico humano (contra raiva). “A água contaminada das enchentes carrega uma série de agentes infecciosos que podem desencadear essas doenças”, reforça.

Sintomas e tratamento

Susane destaca que a leptospirose é uma doença infecciosa e febril aguda, transmitida a partir da exposição direta ou indireta à urina de animais, principalmente ratos, infectados. O contágio pode ocorrer a partir da pele com lesões ou mesmo em pele íntegra se imersa por longos períodos em água contaminada. Também pode ser transmitida por meio de mucosas.

“É uma doença de alta incidência no contexto de enchentes. O período para surgimento dos sintomas dura em média de 5 a 14 dias após a exposição, mas pode chegar até 30 dias”, destaca a especialista. Ela ainda diz que na enchente de setembro de 2023, foram aproximadamente 300 casos suspeitos notificados na região.

Susane ainda diz que quem teve contato com água ou lama da inundação no período de até 30 dias anteriores ao início dos sintomas, e apresentar febre, dor no corpo, especialmente na região lombar e panturrilha, dor de cabeça, vômitos ou pele amarelada, deve procurar um serviço de saúde.

“A contaminação pode ocorrer em qualquer época do ano, mas as chances de contágio são maiores quando há inundações, enxurradas e lama. Se houver algum ferimento ou arranhão, a bactéria penetra com mais facilidade no organismo humano”. O tratamento deve ser iniciado no momento da suspeita clínica.

A antibioticoterapia está indicada em qualquer período da doença, mas a efi cácia costuma ser maior na primeira semana do início dos sintomas.

Cuidados

Para prevenir o contágio, é importante evitar o contato direto da pele com a lama, principalmente se estiver machucada. Utilização de luvas e botas de borracha. Cuidar na remoção de entulhos, com picadas de animais como cobra, escorpião ou aranha. Além de estar atento a machucados com pregos ou outros materiais que tiveram contato com a água da enchente. “Lave bem as mãos e outras partes do corpo expostas com água limpa e sabão para evitar infecções e doenças”, completa Susane. Outra indicação é se certificar de estar com a vacinação contra o tétano em dia.

Casos graves

A Secretaria Estadual de Saúde confirmou a morte de um homem de 67 anos, de Travesseiro, pela doença. Essa foi a primeira morte pela infecção desde o início da enchente de maio. A morte ocorreu na sexta-feira, 17. O segundo óbito pela doença foi de um homem de 33 anos, morador de Venâncio Aires. O município confirmou pelo menos outros dois casos de leptospirose, que já se recuperaram.

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