Em meio à ajuda humanitária, o desafio de repensar habitações

RECONSTRUÇÃO

Em meio à ajuda humanitária, o desafio de repensar habitações

Aliada das gestões municipais e estadual em setembro, Univates deve colocar novamente a disposição equipes das áreas de engenharia e arquitetura no auxílio a elaboração de projetos. Só Cruzeiro do Sul já anunciou planos para aquisição de área às futuras moradias

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Atualizado quinta-feira,
09 de Maio de 2024 às 09:46

Em meio à ajuda humanitária, o desafio de repensar habitações
Foto: Arquivo A Hora
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Oito meses após a enchente de setembro, famílias vivem novamente o drama da perda de suas casas. E em um número ainda maior. Cidades onde o nível do Rio Taquari atingiu marcas históricas, como Lajeado, Estrela, Arroio do Meio e Cruzeiro do Sul, tiveram bairros devastados. Com isso, o desafio da reconstrução se torna ainda mais complexo.

Num primeiro momento, o foco de autoridades, órgãos de defesa e segurança e de voluntários se direciona à ajuda humanitária, além do restabelecimento de serviços básicos e acessos entre municípios e localidades. No entanto, profissionais e especialistas se movimentam no sentido de projetar futuras habitações às pessoas impactadas.

Parceira de governos municipais e do Estado no episódio de setembro, a Univates estará mais uma vez na linha de frente. A equipe do Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo (Semeia-Emau) se mobiliza para auxiliar as administrações. O cenário mais amplo, com boa parte da região atingida, aumenta o trabalho.

“Essa parte de reconstrução habitacional demanda algumas análises e diagnósticos dos municípios afetados. Nós estamos engajados a auxiliar em diversas frentes e pensar, por exemplo, possibilidades de casas que sejam feitas de modo muito rápido, com tecnologias alternativas”, pontua a coordenadora do Semeia-Emau, Jamile Weizenmann.

Agilidade

Um dos objetivos da assessoria prestada pelo Semeia-Emau é de que as novas habitações sejam construídas de forma ágil e também garantam a segurança das pessoas. “E que também possam ser casas permanentes em termos de qualidade. Por isso, vamos ajudar os grupos a pensarem sobre isso e buscar recursos, tanto federais quanto da iniciativa privada”, comenta Jamile.

Em 2023, o escritório acompanhou equipes técnicas dos municípios para definição de áreas que receberiam as novas moradias. São territórios distantes da margem do rio e fora das zonas de risco de inundações.

“Ainda precisamos de imagens de cima, daquelas de satélites ou de drones, para começarmos uma ajuda aos municípios na confecção de documentos. Como o cenário é mais amplo, ainda pensamos como poderia ser a estratégia de atuação, com diferentes parceiros de outros locais”.

Bairros destruídos

Áreas de municípios que foram totalmente devastadas pela cheia devem ser repensadas, segundo Jamile. Um exemplo é o Passo de Estrela, um dos bairros mais populosos de Cruzeiro do Sul, onde a maioria das edificações ruíram com a força da correnteza.

“Essas áreas precisam ser reflorestadas, com uma ação muito forte na recomposição dessa mata ciliar. E, na sequência, precisam de algum tipo de fomento para que sejam ocupados por espaços públicos, como parques”, cita, destacando o exemplo do Parque Ney Santos Arruda, em Lajeado. “Por mais que tenha danos, ele serve para absorver essa água”.

Situações nos municípios

Ainda não há dados concretos sobre a quantidade de propriedades destruídas na maioria dos municípios afetados pela cheia. Governo e Defesa Civil de Bom Retiro do Sul divulgaram um levantamento preliminar ontem. Pelo menos 37 moradias na localidade de Beira do Rio foram devastadas.

O levantamento dos danos foi possível após o recuo total das águas do rio Taquari, quando a ERS-129 e a estrada principal do Faxinal começaram a receber os serviços de máquinas pesadas para desobstrução das vias pelos entulhos.

Em Cruzeiro do Sul, o prefeito João Dullius anunciou a aquisição de uma área para construir casas às famílias atingidas. “Juntamente com os vereadores, decidimos que não vamos esperar pelo governo federal. Vamos adquirir imediatamente uma área nova para alocar essas pessoas”. O local escolhido deve ser nas imediações do bairro Célia, próximo à ERS-130.

Após o episódio de setembro de 2023, o governo gaúcho prometeu 200 casas provisórias, numa parceria com o Sinduscon. As primeiras foram entregues apenas em abril, em Arroio do Meio. Já o governo federal oficializou mais de 500 moradias pelo Minha Casa, Minha Vida Calamidade, sendo 360 para áreas urbanas e o restante para unidades rurais.

R$ 3,4 bilhões

São os prejuízos no setor habitacional no RS até o momento.

Balanço da população fora de casa

Lajeado

  • 1,2 mil abrigados
    (O governo inicia o cadastramento de pessoas que tiveram suas casas atingidas pela enchente e estão alojadas junto a parentes e amigos);

Arroio do Meio

  • 13 mil pessoas atingidas
  • Mais de 400 pessoas nos abrigos

Venâncio Aires

  • 265 pessoas abrigadas em três locais
  • 23 mil pessoas atingidos
  • Cerca de 8 mil pessoas seguem fora das suas casas.

Estrela

  • 8 mil pessoas desalojadas
  • Cerca de 700 pessoas nos abrigos

Muçum

  • 208 pessoas em oito abrigos
  • Mais de 650 pessoas em casas de amigos e parente

Roca Sales

  • 145 pessoas nos abrigos do município

Bom Retiro do Sul

  • 11 pessoas em abrigos
  • Mais de 2,5 mil pessoas afetadas

Cruzeiro do Sul

  • Mais de 5,2 mil pessoas estão fora de suas casas

Teutônia

  • 150 pessoas fora de suas casas
  • Destas, duas estão em abrigo

Encantado
(*) A reportagem não obteve informação até o fechamento desta edição.

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