A tragédia anunciada

Opinião

Carlos Schäffer

Carlos Schäffer

Advogado

A tragédia anunciada

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O mundo evoluiu e se transformou. Embora o futuro esteja aberto à grandes realizações, neste país parece que algumas personalidades que nos governam vivem no passado remoto, e não tem a menor noção do que isso possa significar.

O Vale do Taquari, todo o Estado, vive a maior tragédia da sua história. Todas as cidades foram fortemente atingidas pelos efeitos das enchentes. Muitas delas destruídas quase completamente. Centenas de vidas perdidas, inúmeras pessoas desaparecidas. Afora as vidas, famílias que perderam tudo o que conseguiram construir durante toda uma vivência de trabalho estão agora desabrigadas, dependendo de favores.

Aproveito a oportunidade para enaltecer todos, todos mesmo, os que estão trabalhando e nos ajudando a enfrentar essa crise. Se não fossem vocês, estaríamos numa situação muito pior.

E o que vemos? Vemos ambientalóides que se arvoram em protetores do meio ambiente – mas que não protegem nada, – atribuírem a culpa dessa desgraça ao desmatamento da mata ciliar, ao “pum” das vacas, a grande quantidade de automóveis, ao aquecimento global, e praticamente defendem que voltemos a viver no tempo das cavernas.

Nós sabemos bem quem são os culpados. Não queiram arrogantemente nos dizer quem são.

Na entrevista das “autoridades” do “gabinete de crise” montado pelo governo estadual para administrar a situação caótica em que nos encontramos, todos falaram que a prioridade era salvar vidas. Ninguém discute isso.

No entanto, não ouvi ninguém falar sobre a criação de um “gabinete de soluções”. Preocupam-se em “discutir” os efeitos da crise, mas não se dignam sequer a dialogar sobre uma solução antecipada do problema, tipo: o que fazer efetivamente para resolver a adversidade que causa as enchentes. Vou contar para vocês uma história:

Júlio César, quando era general durante a Guerra Gálica (entre 55 e 53 a.C), mandou construir duas pontes sobre o rio Reno. O comprimento da primeira ponte tem sido estimado em 140 e 400 metros, com uma largura de 7 a 9 metros. A profundidade do rio era de 9,1 metros. A ponte foi construída com a madeira cortada das margens do rio pelos soldados. Construíram a ponte em menos de dez dias. No livro IV de seus “Comentários”, César descreve os detalhes de como a construiu. Fez isso acontecer mais de dois mil anos atrás. Só imaginem com que equipamentos.

Na virada para o século XIX, com a industrialização provocando um grande aumento na população urbana de Paris, novas obras de abastecimento fizeram-se necessárias. Em 1802, Napoleão Bonaparte ordenou a escavação de mais de cem de quilômetros de canais que trariam água limpa de rios da região diretamente para o centro da cidade. Um trecho do Canal de Saint-Martin, dentro de Paris, foi escavado com maior largura, para funcionar como um porto de carga e descarga do comércio fluvial regional. E fez isso acontecer, escavou um canal de mais de cem quilômetros, duzentos e vinte e dois anos já passados. Imaginem de novo com que equipamentos ele fez isso.

E nós, em pleno século XXI, com toda a tecnologia que temos, não conseguimos controlar os nossos rios.

Diante do desastre que nos abate, o que o Brasil precisaria agora era de um grande líder que assumisse o controle dessa situação e dissesse: SALVEM-SE AS VIDAS E RECONSTRUA-SE TUDO (cidades, pontes, estradas, indústria, comércio, hospitais, postos de saúde, escolas, casas para os desabrigados, etc.) E NÃO INTERESSA QUANTO VAIS CUSTAR.

Mas lamentavelmente esse grande líder não existe.
Aqui no Brasil, faltam Césares e Napoleões, mas sobram inutilidades.

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