Passado o momento mais crítico em termos de ajuda humanitária emergencial e de salvar o que for possível de vidas será a hora de focar em tentar minimizar os impactos econômicos e sociais decorrentes da cheia do início de maio. Minimizar, pois será inevitável termos grandes impactos na região e também no estado, já que tivemos mais da metade dos municípios atingidos, sendo que cerca de 80% do PIB gaúcho está em região afetada diretamente com as cheias ou indiretamente com restrições de mobilidade. A economia gaúcha dificilmente escapará de uma recessão em 2024.
Viveremos tempos difíceis, com impactos econômicos iguais ou piores do que na pandemia na região. E impacto econômico é, consequentemente, impacto social. A verdade é que qualquer estimativa feita hoje é prematura, pois ainda é impossível uma mensuração precisa do quanto seremos afetados. Caberá ao poder público, em todos os níveis, buscar ações assertivas para amenizar os reflexos da crise, seja com obras emergenciais, seja com a flexibilização de prazos de tributos ou com ajuda direta, custeada, por óbvio, com recursos que cidadãos e empresas já mandaram para os cofres públicos. Em paralelo também será a hora do setor privado, mais uma vez, se reinventar e, na medida do possível, fazer os ajustes necessários, por mais dolorosos que possam parecer.
Enquanto as empresas afetadas diretamente buscam forças e formas para se reestruturar, retomar operações e sobreviver, as afetadas indiretamente sofrerão com restrições logísticas decorrentes de quedas de pontes, barreiras e limitações de acesso. Sem contar os impactos nos seus colaboradores atingidos ou em fornecedores e clientes. E aqui entrará o poder público e as concessionárias com papel central: restabelecer acessos, infraestrutura e serviços concedidos em pouco tempo será imprescindível para minimizar os prejuízos. E se pro curto prazo as obras emergenciais serão cruciais, pro longo é imprescindível que pensemos desde já em soluções definitivas e bem planejadas. A obra emergencial de hoje não pode substituir a obra bem planejada do futuro, sob risco de criarmos graves gargalos logísticos na região – ao invés de aproveitar a crise para resolver os antigos.
O Vale do Taquari, conhecido por sua diversidade econômica e sua resiliência à crises, terá que ser ainda mais forte para dar a volta por cima. O momento é doloroso e o curto prazo se desenha complicado. Mas se nos sobram motivos de preocupação, também nos devem sobrar razões para acreditar que o Vale é capaz de superar tudo isso e sair ainda mais forte. Só que isso não acontecerá sem decisões acertadas, sem muito trabalho e cooperação entre cidades, empresas e pessoas. Em frente Vale do Taquari. Enfrente!