Casas populares são boas novas. Mas é preciso o primeiro tijolo

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Casas populares são boas novas. Mas é preciso o primeiro tijolo

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O governador Eduardo Leite retornou ao Vale do Taquari para anunciar mais de 400 moradias – entre doações e unidades custeadas pelo Estado – à região. A promessa é iniciar o quanto antes e finalizar as obras em até quatro meses, a partir da liberação dos terrenos por parte dos municípios. São mais de R$ 40 milhões já disponíveis para as necessárias habitações definitivas de dois dormitórios e com até 44 metros quadrados. É uma notícia alentadora e que devolve esperança a quem perdeu tudo durante as últimas e trágicas enchentes. Mas o alento só será completo, mesmo, quando a comunidade regional enxergar o primeiro tijolo cimentado.

Os agentes públicos e os representantes da empresa garantem que o prazo será cumprido a pleno. Projetam até mesmo uma possível antecipação. Mas até lá, infelizmente, a desconfiança ainda vai imperar entre boa parte dos moradores desabrigados ou desalojados. Afinal, a maioria deles já experimentou o amargo e indigesto gosto da burocracia do setor público após os eventos catastróficos de 2023.

Concessões rodoviárias serão proteladas

Pedro Capellupi foi chamado pelo governador Eduardo Leite para ser o Secretário de Concessões e Parcerias. Diante do quadro catastrófico do Rio Grande do Sul, ele foi designado para assumir um novo desafio: a secretaria de Reconstrução. Assim como na função antiga, ele terá a missão de equalizar e alinhar movimentos públicos e privados, buscando as melhores ferramentas e soluções mais assertivas para os mais complexos enredos. Mesmo assim, e durante entrevista concedida a Rádio A Hora, ele garante que os debates anteriores às históricas e trágicas enchentes não podem sair da pauta.

Entre esses, claro, a concessão do Bloco 2 das rodovias gaúchas, que engloba as nossas ERS-130, 129 e 453, com destaque às obras de duplicação, ampliação e, claro, ao modelo free flow (automático e sem cancelas) nas praças de pedágio. “Vamos precisar cada vez mais de uma logística forte e integrada para escoar a nossa produção”, avisou. “Se as concessões já eram tão importantes há duas semanas, agora elas são ainda mais”, completou. Entretanto, ele também afirmou que o lançamento do edital vai sofrer alteração. A previsão inicial era lançar no segundo semestre.

Abril, maio…e dezembro…

Já falei sobre o assunto e não vou cansar de repetir. No dia 15 de março, o presidente Lula desembarcou em Lajeado para um ato político/partidário disfarçado de prestação de contas. O concorrido ato ocorreu no teatro da Univates, e o único anúncio concreto partiu do Ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes. Na ocasião, ele prometeu anunciar ainda em março um novo sistema de alerta para eventos climáticos, em um processo conjunto com Anatel e empresas de telecomunicações. No mesmo palco, ele garantiu que o modelo já seria implantado em abril. Semanas depois, o mesmo agente público protelou para maio. E agora, logo após uma nova tragédia assolar o Rio Grande do Sul, uma nova programação: o governo federal projeta lançar tal modelo até o mês de dezembro. Aguardemos!

Pesadelo sem fim…

Durou pouco mais de uma semana a passagem de pedestres sobre o Rio Forqueta, entre as cidades de Arroio do Meio e Lajeado. Instalada no dia 14 de maio, e liberada para a travessia no dia seguinte, a passadeira do Exército foi utilizada por milhares de pessoas nos últimos nove dias. Ontem, porém, diante da elevação do leito e do aumento da correnteza, o equipamento foi levado pelas águas e se tornou mais uma vítima das intempéries que assolam o Vale do Taquari há mais de três semanas. É um pesadelo que teima em persistir. Mas vai acabar!

TIRO CURTO

  • O governo de Lajeado não deve levar adiante a proposta de diminuir de 100 para 30 metros Área de Preservação do Rio Taquari. A proposta foi levada ao Ministério do Meio Ambiente em maio de 2021.
  • Em Taquari, o governo municipal promete melhorar o sistema de monitoramento do Rio Taquari. Entre as mudanças, o aumento de 13 para 18 metros de altura na régua que mede a elevçação do leito.
  • A administração municipal de Estrela vai apostar na educação visual para mitigar os riscos das enchentes. A proposta, avalizada pelos vereadores, é disponibilizar as cotas de determinadas vias nas placas de identificação das ruas. Em Lajeado, a mesma proposta foi apresentada na semana passada pelo vereador Sérgio Kniphoff (PT). Uma medida prática e eficaz.
  • No retorno para a capital gaúcha, após agenda em Estrela, o governador Eduardo Leite e sua comitiva pararam para um rápido almoço em Fazenda Vilanova. Mais precisamente no Paradouro Bortolini Restaurante. Por lá, o chefe do Executivo gaúcho pediu um espetinho de carne e ouviu do proprietário sobre a dificuldade em conseguir, junto à CCR, a autorização para aprovar um acesso a uma outra área de terra com 10 hectares, onde o empresário projeta novos empreendimentos às margens da BR-386.

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