Estudo desenvolvido por pesquisadores da Univates, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e do Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM) será apresentado amanhã a representantes do governo de Lajeado. A atividade ocorrerá no LabiLá, às 16h. O trabalho consolida uma revisão nos dados das cheias que atingiram o Rio Taquari.
Pelo estudo, a enchente de setembro de 2023, considerada o maior desastre natural da história do Vale do Taquari, passa a ser a maior da história. Já a inundação de dois meses depois se torna a segunda colocada. Ambas superam a cheia de maio de 1941, considerada, por décadas, a pior já enfrentada na região.
Um dos responsáveis pela pesquisa, o professor Rafael Eckhardt lembra que, inicialmente, se projetava uma análise sobre a cheia de 1941, com a reconstituição do episódio, até hoje lembrado na cidade. “Toda essa ideia, no entanto, foi atropelada pela enchente de setembro. E, por visualizações e relatos, percebemos que ela foi maior do que aquela”, frisa.
O nível revisado da enchente de setembro do ano passado ficou em 28,98 metros, enquanto a de novembro, com 28,39 metros, superou a de 1941 por sete centímetros. Já a de 2020, que chegou a ser a maior em 60 anos, fechou em 26,84 metros e é a quinta maior da história, atrás ainda da de 1956.
Além de Eckhardt, também conduziram a pesquisa a professora Sofia Royer Moraes, da Univates, o professor Valter Collischonn, da Ufrgs, e Franco Turco Buffon, gerente de Hidrologia e Gestão Territorial na Regional de Porto Alegre do SGB/CPRM.
Fragilidades
De acordo com o estudo, a revisão dos dados se mostrou fundamental em virtude do monitoramento sistemático do nível de água do Rio Taquari apresentar algumas fragilidades. Cita registros fragmentados em função da criação e extinção de pontos de medição.
“Em consequência disto, a elaboração e análise de uma série de dados homogênea e consistente é mais complexa do que seria caso as medições tivessem sido realizadas sempre no mesmo local, com a mesma metodologia. (…) Por outro lado, em Lajeado, existe a disponibilidade de uma fonte adicional de dados, que são os registros não sistemáticos”.
As comparações revelam que a maior parte das marcas de cheia encontradas no pilar do prédio do Colégio Evangélico Alberto Torres (Ceat), no Centro, é consistente com as observações nos postos fluviométricos e no Porto de Estrela. “A única exceção é a da cheia de 1940, que está posicionada, no pilar do Ceat, mais de dois metros acima de onde deveria estar”.
Elevações
O estudo apresentado pelos pesquisadores também aponta que 2023 foi um dos anos com maiores elevações do nível do Rio Taquari. Ao todo, foram sete ocasiões em que o nível do Taquari passou dos 17 metros, sendo que seis deles alcançaram os 19 metros, cota de inundação entre Estrerla e Lajeado.
Com isso, 2023 se iguala aos anos de 1983 e 1984, que também registraram sete elevações do rio em 12 meses. No entanto, naquele período, o Taquari alcançou, no máximo, a marca de 24 metros.
Ainda, os pesquisadores salientam que as altitudes ortométricas do nível de água são válidos para o trecho do Taquari, entre o Centro de Lajeado e o Porto de Estrela. Elas se baseiam no nível do mar. Com isso, os níveis anteriores tiveram uma redução em 55 centímetros.
Maiores cheias
1º – Setembro de 2023 (28,98m)
2º – Novembro de 2023 (28,39m)
3º – Maio de 1941 (28,32m)
4º – Abril de 1956 (27,26m)
5º – Julho de 2020 (26,84m)
7º – Outubro de 2001 (26,35m)
8º – Julho de 2011 (26,30m)
9º – Outubro de 2008 (26,10m)
10º – Junho de 1990 (25,9m)
As enchentes de 2023
(com dados revisados)
– 17 de abril: 17,66m
– 13 de julho: 21,65m
– 5 de setembro: 28,98m
– 8 de outubro: 20,97m
– 13 de outubro: 19,36m
– 18 de outubro: 19,73m
– 19 de novembro: 28,39m