Em Bom Retiro do Sul, moradores das comunidades do interior que foram atingidos pela enchente estão deixando as casas para residir em pontos não alagáveis, como é o caso de Regina Dornelles, 72, de Pedreira.
Ela, que viveu toda na vida na comunidade, testemunhou não apenas a tragédia atual, mas também as mudanças no ambiente ao longo dos anos. “Eu me criei aqui sabendo que o pai naquele tempo não tinha relógio, ele não tinha rádio, não tinha nada, e aí eu me criei vendo o pai cuidando da natureza”, relembra, destacando a conexão profunda que a família tinha com a terra e os elementos naturais ao redor.
Antes mesmo da última enchente, Regina havia pressentido o desastre iminente. “Já estava notando que alguma coisa ia vir”, conta, baseando-se em na observação cuidadosa dos padrões naturais. Sua previsão não falhou. Quando as águas subiram, ela e sua família tiveram que agir rapidamente para proteger o que podiam. “Essa vez nós colocamos tudo no segundo piso da casa, mas não foi o suficiente, perdemos tudo, mas, dessa vez, deixei a casa e me protegi antes da água subir.” descreve.
Residindo em casa de familiares, Regina e seu marido encontraram uma residência para alugar no centro de Bom Retiro do Sul. “Enchente não me pega mais aqui”, declara.
Apesar da dor da perda, comenta que transformará o espaço em uma casa no campo para passear aos fins de semana. “Vou deixar aqui a casa com umas coisinhas, de vez em quando a gente vem pra passar um fim de semana ou durante a semana, quando dá saudade”.