A catástrofe nossa de  cada dia

Opinião

Marcos Frank

Marcos Frank

Médico neurocirurgião

Colunista

A catástrofe nossa de cada dia

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“Para evitar a catástrofe, primeiro é preciso acreditar na sua possibilidade. É preciso acreditar que o impossível é possível. Que a possibilidade sempre espreita, inquieta, debaixo da carapaça protetora da impossibilidade, esperando o momento de irromper.” Essa frase do filósofo polonês Zygmunt Bauman expõe com clareza o atual momento pelo qual passamos. Após três eventos catastróficos em menos de um ano nos deparamos novamente com nossa incapacidade de lidarmos adequadamente com eles.

Isso significa que no fundo não soubemos ainda nos preparar para às catástrofes naturais, no caso do Vale do Taquari.

Com vários municípios sendo atingidos ao mesmo tempo fica claro que a liderança e o comando das ações deva ser da autoridade maior do Estado, preferencialmente de forma prévia ao início dos acontecimentos.

Já no dia 25 de abril de 2024 a empresa de meteorologia Metsul já advertia: “Cenário de perigo por chuva excessiva semelhante aos extremos de 2023: Volumes de chuva excessivos a extremos são esperados no Sul do Brasil em condição de perigo parecida com as das enchentes do ano passado.”

Mesmo sabendo disso falhamos na evacuação das áreas de risco. E aqui temos uma importante lição: na próxima vez ( sim, haverá uma próxima vez) a evacuação deverá ser mandatória e não opcional. Essa talvez seja a medida mais importante para salvar vidas.

Se essa decisão não for tomada , o passo seguinte passaria a ser ter barcos e helicópteros em quantidade suficiente para retirada das pessoas ilhadas.

Para que isso ocorresse haveria necessidade de coordenação entre autoridades estaduais e federais, afinal é essa última que detém o comando do exército e da aeronáutica.
Não possuo autoridade ou conhecimento para avaliar a extensão dessas medidas no presente caso, mas a quantidade de equipamentos e homens me pareceu insuficiente e tardia.
Finalmente entra o papel dos prefeitos e demais autoridades municipais de liderar seus munícipes e preparar os locais onde serão atendidos aqueles que precisarão sair de suas residências.

Passado essa fase, vira a reconstrução que como já percebemos será ainda maior que aquelas de 2023. Espera-se agilidade, proatividade, recursos suficientes e a ausência de circos políticos.

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