Uma década de coragem e prospecção

MEDICINA UNIVATES

Uma década de coragem e prospecção

Curso de Medicina da Univates completa 10 anos neste mês e mostra impactos positivos da formação de novos médicos para a comunidade, além do desenvolvimento das estruturas e serviços de saúde oferecidos na região

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Uma década de coragem e prospecção
Ao longo dos anos, universidade já formou 220 médicos. Hoje, 585 estudantes frequentam o curso. Na foto, aluna da primeira turma, Isabela, e a estudante em formação, Manoela. (Fotos: Bibiana Faleiro)
Lajeado

Em uma cidade que até então não era o foco de estudantes da saúde, mas que já possuía estrutura para a oferta de serviços na área, 25 jovens de diferentes partes do Brasil ingressam na universidade em 2014. Motivados pelo sonho de se tornarem médicos e com as boas notas no Enem, foram chamados para compor a primeira turma de Medicina da Univates. As aulas iniciaram em 22 de abril daquele ano e, uma década depois, não só eles, como Lajeado e a região, colhem os frutos dessa nova faculdade que abria na instituição.

Em 10 anos, 220 profissionais já foram formados pelo curso e muitos atuam, hoje, nas comunidades da região. “Inúmeros fatores influenciam nesse crescimento da saúde regional, mas com certeza o curso de Medicina é um dos principais”, destaca o presidente da Fundação Univates, Ney Lazzari, que era reitor da universidade na época.

Ele conta que alguns anos antes, o incentivo do Governo Federal para que as universidades comunitárias investissem em cursos de Medicina e na formação de novos médicos, motivou a Univates a pensar no projeto. A instituição não tinha certeza sobre as condições de abrir o curso, mas com o aval do governo e com o sinal positivo de especialistas de fora do estado para a proposta, entre 2011 e 2012, o processo de elaboração do curso iniciou.

Estrutura da universidade permitiu a prática do curso e aproxima estudantes dos serviços de saúde regionais. (FOTOS DIVULGAÇÃO)

O projeto foi enviado ao Ministério da Educação (MEC), em Brasília, no fim de 2012 e, um ano depois, veio a autorização para 50 vagas. “A gente pedia já no início 60 vagas, e conseguimos 50. Foi conversado que era pouco, o curso caro. Mas o secretário da época disse que para ter mais, era necessário outro processo mais demorado. Então aceitamos e, dois anos depois, aumentamos para 80”. Naquele período, também foi feito o reconhecimento do curso pelo MEC.

Já entre 2021 e 2022, a universidade ainda aumentou as vagas para 116. Hoje, são 585 alunos do curso, 117 professores e 101 preceptores.

Em busca de professores

A elaboração do curso iniciou pelo menos três anos antes, quando o médico, mestre em educação e professor de anestesiologia, João Batista Pozzato, foi contatado pela direção da Univates e veio de Vitória para uma vistoria.

Pozzato fez um levantamento para verificar as condições da universidade, da cidade e da região, com as estruturas dos hospitais e unidades de saúde. “Fiz uma análise dos dados, elaborei um relatório e encaminhei para a reitoria, informando que, com certeza, existiam plenas condições para a implantação do curso na cidade”, lembra.

Uma vez estruturado o curso, a Univates tinha um novo desafio: encontrar profissionais qualificados para ensinar. O professor de biologia aposentado, Raul Roberto Stoll participou dessa estruturação, na época em que atuava entre a coordenação da área da Saúde na Univates. Ele ressalta que quando uma universidade se apresenta diante do MEC e se propõe a criar novos cursos, a instituição é submetida a uma série de critérios de avaliação.

A Univates já possuía cursos da saúde e a implantação da Medicina exigiu adaptações e busca por profissionais

“Não basta querer. É preciso demonstrar que atende a todos os quesitos necessários”. Além da vontade interna institucional, era preciso apoio regional. Também era necessário mostrar que não apenas Lajeado, mas o Vale do Taquari como um todo acreditava ter condições de ter um curso como este.

“Foi com o objetivo de convidar médicos das diversas especialidades a se aproximarem da Univates, que visitei 86 profissionais. Todos muito atenciosos, aceitaram refletir sobre a possibilidade de participar da construção e consolidação de um excelente curso”, relembra Stoll. A maioria dos profissionais visitados respondeu de forma positiva ao convite de se tornarem professores, e muitos ainda integram as equipes de trabalho depois de 10 anos.

Residências da Univates:

  • Clínica Médica
  • Medicina de Família e Comunidade
  • Medicina de Emergência
  • Ginecologia e Obstetrícia

Univates e HBB

Naquela época, o nível terciário de saúde, que corresponde aos hospitais, já era forte na região, com residências médicas e alta complexidade. A UPA foi inaugurada 40 dias antes da primeira aula do curso de medicina e já havia uma rede de Unidades Básicas de Saúde (UBS) na região.

Esses foram fatores favoráveis à implantação do curso, conforme conta o vice-presidente do HBB, Marcos Frank. O médico destaca que, na época, o hospital já tinha iniciado o processo de formação de médicos residentes, mas a Medicina fez com que esse processo fosse ampliado para receber com mais qualidade os estudantes.

“Enxergávamos como essencial o convívio entre médicos residentes e internos no processo de formação médica”, reforça. Segundo Frank, a partir disso, foram criadas e aprovadas as residências de clínica médica, cancerologia, psiquiatria, intensivismo e medicina de urgência que elevaram o nível de resolução do HBB.

Por outro lado, recursos vindos da universidade permitiram ao hospital concluir o Centro de Tecnologia Avançada, além de ampĺiar os serviços e atender os pacientes com mais conforto.

Os cenários de ensino ainda qualificaram muitas unidades de saúde na região, assim como a UPA regional. Apesar do desenvolvimento da área possibilitado a partir do curso nos últimos 10 anos, o médico acredita que ainda há muito o que ser feito. Um exemplo é ampliar as consultas de especialistas e melhorar o sistema de marcação de consultas dos postos de saúde.

Primeiros formandos

Em uma década, universidade também amplia serviços à comunidade

A formatura dos 19 primeiros médicos da Univates foi marcada para 21 de dezembro de 2019. Isabela Borella da Silva, 30, estava entre os formandos. Natural de Joaçaba, veio a Lajeado para iniciar os estudos, com a vontade de transferir o curso para uma cidade mais próxima de onde morava, em Santa Catarina, e acabou ficando na cidade. “Com menos de um mês aqui, e estudando na Univates, me senti super acolhida e ‘em casa’, e não quis mais transferir”, conta.

Com residência em Clínica Médica no HBB, hoje ela é plantonista da emergência e da UTI adulto do hospital. Além de preceptora do curso de medicina da Univates. Apesar do caminho trilhado, ela conta que o início foi de incertezas.

“Brincamos que ‘tudo era mato’. No início, tínhamos alguns medos, justamente por ser a primeira turma, mas sempre tivemos contato direto com a coordenação do curso e professores, o que nos deu mais confiança no processo”.

Dados do curso de Medicina semestre A/2024

  • Alunos: 585
  • Professores: 117
  • Preceptores: 101 (responsável por orientar e acompanhar o desenvolvimento de estudantes, como médicos residentes)
  • Egressos: 220
  • Médicos residentes da Univates: 14

Para o futuro

Na metade deste ano, a 10ª turma do curso se forma e outros estudantes se preparam para se tornarem médicos nos próximos semestres. Manoela Teixeira, 21, faz parte da 13ª turma e termina os estudos no fim de 2025.

Moradora de Lajeado, ela conta que a certeza da profissão surgiu só depois de entrar na universidade e iniciar as aulas práticas. Antes disso, sabia que queria a área da saúde e, com a possibilidade de entrar na Medicina da Univates com a nota do Enem, resolveu arriscar.

As aulas iniciaram em 2020 e, alguns semestres depois, a estrutura do curso e da instituição a fizeram sentir segura com a escolha. “Eu gosto muito daqui. Temos esse contato desde o início com as instituições de saúde, vamos nos acostumando com os atendimentos, os pacientes, todo o sistema de saúde, como a legislação do SUS funciona, a gente vê de tudo”, afirma.

Apesar de ainda não ter decidido a residência que quer cursar, Manoela já estuda para as provas e diz ter mais gosto pela UTI e emergência.

Para além do Vale

Agora, a Univates também trabalha para a implantação do curso de Medicina em Bento Gonçalves. O projeto está em trâmites com o MEC, mas o Tacchini Sistema de Saúde e a universidades já firmaram contrato para a abertura do primeiro curso de Medicina na cidade.

O campus da instituição no município fica na rua Portugal, no bairro São Vendelino. O prédio de quatro andares abrigará, inicialmente, as aulas de Medicina, mas outros cursos da área da saúde poderão ser implementados no futuro.

Dez anos depois

  • 2011
    A Univates começou a estruturar o curso de Medicina, com o incentivo do Governo Federal para a abertura de novas faculdades no país;
  • 2012
    A Instituição envia a proposta do curso ao Ministério da Educação (MEC) em Brasília;
  • 2013
    O MEC autoriza a abertura de 50 vagas para a Medicina;
  • 2014
    Em 22 de abril, começam as aulas da primeira turma do curso;
  • 2016
    Univates consegue a ampliação de 80 vagas para o curso e inaugura o Centro Clínico;
  • 2019
    Formatura da primeira turma e inauguração da Unidade Básica de Saúde (UBS) Universidade. Também neste ano, a Univates passa a prestar o serviço de administração da UPA;
  • 2021
    Inauguração do Laboratório de Análises Clínicas Univates;
  • 2022
    Univates amplia vagas para 116;
  • 2023
    Laboratório Univates passa a contar também com uma sala de coleta de exames no andar térreo do HBB;
  • 2024
    Curso de Medicina completa 10 anos. Univates busca autorização para abertura do curso em Bento Gonçalves.

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